Trago-te hoje uma breve reflexão sobre as perdas sociais devidas à adoção do mecanismo de mercado para a agregação das preferências societárias. Como sabemos, as alternativas são o estado e a comunidade, que também incidem em seus custos repassados à sociedade. Mas, claro, o mercado é a forma que se impõe mais facilmente devido a seus incontestáveis méritos relativamente às demais. Não que seja absoluto, bem o sabemos hoje em dia (e nossos antepassados profissionais nem sempre o souberam).
No caso, quero falar de uma rima que fiz há tempos e que apenas agora decidi informar-te, querido diário. Em qualquer curso de economia de empresas (ou mesmo de microeconomia), a gente estuda o famoso triângulo de Haberler, mostrando decompondo-o em excedente do consumidor (e o do produtor), lucro da empresa e fração que não é apropriada por ninguém, ou seja, é pura perda. Isto é assim.
Além disto, e começo a filosofia econômica, devemos acrescentar a esta perda o custo (em geral, comum com o custo da ação do governo na forma de rent seeking) de obtenção do monopólio. Ou seja, haverá casos de monopólios naturais e haverá outros cuja posição é conquistada precisamente por meio de manobras que custam dinheiro.
Por fim, e aí está a novidade para mim, é que me dei conta de que um custo de utilização do mercado mesmo nos mercados de concorrência pura, é aquele devido às sucessivas entradas e saídas de capitais (empresas) que levem à determinação do preço e quantidades socialmente ótimos.
DdAB
P.S.: também parece óbvio que toda a atividade de rent seeking, além de ser uma tradicional falha de governo, também repercute na avaliação do desempenho do mercado, pois o suborno que um empresário faz a um governante é, obviamente, recurso retirado da produção mercantil.
P.S.S.: a imagem, que se chama "Criatividade", veio de empréstimo daqui. E me inspirou por levar-me a pensar: a) o mercado como centro de gravidade; b) o mercado como pluralidade de centros de gravidade, ou até que há três centros de gravidade (mercado, estado, comunidade).
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