Eu Aluno


INÍCIO
Praticante de uma ciência empírica, vez-que-outra orgulhoso de fazê-lo, até, ouvi com certo espanto o depoimento de meu querido ex-aluno e agora médico, dr. Marcelo Chapper, que teria dito ter-me ouvido dizer: "Meu interesse pela realidade é apenas parcial". Não lembro de tê-lo dito, mas adoraria dizê-lo. Na verdade, da contradição entre interesse e desinteresse é que surge a parcialidade com que enfrento e sugiro que os demais colegas, alunos e professores também enfrentem a realidade realmente real (Carlos Roberto Cirne-Lima e Richard Rorty). Berkeleynianamente, parece-me cada vez mais que o mundo da realidade imaginada é que determina nossa própria percepção do que é a realidade realmente real ou, o que economistas designam como "resto do mundo". Bactérias não dizem alto e bom som que a atividade pensante é a motora da ação, mas nós, pérolas da evolução planetária, dizemos, e daí? Pois temos consciência de um número expressivo de nossas necessidades, ainda que não tenhamos consciência de que elas -bactérias- também possam ter o que Abraham Maslow batizou como necessidades superiores.

LIMITES DO CONHECIMENTO
Sílvio dos Santos, ele próprio um matemático de talentos superiores e meu tradicional professor, declarou sua condição a um motorista de táxi que disse: 
"Que legal, também tive um bom professor, pois sei tudo de matemática."

A Filosofia nunca chega com suficiente vigor a meus olhos, deixando-me sempre com a sensação de "quero mais." Além da Filosofia Política, da Filosofia da Odontologia Baseada em Evidência e da Filosofia da Educação, penso em estudar a Filosofia da Ciência, a Filosofia da Miséria, a Miséria da Filosofia, os Grundrisse etc., mas isto fez-me fugir do assunto. Lá na Página Inicial, há várias postagens em que faço brincadeiras com minha condição de doctor of philosophy e meu interesse na matéria, declarando-me um iniciante, em busca de um improvável título de doutor em filosofia.

Sumários das Revistas Brasileiras (criado pela Universidade de Austin - Texas), mas há um bom bench-mark brasileiro em www.ufrgs.br/bibeco. Neste caso, precisamos saber precisamente quem são os Qualis A, B, C etc., outras qualis, o resto das revistas, os endereços eletrônicos e as instruções para os colaboradores.

Catálogos das Editoras: alguns livros novos devo comprar a cada cinco anos: Economia do Desenvolvimento, Microeconomia, Macroeconomia, Economia de Empresas, Jogos-Decisão. Busco ver como o campo tem evoluído.

Sempre lembrar de meu compromisso público de ler periodicamente:


WRIGHT-MILLS, C. [Carl] (1972) Do artesanato intelectual. In: ______ A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar.

E o livro de protocolos para a pesquisa acadêmica que publiquei sozinho e teve a primeira edição esgotada recebeu sua segunda edição revista e ampliada em 2012. Na verdade, ocorreu uma transformação radical: entrou Brena Paula Magno Fernandez como co-organizadora, entraram e saíram capítulos, e ficou tudo muito mais maneiro, como se pode aquilatar iniciando aqui.

Outra forma de controlar a evolução do conhecimento nas áreas que nos atingem, convém examinar materiais de referência: Bibliografias; Índices; Dicionários. Dos Cadastro de Instituições de Pesquisa vêm excelentes oportunidades de estudá-las etc., principalmente as que financiam e não priorizam absolutamente os pares-amigos, pois estas são reservadas aos rapazes acolherados com o poder.

TRÊS ESQUEMAS DE REALIZAÇÃO AMPLIADA
:: Primeiro esquema: uma das atividades que mais me encantaram enquanto aluno foi a visita guiada a fábricas, fazendas, escritórios promovida por professores de meu curso de graduação. Eu tentei imitar esse tipo de prática, mas hoje, olhando para trás, vi que fiz muito menos que deveria. Uma visita anual a fábrica, fazenda etc. permitiria oferecer seminário aos próprios  ocupantes da fábrica e pedir-lhes outro com a situação da indústria. Criar arranjos para convidar alunos, associando-me a professores ativos.

:: Segundo Esquema
Indivíduo x Cidadão 
(indivíduo: corpo, família, amigos, trabalho etc.); 
Cidadão (eleitor, decisores da política). 
Francis Bator, creio, foi quem me chamou a atenção pela primeira vez sobre este corte. Surpreso fiquei ao aprender, em pleno 2008, que Jorge Luiz Borges já escrevera isto em 1934 or so. Vim a entender que o indivíduo pode praticar a vingança, ao passo que o cidadão anseia por justiça.

:: Terceiro Esquema: 

Introdução à Economia: estudante; professor.
.::. mercado e política
.::. como estudar (trabalho) ; como descansar (lazer)
.::. ciência e outras formas de trabalhar o conhecimento
.::. alocação de recursos e conflitos de poder.



MEUS PROFESSORES
Aluno de pedigree (menos pelas notas, mas principalmente pelo olhar instigante...), tenho claro que um de meus grandes patrimônios foi o conjunto de professores instigantes -eux mêmes- que tive ao longo de minha carreira discente. Claramente, aqui haverá inúmeras injustiças, pois -por mais que eu possa forçar a memória-  hei de omitir nomes de gente que me ensinou coisas. Para não falar do anônimo, que ensinou-me sem saber que o fazia. Neste caso, por exemplo, encontra-se um camelô nordestino que vi falando em plena Rua da Praia, digamos, em 1984: "A experiência é o espelho da realidade." Achei-o, diria hoje, um dos precursores da teoria da divisão do mundo em R^3 (realidade realmente real) e R'i (mundo da realidade imaginada). Não vou falar no destaque negativo, pois casos de polícia os há galore na prática do magistério.

Hugo Ramirez (História), Hélio Riograndense (Física), Layr Ceroni (Biologia), Idália de Freitas Lima (Português), Iracema de Alencar (Português), Humberto Gessinger (Francês), Walter Hahn (Economia), Haralambos Simionidis (Economia), Antonio Carlos Fraquelli (Economia), Julia Hebden (Econometria), Adalberto Alves Maia Neto (Filosofia da Ciência Econômica), Andrew Glyn (Economia), Rosemary Thorpe (Economia), Hermínio Martins (Filosofias da Ciências Sociais), Aaron Dehter (Economia), Carlos Augusto Crusius (Econometria), José Carlos Grijó (Estatística), Alfredo Steinbruch (Matemática), José Teixeira Baratojo (Matemática), Francisco Machado Carrion Jr. (Economia), Ney Pinheiro (Economia), Chris Freeman (Economia), Cláudio Accurso (Economia).



MEUS CHEFES
Inair da Silveira; Carlos Nardi, Dorvalino Panassolo, Wilson Alzaibar Babot (metódico, generoso, paciencioso), Rudi Braatz, Edi Madalena Fracasso (pelo que entendo, "fracasso", em italiano, quer dizer "barulhenta"...), Walter Hahn, Mário Baiocchi, Eugênio Lagemann, Haralambos Simionidis, Pedro Antonio Vieira e Renato Ramos Campos. Na PUCRS, fui contratado e bem convivi com Carlos Nelson dos Reis por quase dez anos.



MEUS COLEGAS (fora milhares de outros cujos nomes evadem-se na noite do olvido)
Porto Alegre: Cláudio Cavalieri Machado.
Campo Grande: Moacyr Ingá, Nilson Pereira, Paulo Bergo, Ricardo Lino Zardo, Oswaldo Santullo.
Jaguary: Abrilino Clodomiro Brum, Anita Elisa Gampert, Beatriz Mann, Doroty Mann, Dinei Adriana Oliveira, João Carlos de Almeida, Maria Luiza Mann, Mauro Nogueira Oliveira, Paulo Marchiori Buss, Léo Bisognin,
Porto Alegre:
Colégio Estadual Júlio de Caudilhos:
1962: Pascual Pinkoski, João Batista de Almeida (que notabilizou-se em todo o andar do colégio por saber de cor o número pi com suas primeiras 100 casas decimais), Antonio Carlos Verçoza, Antonio Marius Bagnatti, Carlos Leonardo Guimarães, Eizo Ito, Gilberto Zanetti, Gilberto Pacheco, Gilberto Negrini, Henrique Reguli, Hiram Domingues, João Carlos Pellini, José Carlos Ruano, Luiz Carlos, Moacir Bulcão, Rogério Vieira.
1963: Sérgio Santiago, Roberto Wagner.
1964-6: César de Lorenzi, César Langaro, César Antonio Leal, Adalberto Alves Maia Neto
1969-1972: Câmara dos Vereadores de Porto Alegre
Fomos seis candidatos aprovados no concurso para auxiliar de portaria: César Borges Fernandes, Fernando Ozanan de Franceschi, Joel José Cândido, Josué Machado e Sidney Ribeiro Catalan.
Faculdade de Ciências Econômicas/UFRGS (1968-1972):
Antonio Ernani Martins Lima, Cláudio Eckardt, Cláudio Sant'Anna Lorandi, Cristiano Roberto Tatsch,  Otília Carrion, Áurea Correa de Miranda Breitbach, Ivan Dornelles Conceição (amigão, amigão!), Cirilo Schmitt, Maria Lúcia Leitão de Carvalho, Marinês Zandavalli Grando, Mark Ramos Kuchik, Oswaldo Mano, Rubens Soares de Lima, Sérgio Fischer, Simon Nhuch.
Mestrado em Economia/UFRGS (1975): 
Terezinha Bello, Lois Roberto Westphal, Ana Lúcia Lage (também do Clube 8 de Julho), Astério Grando, Brenda Moreno, Mineiro de Minas, Paulo de São Paulo, Maria Perez Figueiredo.
UFSC: Lois Roberto Westphal, Gerônimo Machado, Pedro Antonio Vieira, Renato Ramos Campos, Carmen Gelinski, Francisco Gelinski, Elisabeth Simão Flausino, Hermes Zapelini (que me facilitou a transferência UFSC-UFRGS em 1981), José Antonio Nicolau, Edvaldo Sant'Anna.
Etc.: Fernando de Carvalho Rocha, Achyles Barcelos da Costa, Cláudio Einloft, Enéas Costa de Souza, Jesiel de Marco Gomes, Roberto Camps Moraes, Nuno Renan Lopes de Figueiredo Pinto, Luiz Alberto Oliveira Ribeiro de Miranda, Maria Heloísa Lenz, Cláudio Leonetti Carneiro, Maria da Conceição Sá e Souza Schettert, Beatriz Regina Zago de Azevedo, Luiz Augusto Estrella Faria, João Rogério Sanson, José Antonio Fialho Alonso, Pedro Silveira Bandeira, Ricardo Brinco, Carlos Henrique Vasconcellos Horn.
PUCRS: Adalmir Marquetti, Adelar Fochezatto, Augusto Mussi Alvim, Carlos Nelson dos Reis, Izete Pengo Bagolin, Osmar Thomas de Souza e Walter Stülp.
Berlim: Judith Francine Owang, Peter & Daniela Lorenz, Oskám Turk und Frau.
Post Scriptum: lá atrás digo que havia gente olvidada. Um dia, hei de listar.


Leituras Amadas (indissociavelmente inseparáveis das da Vida Pessoal)
Esta é a maior de todas as listas. Principalmente se nela incluirmos a desiderata. Nem todo amor à primeira vista resiste ao contato de primeiro grau, o que faz a lista absorvida uma porciúncula do lançamento original da rede da curiosidade. A verdade é que há muito tempo, tenho sugerido para mim próprio e mesmo para os próprios alunos (uma fração própria deles, na verdade) que devemos construir e atualizar tais listas, sempre tendo presente quelê-los-emos ou mentiremos que lemo-los. Em outras palavras, meia dúzia de leituras mostrou-se imorredoura para mim. No devido tempo, vou listar todas as cinco dúzias, ou seja, 600 ou mais referências. Por enquanto, fiquemos com:

CLIFTON, James A. Competition and the evolution of the capitalist mode of production. Cambridge Journal of Economics. Vol. 1, No. 2 (June 1977), pp. 137-151.
[E que tem uma tradução ao português brasileiro feita, se bem lembro, por meu querido amigo Achyles Barcellos da Costa. E que talvez ainda tenha o link dela em meus Google Documents. CLIFTON mostra a emergência do capitalismo financeiro.]


MANDEL, Ernest:: trata-se do petit, por duas razões. Primeira: não se trata do grandioso Tratado de Economia Marxista. Segunda: trata-se apenas da "tradução" que fiz das duas primeiras partes do curso que ele - Mandel - ministrou a trabalhadores portugueses. Não sei como Colombo e Freud descobriram a América e o inconsciente sem lê-lo ou mentirem que o leram. Arquivo inteiro: Mandel_Petit.doc.

BRONFENBRENNER, Martin (1973) Introducción a la metodologia economica para lectores de pretensiones intelectuales medias. In: KRUPP, Sherman Roy ed. La estructura de la ciencia economica. Madrid: Aguillar, 1973. p.5-29.
(Este é um capítulo maravilhoso. E nunca encontrei outro autor que tem quatro vezes mais "ns" no nome comparativamente ao meu "Berni"):

Aqui vemos outro clássico cuja leitura sem mentiras é fundamental:
BAUMOL, William Jack (1967) Macroeconomics of Unbalanced Growth: The Anatomy of Urban Crisis. American Economic Review. V. 57 n. 3 (June) pp. 415-426.

E, já que estamos falando em outro dos maiores injustiçados pela ausência de premiação do Nobel de Economia, vai mais um artigo maravilhoso:
BAUMOL, William Jack (1990) Entrepreneurship: Productive, Unproductive, and Destructive. Journal of Political Economy. V. 98 n. 5, Part 1 (October) p. 893-921.

Já faz tempo: esta foi minha melhor leitura do ano de 1996:
ARRIGHI, Giovanni () O longo Século XX.

E dele, discípulo, vim a descobrir a obra de Fernand Braudel da qual li apenas um resumo. Com o resumo e o Arrighi, achei que estava bem posicionado.

Um clássico do estruturalismo latino-americano:
PINTO, Anibal (1965) - Concentración del progresso técnico y de sus fructos en el desarrollo de America Latina. Trimestre Economico. V.32 n.1(125) p.3-69 Ene.

PINTO, Anibal (1970) - Naturaleza e implicaciones de la `heterogeneidad estructural' de la America Latina. Trimestre Economico. V.37 n.1 (145) Ene p.83-100.

QUESTÕES DE MÉTODO
ROWTHORN, Bob (1982). Neoclassicismo, neo-ricardianismo e marxismo. In: Capitalismo, conflito e inflação; ensaios de economia política. Rio de Janeiro, Zahar.

McCLOSKEY, D. N. (1983). The rhetoric of economics. Journal of Economic Literature, Nashville, American Economic Association, 21(2):481-517, jun./ago.

TAVARES, Maria da Conceição (1983). O movimento geral do capital: um contraponto à visão da autoregulação da produção capitalista. In: FIGUEIREDO, Eurico; KONDER, Leandro & CERQUEIRA Fo.Gisaldo Lopes eds.(1983). Por que Marx? Rio de Janeiro: Graal. p.233-256.

TAUILLE, José Ricardo (1981) Uma introdução à economia política da informação. Ensaios FEE. V. 2 n.2 p.89-108.

GUINZBURG, Carlo ( ) Morelli, Freud e Sherlock Holmes: blim-blim-blins sobre o método científico. (Tem em português num certo livro...; trata do que chama de Modelo Conjetural).

BACHA, Edmar Lisboa (1976) O rei da Belíndia (uma fábula para tecnocratas). In: _____ Os mitos de uma década; ensaios de economia brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra. p.57-61.

OUTRAS OBRAS MONUMENTAIS 
(que usei nos cursos de introdução à economia que eu amava ensinar)

HYMER, Stephen (1983) Robinson Crusoé e o segredo da acumulação primitiva. Literatura Econômica. V.5 n.5 set-out p.551-586.

HYMER, Stephen (1978) Empresas Multinacionais: a Internacionalização do Capital. Rio de Janeiro: Graal.

JONES, Richard (1977) A oferta nas economias de mercado; uma nova introdução à microeconomia. Rio de Janeiro: Zahar. Capítulo 7 - O que é mercado.

KEYNES, John M.(1978) As possibilidades econômicas de nossos netos. In: John Maynard Keynes; economia. São Paulo: Ática. p.150- 159. (Grandes Cientistas Sociais, 6).

LEONTIEF, Wassily (1983) Os efeitos econômicos do desarmamento. In: ___________ (1983). A Economia do Insumo-Produto. São Paulo: Abril Cultural, p. 97 102 e p. 189 199.

NELL, Edward (1982) Economia: o renascimento da economia política. In: BLACKBURN, Robin, org.(1982) - Ideologia na Ciência Social; ensaios críticos sobre a teoria social. Rio de Janeiro: Paz e Terra. p. 70 88. (A tradução no livro é deficiente).

VILLARREAL, René (1979) Las teorias clássica, neoclássica, del imperialismo - dependencia y su evidencia histórica. Trimestre Economico. V.66 n.2 (1982) Abr. p.377-460. (Talvez traduzir). 

BERNI, Duílio de Avila (1996). Conceitos básicos de economia. In: SOUZA, N.d.J. org. (1996). Introdução a Economia. São Paulo: Atlas. P. 23-40.

Para Lermos ou Mentirmos que Lemos: clássicos inarredáveis

FRIEDMAN, Milton (1954) The methodology of positive economics. [Provocador, irreverente, um clássico da metodologia, um clássico da ciência econômica. Nada a ver com o apoio do autor à ditadura militar dos anos 70 no Chile.]

DOUGLAS, Paul (1948) Are there laws of production? American Economic Review. V.38 n.1 p.1-41.
[Este é chamado de pai da função de produção de Cobb-Douglas, embora mais modernamente, tenha-se investigado e dito que todos os economistas posterioes à Família Bernoulli nela falaram. O fato de ele ainda não estar traduzido para o português é apenas mais uma demonstração de que os falantes da língua inglesa são apenas isto, uns falantes e pouco praticantes. Eu mesmo falo mais do que a moçada aguenta, pelo jeito.]

Os dois textos (Lange e Worland), no que segue, são fundamentais para a turma de esquerda que quer entender exatamente o que quer dizer "neo-heterodoxo", uma escola de pensamento econômico em que estou enturmado. Meu colega prof. João Rogério Sanson há muitos anos declarou-me um neo-clássico de esquerda. E muito feliz fiquei. Lange mostra que, digamos, calcular o preço do bilhete do metrô de Moscou, lá daquele tempo, requer conhecimentos oferecidos pela economia neoclássica. E Worland fala em dois paradigmas: o que privilegia a alocação de recursos e o que dá ẽnfase aos conflitos de poder:

LANGE, Oskar (1972) A economia marxista e a moderna teoria econômica. In: HOROWITZ, David org. (1972).  A economia moderna e o marxismo. Rio de Janeiro: Zahar. Reproduzido da Review of Economic Studies, junho de 1935. [Digo eu: este é uma dos mais extraordinários e visionários materiais (artigos e livros) que já li.]

WORLAND, Stephen T. (1972) Radical Political Economics as a Scientific Revolution. Southern Economic Journal, v.39 n.2 oct/1972.


E aqui temos um Oskar Lange mais na linha tradicional, o que também nos dá uma lição sobre heterodoxia avant la lettre:


LANGE, Oskar (1985). O objeto e método da economia.  Literatura Econômica. V.7 n. 2 jun. p. 207-230.

E o clássico de HPE:
BLAUG, Mark (1968). La teoria económica em retrospección. Barcelona: Luis Miracle.


O  QUE EU GOSTARIA DE TER DITO
Existem algumas frases que marcam a vida da gente de forma tão profunda que, depois de certo tempo, passamos a pensar que elas fazem parte de nosso aparato intelectual. Mais amplamente, encontram-se os prêt-à-pensers, mas tais frases também incorporam-se a nosso cérebro, permitindo-nos evocá-las em inúmeras ocasiões e contextos de nossas vidas.

"Pouco a pouco, as veleidades de resistência foram cedendo à noção de possibilidade, da probabilidade e da certeza." Frank Knight? Não! Machado de Assis na p.256 do Quincas Borba da Editora LePM.

Por falar em probabilidade, há duas outras frases salientando encantadoras aproximações do conceito. A primeira é de Oskar Lange, o grande economista polonês, (os macacos datilografando a Enciclopédia Britânica seria um evento impossível) ou probabilidade zero, com a estátua de Richard Dawkins abanando.

Em seguida, probabilidade um não é representada pela famosa frase de John Maynard Keynes: "no longo prazo, estaremos todos mortos."  Todavia tenho razões aprendidas com o conto intitulado "A última pergunta", de Isaac Azimov, para acreditar que a entropia será invertida, o que nos fará vivermos para sempre, ou algo parecido.

Seja como for, Keynes disse:

In the long run, we are all dead. Economists set themselves too easy, too useless a task if in the tempestuous seasons they can only tell us that when storm is long past the ocean will be flat.

Esta passagem foi o ponto mais próximo a que cheguei, pois a leitura do original ainda espera. E não a obtive diretamente da seguinte obra:

KEYNES, John Maynard (1972) A tract on monetary reform. New York: Harcourt Brace. Vol. IV da edição de MOOGRIDGE, Donald. The Collected writings of John Maynard Keynes. New York: St.Martin's.


Minha fonte é:
BERNSTEIN, Peter L. (1996) Against the gods; the remarkable story of risk. New York: John Willey and Sons. p.182.

E de onde vieram até mim os prêt-à-penser
Há várias citações em:

WERNER, Dennis (1997) O pensamento de animais e intelectuais; evolução e epistemologia. Florianópolis: UFSC.

Na p.96-97, lê-se: "Selecionamos um roteiro particular para representar [alguma] situação [da realidade realmente real] e assumimos um papel no roteiro. Isto diminui o peso cognitivo de ficar sempre avaliando e julgando a situação. [...] trata-se de prêt-à-pensers, enlatados cognitivos que podemos facilmente mobilizar."

Parece que também aqui (e não sei mais onde), encontramos a raiz do que falei no livro numa das edições (primeira sozinho e segunda aumentada em coautoria com Brena Fernandez:
"Pensava que resolver o mesmo problema várias vezes ou usar a solução de um problema para mais outros. E recentemente sugeri que resolver o mesmo problema várias vezes encontra encantadora a explicação do incompreendido professor Jorge Araújo: a preguiça (fosse o divino mestre um tanto mais refinado, diria "o hedonismo") que leva da solução da maximização livre de funções até os multiplicadores de Lagrange e ainda além, os hessianos orlados. Ou seja, mesmo entre as coisas que eu gostaria de ter dito, há algumas que, sob as mais diversas condições físico-químicas de me cérebro, eu disse mesmo."

Apócrifo: outra frase intrigante, da qual não sabemos a autoria e talvez seja minha mesmo (Yara Prange teria dito que eu teria dito que ela era minha):


A saudade é como o Minuano: seca os olhos, mas corta até a alma.

Ou esta é de Pedro Mineiro? E a frase citada pela Profa. Rosa Maria Chiesa? 

"Precisamos ensinar: boas maneiras, linguagens, matemáticas, teoria econômica, construção da carreira." 

Karl Heinrich Marx: na p.91 do V.1 da tradução Penguin:
[...] we suffer not only from the development of capitalist production, but also from the incompleteness of that development.

E onde ele, Marx, disse o seguinte? "sou economista"?, "o que é equilíbrio"? Sobre o equilíbrio, André Contri já me passou, mas perdi-o (a ambos). E "existem dois fatores de produção"? 

Os "mercados macro: bens, moeda e trabalho" têm a seguinte anotação feita por mim mesmo: p.110 do V.2 d'O Capital da Editora Penguin. Lê-se: "completely different markets"commodity and labour, aos quais acrescentei, claro, o monetário.

No opúsculo Salário, Preço e Lucro, p.92 da Editorial Progresso: O tempo é o campo do desenvolvimento humano. 
[Opúsculo com 92 páginas? Very suspicious.]

Joan Violet Robinson:
"É melhor ser explorado que não ser."
[Claro que isto rima com a primeira frase de Marx, mas onde foi que a Mrs. Robinson disse isto, se é que disse? Penso que no livro Economic Philosophy].
E isto rima com: "os capitalistas ganham o que gastam e trabalhadores gastam o que ganham" que é de Nicholas Kaldor cf. p.401 do livro de readings de Micro editado por Kamershen.

Friedrich Schiller: "A felicidade não é um porto de chegada, mas um estilo de viajar."
[retransmitido por Naira Vasconcellos, que o viu num grafitti porto-alegrense em 1982].

Platão e a desigualdade:
Sustentamos que, se um estado deve evitar a maior de todas as pragas - quero dizer, a guerra civil, embora desintegração civil fosse um termo mais adequado - a pobreza e a riqueza extremas não deveriam ser toleradas em qualquer segmento do corpo de cidadãos, porque ambas levam a estes dois desastres. Esta é a razão que faz com que o legislador deva anunciar os limites razoáveis da riqueza e da pobreza. O limite inferior da pobreza deve ser o valor das terras (holding). O legislador usará a propriedade como unidade de medida e autorizará um homem a possuir duas, três, e até quatro vezes seu valor.
Fonte: Platão, n"As Leis", segundo li (e traduzi) na p.21-22 de COWELL, Frank A. (2000) Measuring inequality. 3ed. Disponível em: http://sticerd.lse.ac.uk/research/frankweb/MeasuringInequality/index.htlm. Acesso em 20/fev/2008.

Segredo do desenvolvimento econômico:
No seu excelente The Elusive Quest for Growth, William Easterly não consegue chegar a nenhuma receita mágica para o enriquecimento dos países, mas dedica um capítulo inteiro a ações induzidas por governos que foram capazes, ao longo da história, de enterrar o crescimento. São elas: inflação alta, altos ágios no mercado paralelo de câmbio, altos déficits de orçamento, juros reais fortemente negativos, restrições ao livre comércio, burocracia excessiva e serviços públicos inadequados.

[Tirei de: http://drunkeynesian.blogspot.com.br/2012/06/uma-cronica-argentina-2001-2012.html].

Claro que fico pensando no que acontece aos países que têm:
.a. inflação rastejante
.b. taxa de câmbio próxima do equilíbrio
.c. orçamento razoavelmente equilibrado
.d. juros próximos à taxa de lucro da economia
.e. comércio internacional razoavelmente livre
.f. reduzida burocracia
.g. serviços públicos de boa qualidade.
Será que tudo isto poderia ser resumido em "boas instituições"?



O FASCÍNIO DE KARL HEINRICH MARX

MARX VIA DAVID McLELLAND
Introdução: Manifesto Comunista; Ideologia Alemã.
Current Problems: 18 Brumario, Guerra Civil na França.
Economia Política: Trabalho assalariado e capital, Valor, preço e lucro. O Capital. Os Grundrisse. Manuscritos econômicos e filosóficos.

Marx by himself, no famoso  "Prefácio" à Contribuição à Crítica da Economia Política:
.a. Para a crítica da filosofia do direito de Hegel.
.b. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra (de Engels).
.c. Miséria da filosofia.
.d. Trabalho assalariado e capital.
.e. Contribuição à crítica da economia política.



O ECONOMISTA E SUA "CAIXA DE FERRAMENTAS"
De acordo com Joan Robinson, citada por McCloskey à p.66 de REGO, Márcio org., a caixa de ferramentas do economista contempla:
1. teoria econômica expressa em: forma verbal (literária) e forma de matemática.
2. teoria e prática estatística.
3. familiaridade com certas convenções contábeis e convenções estatísticas.
4. base de fatos históricos chave (e.g., queda de Constantinopla, navio a vapor, Hiroshima...).
5. experiência do mundo.

De acordo com Pérsio Arida (também em José Márcio Rego, org.)
1. livros didáticos
2. artigos com menos de seis anos de publicação
3. artigos seminais não muito velhos

Como se vê, cumpre a acrescentar ao que Rego disse que Arida disse:
1. livros seminais novos ou velhos
2. artigos com seis e mais anos de publicação
3. artigos seminais velhos.



E uma vez cheguei a pensar em fazer uma pesquisa:
"Vamos editar um livro sobre bibliografias e lhe pedimos informações sobre:
A Em sua área de atuação
.a. quais são os livros clássicos
.b. quais os bons livros-texto contemporâneos
.c. quais as boas surveys de todos os tempos
.d. quais os artigos clássicos
.e. quais os livros de readings de todos os tempos
B Economia em Geral: 100 Obras de Economia".

Sobre as 100 obras de economia que delineei para rolar nessa pesquisa, nas edições zeros e na edição da editora Saraiva do livro "Técnicas de Pesquisa em Economia" esgotado], fui honrado com a participação do prof. Maurício Chalfin Coutinho, que escreveu um capítulo intitulado "100 Grandes Economistas" (p.324-336), citando,  e classificando e tecendo instigantes comentários como:
Os Antecedentes: Thomas Mun, William Petty e John Locke;
Fisiocracia: Excedente Econômico e Teoria do Capital: Richard Cantillon, François Quesnay, Marquês de Mirabeau e Jacques Turgot;
A Economia Política Clássica: James Steuart, David Hume, Adam Smith, Thomas Malthus, David Ricardo, James Mill e Jeremy Bentham;
A Economia Política Clássica: projeções: Jean Baptiste Say, John Stuart Mill, Nassau Senior, Sismonde de Sismondi e Friedrich List;
Os Primeiros Marginalistas: William Stanley Jevons, Carl Menger, Léon Walras, Vilfredo Pareto, Hermann Gossen e Antoine Augustine Cournot;
Os Economistas Marxistas: Karl Marx, Friedrich Engels, Rudolf Hilferding, Rosa Luxemburgo, Vladimir Lênin, Michal Kalecki, Oskar Lange e Paul Sweezy; 
A Escola Austríaca: Friedrich von Wieser, Eugen Böhm-Bawerk e Friedrich Hayek;
A Escola Sueca: Knut Wicksell, Erik Lindahl, Gunnar Myrdal e Gustav Kassel;
Marshall e a Tradição Econômica Inglesa: Alfred Marshall, Francis Ysidro Edgeworth; Philip Wicksteed, Arthur Cecil Pigou, John Maynard Keynes, Joan Robinson, Roy Harrod, John Hicks e Lionel Robbins;
Autores de Difícil Classificação: John Hobson e Joseph Schumpeter;
Os Pais Fundadores Americanos: Benjamin Franklin, James Madison, John Bates Clark, Irving Fisher, Frank Taussig, Frank Knight, Jacob Viner e Paul Samuelson;
Os Economistas Americanos: o Institucionalismo e a Tradição dos Estudos Empíricos: Thorsten Veblen, John Commons, Wesley Clair Mitchell e Paul Douglas; 
Crítica à Concorrência Perfeita e Teoria da Firma: Piero Sraffa, Edward Chamberlin, Edith Penrose e Joe Bain;
Teoria do Equilíbrio Geral: Kenneth Arrow, Gerard Debreu, Frank Hahn e Maurice Allais e
Tendências Modernas: Milton Friedman, George Stigler, William Baumol, Gary Becker, John Kenneth Galbraith, Kenneth E. Boulding, James Buchanan, Gordon Tullock, Ronald H. Coase, Armen Alchian, Harold Demsetz, Nicholas Georgescu-Roegen, Robert M. Solow, James Meade, Fritz Mchlup, Abba Lerner, Arthur W. Lewis, Simon Kuznets, James Tobin, Don Patinkin, Oliver Williamson, Douglas North, Wassily Leontief, Richard Musgrave, John Nash, Robert E. Lucas, Amartya Sen, Karl Brummer e Jan Tinbergen.


abcz