Não Era para Fechar o Legislativo Inteiro

Querido diário:
Nunca revelei minha indignação com uma lei federal que obrigou as tomadas elétricas do território nacional a serem transformadas, numa espécie de losango, um encaixe sabe-se lá de que inspiração e, pior que tudo, com um pólo de aterramento, o que não existe nas casas brasileiras, pelo menos as que frequentei até ontem.

E agora leio no jornal que há um projeto de lei exigindo que todos os prédios condominiais brasileiros instalem hidrômetros, a fim de combater o excesso de consumo de água. Todos? Sim, todos, mesmo os prédios velhos. Um disparate, uma medida provavelmente muito mais custosa do que se poderia pensar em economizar com mais contenção no uso do solvente universal.

Eu, que volta e meia, defendo a extinção dos estados e, como tal, do senado, fiquei tremendo, com medo de começar a recomendar o fechamento de todo o legislativo. Claro que não quero, pois não sou esquecido o suficiente para deixar passar que ouvi, pessoalmente, na TV, o general Geisel dizer que precisava fechar o congresso nacional, a fim de poder sentir-se à vontade, a fim de fazer -lui même- a reforma do judiciário. Que fechou o congresso, lá isto fechou mesmo. E que foi feito da reforma do judiciário? O suficiente para permitir-me sugerir que este poder também deveria ser substituído por mecanismos mais eficientes, como é o caso de uma empresa júnior da faculdade de direito de algum país do norte da Europa.

Exagero? Isto que não falei na associação nacional dos vendedores de hidrômetros que poderia ser confundida com um grupo de pressão, forçando a barra para ter milhares, milhões de unidades vendidas. Talvez uns 20 milhões. Nesta linha de ganha-fácil, eu já pensara em fazer-me editor dos títulos eleitorais brasileiros, ou apenas dos selinhos que o eleitor recebe a cada vez que vota. Só bebendo.

DdAB
Imagem: aqui.