Eu Professor

Palestra sobre cenário econômico encerra evento

Ensino em Linhas Gerais
Esta página reservei-a a um dos traços básicos mais importantes de minha amada profissão e implementação deste plano: aventuras, descrições e materiais de minha vida acadêmica, enquanto aluno, professor e colega de gente com vida universitária. Há dois arquivos associados a ela, além de diversos outros, em formas diversas (pdf, doc, xls, ppt etc.). O arquivos


ainda pode virar um livro de papel, como brincadeiras, muitas delas que nada têm a ver com matemática e praticamente em tudo nada há de superior, temo confessar. No segundo, há quatro listões de exercícios especialmente pensados para serem encarados por quem está iniciando-se no estudo da ciência econômica.


No que diz respeito à lista da Teoria Elementar do Preço, há centenas de observações. Como consequência, esta lista passou a ter 100 problemas iniciando com o estabelecimento de critérios de arredondamentos de números racionais e reais, definindo ciência econômica, microeconomia, macroeconomia (a definição de mesoeconomia veio-me à mente apenas milhares de anos mais tarde), e por aí vai. Sua maior atração (era o que eu dizia aos alunos) era o último problema: "Adoro drogas", o que sempre deixava alguns mais excitados do que outros. No problema 100, criei um mercado em que se compara a situação da maconha, por exemplo, com isenção total de impostos (as quase-rendas, diria, sendo recolhidas pelos traficantes e seus acólitos) com outro. Mexem-se oferta e demanda por causa da criação de uma alíquota de imposto indireto. Resultado: eleva-se selvagemente o preço e cai espantosamente a quantidade demandada. Depois de umas gargalhadas de pura euforia, sugiro que tal programa deverá estar inserido em um bundle descortinando-se por um prazo de 20 anos. E de onde tirei que aluno pode ouvir a palavra THC? Há um bom artigo de um bom editor num bom livro de readings on microeconomics que li hámuitos anos, discutindo a demanda por maconha entre os estudantes da UCLA.

Dito isto, também informo que esta lista de 100 problemas de Teoria Elementar do Preço tem três inspiradores de respeito:

.a. o livro de microeconomia de Levenson & Solon, do qual domino amplamente apenas o capítulo 1 (que tem versão moderna em meu amado Pindyck & Rubinfeld),
.b. a lista de exercícios do Prof. Alfredo Steinbruck e
.c. as listas de exercícios do Prof. Achyles Barcelos da Costa.
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REMINISCÊNCIA EIVADA DE SEGUNDAS INTENÇÕES
Quando eu era estudante secundário, assisti a um filme francês que contava a história de um intelectual obviamente vivendo uma de suas crises existenciais. Ao resolvê-la, e talvez precisamente por isto, ele decidiu tornar-se professor de segundo grau (or whatever), para poder conviver com os jovens, buscando permitir-lhes amortizar alguma coisa de seu futuro sofrimento na busca da individuação, sugerindo-lhes formas de reduzi-lo. Pensei em tornar-me professor de segundo grau, atividade que nunca vim a desempenhar.

Em março de 1976, tornei-me professor de Microeconomia na Unisinos. Que faz um professor qua professor? Circula desenvolta a teoria de que um professor "lê, pensa e escreve". E, em conversas de bar, é de bom-tom, indagar aos amigos: "Que andas fazendo? Escrevendo, lendo ou apenas pensando?”


:: pense em novas formas de simplificar o que já é sabido (e, se for capaz, em tratar do não-sabido)
:: leia provas, trabalhos, a literatura avançada da área em que atua e a literatura didática pertinente
:: escreva no quadro negro:
E = e + a,
onde “E” é educação, “e” é ensino e “a” é aprendizado, creio que isto é tudo. 
Adicionalmente, e = b + b + b, onde o primeiro ‘b’ é “bons alunos”, o segundo é “bons professores” e o terceiro é “boa biblioteca”. Aprendizado, meu chapa, sinto constatar, depende exclusivamente do aluno! Há mais detalhes sobre este ponto no arquivo Matematica Superior supra linkado. Lá dentro, procure pela função de produção de Leontief.

Por ora, falando em Leontief, e considerando que tudo o que faço (depois de ter estudado e publicado na área de economia de empresas) tem a ver com a matriz de insumo-produto, a matriz de contabilidade social e a distribuição da renda, posso garantir que as atividades de ler, pensar e escrever, conforme ensinou-me o prof. Carlos Nelson dos Reis, relacionam-se por meio da seguinte matriz:

 CoordenadasColuna 1 Coluna 2 
 Linha 1 PensarEscrever 
 Linha 2 Ler

Digamos que ela é constituída por três blocos. Na interseção da linha 1 com a coluna 1, temos o bloco "Pensar", na linha 1-coluna 2, temos "Escrever" e na linha 2-coluna 1, vemos "Ler". Para o jargão da área, "Ler" é chamado de "Insumos Primários", ou seja, insumos que não são produzidos dentro do sistema. Sem "Ler", não há muito sobre o que pensar: a leitura é o combustível do pensamento, como um dia ouvi um rapaz falar para outro, no elevador do Tribunal Regional do Trabalho. No bloco "Pensar", temos os Insumos Intermediários, que são os insumos que ingressam no sistema por meio de produtores vinculados ao próprio sistema e também são absorvidos por esses mesmos produtores. Por fim, o bloco "Escrever" é a saída do sistema, ou seja, tudo o que foi pensado ao termos a leitura processada gera a escrita. Um troço destes.

Gostou? Acho que já dei algumas contribuições interessantes à pedagogia e ao ensino de economia. Fiz um trabalho sobre todas as possibilidades geométricas de decomposição do efeito preço. Depois, fiz –grandemente baseado em Levenson & Solon, em milhares de anotações do Prof. Achyles Barcelos da Costa e, finalmente, na lista assemelhada distribuída pelo Prof. Alfredo Steinbruck- a dos 100 Problemas sobre a Teoria Elementar do Preço acima linkado.


Depois, produzi o que chamei de Problemão (do modelo IS-LM da economia fechada); Marcelo Chapper colocou-o num arquivo Excel, também disponível neste link. Entre os problemas de microeconomia da primeira lista e o problemão de macro, passei 20 anos pensando em transpor o marco da construção da curva de demanda agregada para a economia aberta, o que culminou acontecendo. Rafael Kloeckner ajudou-me a fechar o modelo que gerou nosso paper e -como conseqüência- o arquivo sobre as curvas IS e LM da economia aberta (ergo, também a curva BP).

Em 2003, tive minha experiência em Educação à Distância na PUCRS. Investido dos desafios que me foram anunciados por uma equipe de competência invejável, inventei o Origami Macroeconômico (para complementar o Bonsai Macroeconômico, dando sentido a umas alegorias de que me falava Adelar Fochezatto). 

Em 2004, inventei o Jogo da Velha Macroeconômico, para dar conta das três óticas de cálculo do valor adicionado, vinculando-as com a matriz de contabilidade social e a matriz de insumo-produto. 

Também, por essa época, inventei o Modelo do Estado de Alfa Microeconômico. 

Nunca gostei de ficar e, de fato, nunca fiquei mais de dois ou três anos ministrando a mesma disciplina. Até que li a biografia de Edward Wilson, quando vim a saber que ele sempre lecionou Introdução à Biologia (or whatever). Estive aninhado por três ou quatro anos em Economia de Empresas e nela penso permanecer não mais na condição de professor, mas na de consultor. Em agosto de 2004, voltei a lecionar Contabilidade Social por um curto período, mas tomei a peito a tarefa de fazer um bom livro sobre o tema, que deve ver a luz em 2009. Com isto, temos agora um clube social da contabilidade nacional dedicado a decifrar o livro que enfrenta suas rotinas com os obstetras adequados, para ser dado à luz em boas condições.

Na linha da Economia de Empresas, comecei a inventar um curso dedicado a estudantes de Administração de Empresas. De sua micro e sua macro, nasce - creio - a espinha dorsal de um novo curso de graduação em Economia de Empresas, cuja tônica um tanto schumpeteriana é ensinar o aluno a montar sua carreira. Seja lá o que for que tenha acontecido, o fato é que -dessa edificante iniciativa- decidi sair fora do businees do ensino de graduação.

Sobre como estudar, recomendo o livro de autoria coletiva (editado por Brerna Fernandez e por mim). Formalmente:

BÊRNI, D. d. A. e FERNANDEZ, B. P. M. orgs. (2012) Métodos e técnicas de pesquisa; modelando as ciências empresariais. São Paulo: Saraiva.

e o segundo, de 2014 deixa-se identificar como:



BÊRNI, Duilio de Avila e FERNANDEZ, Brena Paula Magno (2014) Teoria dos jogos; crenças, desejos, escolhas. São Paulo: Saraiva.

Por fim, recomendo que tenhamos presentes as sábias (filosóficas, for sure) palavras de Enéas de Souza sobre a freqüente pergunta que eu e milhares de outros lhe endereçamos: onde começar para ter realmente um grip permanente da filosofia? Ele invariavelmente responde: “começa a partir do livro que tens em mãos, mais perto da mão na cabeceira, mais perto do olho na estante, o mais barato da livraria, qualquer um. Qualquer que seja o começo, tuas próprias questões vão conduzir-te ao restante. E estou certo de que nunca vais declarar-te pronto.” 

Claro que evoquei estes pensamentos, com todas as vírgulas e cedilhas, ao ler o fascinante livro de Carlos Roberto Cirne-Lima, que fala em holes between subjects. Gerações e gerações de pensadores e cientistas criaram o que entendemos hoje por ciência, um conjunto de conhecimentos ultra provisório. Preencher-lhe as fendas levará gerações incontáveis. O mais interessante mesmo é que elas nunca venham a ser preenchidas, pois surgirão fendas dentro das respostas às fendas anteriores, ad aeternum. Ou pelo menos até a decadência do último próton.

GRADUAÇÃO
 Meu envolvimento com o ensino de graduação iniciou em 1976, cinco semanas antes do nascimento de meu one and only filho. Fui lecionar Microeconomia para o Prof. João Acyr Verle na Unisinos. Para não falar dos cinco anos que passei como aluno da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a tentativa de estudar a graduação em Matemática, a novela que vivi pensando em ser arquiteto e a sensatez que me fez desistir desta intenção. 

Boa parte de meus escritos econômicos originou-se da relação com os alunos da graduação e pós-graduação. Com os rascunhos do artigo Apontamentos sobre as Fronteiras e Limites da Economia Industrial, pela primeira vez ouvi uma expressão que, parece, viria a tornar-se moda com relação a meus trabalhos (inclusive um criado mudo peculiar que desenhei): “Tem a tua cara”. Penso haver grande componente elogioso...

PÓS-GRADUAÇÃO
Em março de 1980, ministrei a disciplina de Organização Industrial (a.k.a. Economia de Empresas) no Mestrado em Economia da UFRGS. Afastei-me do mestrado e voltei por dois semestres em 1987-1988, na mesma Organização Industrial. Parece que havia complementaridade interessante entre meus desvios da rota e os compromissos que meu colega Achyles Barcellos da Costa assumia, fazendo-o também assumir esta disciplina ou passá-la a mim. Nesta linha, ainda lecionei -agora chamada- Economia Industrial na UFSC. 

Antes desse regresso à bela e Santa Catarina, em agosto de 1994, por indicação de meu colega João Rogério Sanson, criei um curso de microeconomia (chamada de Micro III) para a primeira turma do doutorado em economia da UFRGS, trabalhando com teoria da escolha, teoria dos jogos, mercado de trabalho, bem-estar e equilíbrio geral. Este curso foi repetido no doutorado por uma vez e depois, em 2004, adaptado ao Mestrado em Economia do Desenvolvimento da PUCRS. 

Absolvido como figure du rôle, pensei em derivar das notas de aula desse experimento um livrinho bem bonitinho. Mas, no final das contas, desisti do projeto, pois o livro de Microeconomia de Samuel Bowles falou tudo o que eu queria falar, e muito -muito, muito, muito- mais! É o melhor livro já escrito por um ser humano desde a Pedra de Roseta. E pede um assemelhado sobre macroeconomia, pois esta área, a macro, está tomada por evolucionistas vulgares, ou seja, gente que pensa que o jeito correto de escrever evolucionismo é "evolunssionismo".

Entre maio e julho de 2004, como sugeri, preparei o curso desenvolvido entre setembro e dezembro no mestrado do PPGE-PUCRS. Até agora e –most peculiar- escrevi o primeiro Ensaio Bibliográfico de minha vida e da história da humanidade: “Beliefs e desires”, misturando metade de notas de leitura, metade de reflexões próprias e metade de dedecoração. Sua inspiração foi o livro Games Theory; a critical introduction, de Hargreaves-Heap e Varouvakis, que carinhosamente tenho chamado de H&V. 

Em Berlim, trabalhei-o um pouco mais e o vi publicado na revista Textos de Economia, da UFSC, que já acomodara um artigo meu sobre o modelo de insumo-produto, em priscas eras (nem tanto, sô, pois ele saiu lá por 1996). Ato contínuo, em diálogo com dois alunos do mestrado da PUCRS -Camilo e Ricardo-, bolei o Modelo do Estado de Alfa Microeconômico, a que me refiro alongadamente no link recém citado. Este modelo destrói insofismavelmente o pensamento dualista, ou seja, a dialética. E incorpora a divisão do mundo entre os ambientes fuzzy, por contraste aos ambientes crispy, frase que, convenhamos, nos devolve ao ambiente dicotômico: coisas rígidas e coisas difusas, ou seja, recupera-se a dialética insofismavelmente. Conclusão: se minha microeconomia já é complicada assim, que dizer dos livros de Simonsen e Burgstaller?

CONTABILIDADE SOCIAL
Nos jogos em que enfrentamos a Natureza, há três resultados possíveis: vitórias, empates ou derrotas. Se pensarmos que “nós” representa o conjunto de indivíduos que constitui a sociedade que nos abriga e que estes jogos dizem respeito ao desempenho econômico da ação societária, podemos pensar que –ao longo de sucessivos períodos- esta pode desfrutar do mesmo, de maior ou de menor bem-estar. Mas poderemos dizer que a sociedade melhorou quando o Vassalo 1 melhorou, o Vassalo 2 piorou e o Suserano melhorou? 

Este é o tipo de questão que orienta a investigação feita pela Contabilidade Social, a área do conhecimento econômico voltada à mensuração/quantificação de variáveis que, obedecendo às propriedades de certos operadores, incorporam-se a outras variáveis em certas equações. Estas equações, em geral, apresentam o caráter de identidades contábeis, tendo sua importância associada ao destaque dado a determinadas variáveis que as integram por equações comportamentais, estas originárias do reino da teoria (meso- e macro-)econômica.

Ilustremos este ponto. Numa economia simples, produz-se trigo, que pode ser usado para consumo ou para semente. Esta condição expressa-se na seguinte identidade: T ? C + S. Mas também podemos sugerir que há uma relação de comportamento entre o consumo de trigo e sua produção: quanto maior for a produção de trigo, maior será seu consumo. Simbolicamente, teremos C = f(T), querendo dizer que “a produção de trigo explica seu consumo”. Mas para chegarmos a estes resultados, supusemos que a coisa mais fácil do mundo foi medir a produção, o consumo e a poupança da sociedade do exemplo. Nada mais temerário. 

Todavia se considerarmos que o verbo “medir” e o substantivo “mensuração” têm conteúdos informacionais diferentes dependendo da escala de medida utilizada, poderemos pensar, com mais modéstia, que estaremos medindo fenômenos aos quais atribuiremos diferentes conteúdos informacionais. Assim, podemos dizer que a sociedade constituída por três indivíduos está melhor hoje do que ontem, ou que hoje produziu 1000 toneladas a mais ou que produziu 10% a mais. Nestes quatro exemplos, usamos as escalas nominal (contamos V1, V2 e S) ordinal (hoje melhor que ontem), intervalar (delta produção = 1.000) e racional (produção hoje divida por produção ontem = 1,1 ou 10% a maior). Costumamos medir a felicidade nacional com a escala ordinal (o brasileiro está mais feliz no carnaval do que na quaresma), a utilidade esperada com a escala intervalar (podemos trocar agora um bilhete da loteria do mês que vem pelo ingresso a um salão de bingo que nos dá direito a duas cartelas ou dançar à vontade) e o crescimento do produto nacional bruto ou do nível geral de preços com a escala racional (simplesmente calculamos as percentagens de aumento).

Buscando avaliar o grau de eficiência com que a sociedade usa seus recursos, a fim de permitir à teoria econômica prever conseqüências desse padrão de uso, a Contabilidade Social preocupa-se em estudar três esferas da ação da vida societária: econômica, sócio-demográfica e ambiental.

A este estudo, desde os 1950s, tem sido reservada uma disciplina nos cursos de graduação em economia brasileiros. Em 1971, quando a cursei, ela se chamava “Contabilidade Nacional e Renda Social” e teve dezenas de outros nomes em dezenas de locais pelo Brasil afora. Keynes falou em Contabilidade Nacional proper, mas hoje no Brasil fala-se mais em Contabilidade Social, o que atende ao nome de batismo dado por John Hicks. 

Naturalmente, isto criou mal-entendidos entre bibliotecários e livreiros que, até hoje, costumam colocar os livros desta disciplina servidora das Teorias Meso- e Macroeconômica nas estantes de Contabilidade Comercial. Depois do sucesso do Balanço Social, os contadores estão pensando em criar a Contabilidade Social, algo completamente diverso da Contabilidade Social, entende? Uma visão moderna da segunda, compatível com o novo sistema de contas nacionais da ONU de 1993 e do IBGE de 1995 e com nosso livro (Bêrni e Lautert, orgs, 2011), encontra-se no programa, material e listas de exercícios anexos ou anexáveis. 

E eu vivo propugnando pela criação da Auditoria Social, uma sucursal da Editora GangeS e do Governo Paralelo, incumbida de ver se há ladrões enrustidos no setor público ou na produção de bens de demérito.

ECONOMIIA DE EMPRESAS
Crescimento. Produtividade. Competitividade. Son tres palavras, -como dizia o bolero que tudo sintetizam. Para tornar o processo mais analítico, devemos dizer que a Economia de Empresas é um ramo da ciência econômica que requer de seus participantes as maiores habilidades em transitar entre os níveis analíticos da micro- meso- e macroeconomia. Micro? Unidades decisoras individuais. Meso? A indústria e os mercados que a abrigam. A modelagem econômica multissetorial, na linha do equilíbrio geral computável. Macro? Os fatores que se sobrepõem à decisão individual e que resultam da agregação destas preferências e dos processos de cooperação-competição entre os agentes individuais, o mais prototípico deles sendo o Banco Central. 

Os antigos falavam em produto-emprego-preços. Hoje se fala em crescimento do PIB-desemprego-inflação. Não mudou nada, a não ser a notação: de P-E-P, passamos a gP-D-I. Barbadinha, não? Não, né? Esta última parte, felizmente, não é o subject matter da Economia de Empresas.

Cooperação e competição? Marx. Capítulo inteiro sobre a cooperação. E seus esquemas C-C, C-T e T-T, nomeadamente, competição entre capitalistas e capitalistas, entre capitalistas e trabalhadores e entre trabalhadores e trabalhadores. 
Tendo como co-autores Adelar Fochezatto e Eduardo Grijó, rolou o texto O Origami Tripolar e o Orçamento Familiar.pdf, em que clamamos pela troca da luta de classes pela luta entre instituições. 

No ensaio Crenças, desejos e a luta de classes.pdf, esta piadinha da troca da luta de classes pela luta entre instituições é explorada com mais profundidade, no contexto da matriz de contabilidade social e alguma ligação que terei feito de maneira atraente sobre isto e os indivíduos Ivo e Eva, algo assim. Tudo explicadim tintim por tintim. Espere. Explico-me!

MICROECONOMIA
 Nas duas primeiras turmas do Mestrado em Economia do Desenvolvimento do PPGE-PUCRS, ministrei a disciplina de Desenvolvimento Empresarial, um mish-mash inventado por terceiros, possivelmente pensando em seus próprios talentos para oferecê-la. Adaptando a ementa e dicas colhidas aqui e ali aos meus 30 talentos, fiz um hodge-podge de organização industrial, economic organization, neo-schumpeterianismo, empreendedorismo, Baumol. 

Baumol, meu, Baumol, com o extraordinário artigo sobre empreendedores produtivos, improdutivos e destrutivos. Divertimo-nos muito, disse-me uma argentina uma manchinha ao lado do nariz; os outros calaram-se. Por isto mesmo, vesti certa apreensão ao ver-me incumbido de voltar à hard science, com a Micro III de que já falei. Iniciei olhando alguns programas around the world around the clock

Por estranha coincidência, os melhores programas do globo terrestre foram encontrados em Porto Alegre e Curitiba: o de Sérgio Monteiro e o de Ramón Fernandez. Creio ter sido feliz em montar o meu, cuja versão de 2005 encontra-se no arquivo: Microeconomia Avançada, o.s.l.t., o que pode ser julgado pelo leitor independente que se disponha a receber as tais notas de aula que usei e ousei encaminhar aos alunos e que ameacei transformar em livrinho bonitinho. Em julho-2005, tudo recomeçou, quando mantive tudo 100%, com um giro de 100% do mesmo jeito! Fiz o mesmo em 2006 e 2007, quando tomei a liberdade de abandonar o ensino na PUCRS.

SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ECONOMIA
Meu currículo dirá se foi em 1978 ou ainda mais para o meio dos anos 1970s que me vi versejando sobre como redigir ensaios vazados na prosa acadêmica. Tudo começou, talvez, com minha consciência de que eu aprendera a fazê-los. Desde os anos 1960s, alguns professores apontaram para a hipótese de que eu apresentava certo talento para as letras pátrias (em expressão fonética ou fonemicamente), que nem Mercosul nem Alca los hubiera at that time

Anos antes, na verdade, ao ser aprovado em um concurso de datilografia em que havia um texto com erros de português que eu – expeditamente – corrigi, flagrei-me que poderia ganhar a vida como tradutor, se viesse a aprender uma língua estrangeira. Tendo-a aprendido alguns anos depois, traduzi o texto How to Write Papers, distribuído pela Reading University e pela Profa. Irene North.
Este material veio a constituir-se no leitmotif do livro Técnicas de Pesquisa em Economia; transformando curiosidade em conhecimento, que em boa hora a Editora Saraiva levou ao ar, com segunda edição anteriormente referida na coautoria com Brena Fernandez. 

Antes e depois do livro, ministrei cursos com o título de Técnicas de Pesquisa em Economia, Seminário de Dissertação, Monografia e milhares de  outros. Fiz algo que foi acaloradamente recebido por alunos e colegas, tanto é que nunca ninguém deu a menor bola a esse, assim, arcaísmo institucional. Nem bem cansei, descansei, entende? Ou seja, fiquei por lá um ou dois semestres apenas. O programa está em anexo:
Seminários de Pesquisa Econômica, o.s.l.t..

Há um "boneco" de projeto somewhere. Meu ideal, compartilhado com alguns colegas, para estupefação de outros, é que – respondendo a algumas perguntas à la www.alicebot.org – nosso aluno tenha sua monografia/dissertação editada por Alice, Twindledum ou Twindledee, num vapt-vupt de fazer inveja à instalação dos lençóis de mesmo nome.

EXTENSÃO
Depois de ter sido aluno de incontáveis projetos de pós-graduação
latu sensu, inclusive o Curso de Ortofotocartas para o Planejamento Compreensivo Municipal, já em 1974, contra a vontade –e sob profundo stress, como se diria duas décadas depois- dei uma conferência sobre a montagem do sistema de contas microrregionais do Rio Grande do Sul. Este foi um projeto que me mobilizou durante vários anos. 

O primeiro resultado substantivo que alcancei ocorreu, em 1980-1, ao coordenar a equipe que produziu esta base de dados para Santa Catarina, da qual fizeram parte Iara Maria Petersen e Rosa Terezinha da Silva. De modo independente, Rosinha criou na ocasião o Método R, uma simplificação de um algoritmo criado por Milton Friedman em 1954 o.s.l.t..

Talvez o melhor deste item possa surgir do exame da listagem de cursos e conferências que dei. Há dois ou três temas recorrentes. Um tema e título eterno é “O Emprego nos Próximos 20 Anos”. Outro impagável é “O Conceito de Equilíbrio em Economia” (ver seções correspondentes dentro dos seguintes arquivos:


Outro tema recorrente é “Globalização e Universalização”. Outro, que darei daqui a 20 anos, é “Von Neumann, Sraffa, Romer e a Mercadoria Altruísta”. Em outubro de 2050, estarei oferecendo o curso de extensão que, por ora, vou intitulando de “Introdução à Montagem de Modelos Econômicos Multissetoriais – IMontEM”. Claramente, vou fazê-lo em promoção associada com o Corecon-RS, se conseguirmos derrubar a atual diretoria.

CURSOS E CONFERÊNCIAS PROFERIDAS EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADASFEE, UFRGS, UFSC, UNISINOS, UNIPLAC, UCS, ECT, Fundação CEEE, UFPR, UFPelotas, UnivBlumenau, Eco_Itajaí, UFSM, URI, Cofecon, Corecon-RS, Corecon-SC, International Input-Output Association, Eastern Economic Association, Sociedade de Economia de Santa Maria, Development Association .

CURSO DE GRADUAÇÃO DO FUTURO (...em elaboração...)

 ... "quanto maior a exigência, maior é a utopia"...
Em boa medida, o curso de graduação na ciência econômica do futuro, ela = a ciência, ele = o curso + ele = o futuro, foram trabalhados por mim quando andei pelo Departamento de Economia da PUCRS. Aposentei-me e nunca apresentei uma emenda, a ele curso e a ele corpo diretivo. Por ora, fique registrado o seguinte.
Sempre, desde os tempos de aluno do curso de graduação em economia, discuto o problema da relação entre o conteúdo de um curso deste nível e a qualidade da formação e performance do profissional. Bons professores, bons alunos e boa biblioteca sempre foi a fórmula que ouvi ser a solução do problema. 

Mas currículo também conta. Ao amadurecer profissionalmente e tornar-me professor, essas questões fizeram-se mais claras. Na Unisinos, coordenado por João Acyr Verle, pela primeira vez vi as monografias de conclusão de curso e a festa (stress + júbilo) que os alunos podem fazer em eventos desta natureza. Depois, participei de algumas comissões de reforma curricular, na UFRGS e UFSC.
O currículo de graduação ideal que, modestamente, apresento resulta de mudanças numa proposta que submeti a uma comissão formada na PUCRS em 2003. Variantes desta proposta já foram apresentadas na Unisinos, UFRGS e UFSC, sempre rejeitadas por maiorias qualificadas. 

Acho que é um problema mudar currículos de graduação a cada quatro ou cinco anos. Mas a solução para a criação de cursos mais estáveis, vale dizer, modernizáveis, "dialeticamente", será alcançada apenas com nova mudança. Trata-se de uma fórmula "enxuta" que não precisa das mudanças com a mesma freqüência requerida pelos atuais. Há diversas inovações institucionais. 

Parece que o divórcio dos anos 50 entre economistas, administradores e contadores confirmou um ainda mais antigo entre economistas, advogados e outros cientistas sociais, ao ponto de alguns colegas considerarem que a ciência econômica é apenas um ramo da programação não-linear. Hoje, torna-se claro que nenhuma dessas profissões encontra-se perfeitamente inserida no mercado de trabalho. Secretárias, operadores de Excel e outros também têm habilidades anteriormente reservadas aos guarda-livros. 

Por outro lado, uma fecunda cooperação surgiu desde os anos 50 (para não falar em Harold Hotelling ou Herbert Simon de 1947) entre economistas e psicólogos.
Neste sentido é que defini, infelizmente, de modo circular o que é um economista: ente que adota o modo de pensar dos economistas, mudando-lhe marginalmente o caráter. 

Reside em nossa ciência econômica a busca da compreensão de dois pólos que lhe dão movimento: os conflitos de poder e a alocação de recursos. No primeiro pólo, encontram-se os economistas clássicos, Marx, os institucionalistas e os militantes da teoria da escolha pública. No segundo, também há economistas de enorme pedigree: Alfred Marshall e Wassili Leontief. Oskar Lange, Mark Blaug, Stephen Worland sabem que ocupam território situado sobre areia movediça ao falar estas coisas: alguns ou todos poderem ser declarados mortos por parte da concorrência...

O principal segredo de um curso de graduação é contemplado pela teoria das três metades: metade bons professores, metade bons alunos e metade boa biblioteca. E se a biblioteca não é boa? É preciso fazer um esforço institucional para melhorá-la. Usar mais a Internet. E escrever mais PDFs. E se o aluno não é o ideal? Garantir que ele saiba, ao sair: português, inglês e espanhol, matemática financeira, empreendedorismo (inclusive fazer um plano de negócio) e boas maneiras. 

E se o professor não é bom? Transformá-lo, que ninguém é de ferro. Muito pensei durante as férias de verão de 1987 na analogia entre a filosófica expressão "dar nó em ponta de faca" com o "ovo de Colombo". Um vendedor dos picolés "Boca Fria" de Bombinhas sugeriu-me espetar o ovo na ponta da faca, certificando-me de que o ovo esteja previamente cozido, porque -informou carinhosamente- ovo cru derrama na toalha da cozinha e a mulher da gente mete-nos bronca. 

Disse que, em equilíbrio instável, resultante do primeiro experimento (ainda que de duração espantosamente mais longa do que a vida de certas partículas sublunares e subatômicas) alcança um equilíbrio estável no segundo, desde que a faca não esteja ameaçada de tombar.

Em um sistema S, constituído por uma faca F, um ovo O e um interveniente anuente BNH, então o equilíbrio do sistema é descrito pela familiar função de Leontief (ver Matematica_Superior): 
 E = min(O, F),
querendo dizer simplesmente o que já dissemos: o equilíbrio dança assim que o ovo despencar ou a faca desplanchar-se. Em resumo, concluiu triunfante: "mesmo sem professor, formalizar é fácil, se a gente sabe do que está falando." Anuí.



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