Querido diário:
Sem exagero, hoje tenho colegas -no plural- que conheci ainda na barriga da mãe. Filhos de economistas decidiram abraçar esta profissão, mas que os conheci no momento em que eles nem sabiam que existiam (embriões, fetos, bebês, crianções e economistas parece uma trajetória natural, não é mesmo?). Pois ainda tem a nova categoria de entes que nunca conheci, mas que também são filhos de amigos e que passei a conhecer depois de grandes (eles/elas e eu).
Tal é o caso da jornalista Lara Ely, que escreve com brilho em Zero Hora há um bom tempinho (digamos, menos de cinco e mais de um ano; e que conheço apenas como figura pública, não a conheço pessoalmente). Filha de um casal de amigos, o sr. e a sra. Ely, claro, Lara tem hoje dois artigos em dois cadernos de Zero Hora. O segundo é no "Nosso Mundo Sustentável", que sempre me leva a pensar que devemos sustentar os desvalidos, de sorte que eles -na condição de grupo quantitativamente expressivo- possam themselves sustentar o planeta. E de quebra formar-se para nos operar, nos fazer fisioterapia, nos encantar os ouvidos com música, nos atender nas repartições públicas.
Era o segundo. O primeiro encontra-se no caderno "Meu Filho". Fala ele sobre crianças, fala ela sobre a criança e a bicicleta, que parece vir trocando pelo tablet, pelo videogame e pelo smartphone. E eu, que não sei diferenciar um smartphone de uma Perséfone? Lara Ely é estrela em ascenção reta.
Que posso dizer sobre estas mudanças de costumes entre gerações? Nunca esquecerei que meu pai falou-me que deu bicicletas a sua prole, pois -quando criança- não tinha, embora esta já existisse perto o suficiente para despertar-lhe o desejo. E até fazer-lhe crer que poderia "subir na vida", de sorte a dar esta oportunidade aos filhos.
A bicicleta nasceu no século XIX e a que reproduzo acima vem de around 1820, como lá dizem. Menos de 100 anos do momento de sua consolidação, ela tornou-se objeto de desejo de meu pai, digamos que lá por 1920.
Talvez na linha do conservadorismo, fiquei a me indagar quanta gente deixou a bicicleta pelo skate, pelos patins, pela asa delta, parapente, essas coisas. É o mesmo problema, mutatis mutandis, sobre o deslocamento do livro, do cinema, essas coisas que não são infinitas, como não o é o mar nem o são as estrelas.
Hà duas verdades absolutas. A primeira é que existe uma óbvia diferença entre bicicletas e patins, por um lado e bicicletas e smartphones, por outro. E quem é mesmo sabido seguirá usando sua bici, parando volta e meia para olhar um filmezinho no iPad. E a segunda, menos propagandeada, é que o próprio Universo tem seus dias contados, o que nos impele a pensar que nada é eterno, exceto os seres atemporais, como a linha reta e, talvez, a civilização X, de que falarei dentro de 1.000 anos.
DdAB
Para garantir, aqui vai a fonte da imagem acima.
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