10 setembro, 2012

O Preço do Espaço Político

Querido diário:
Ditadura e democracia são antônimos no loteamento do espaço político. Na ditadura, o espectro das escolhas é menor, como o ilustra o tempo dos militares no Brasil: só generais podiam candidatar-se. Visível prejuízo para dirigentes de futebol, jogadores, radialistas e evangélicos. Na democracia, pode ou não haver transparência. Em havendo, podemos calcular o preço do espaço político. Quanto custa colocar um cartaz na rua, na parede, imprimir com raios lazer nas nuvens?

Pelo menos em Zero Hora, podemos calcular. Dias atrás, fiquei estupefato com os valores dos donativos de campanha a vários candidatos a prefeito e vereador. No caso das empresas, parece-me que os grandes doadores são especificamente interessados em obras públicas e também nas boas graças dos eleitos para melhorar a cidade com suas obras. Também havia doadores privados, o que me pareceria a única fonte decente de financiamento no mercado político. E ainda assim, não poderia haver donativos para candidatos específicos, mas apenas para seus partidos, pois -obviamente- o filho de Bill Gates teria muito mais recursos do que eu para encararmos as eleições em Seattle, Washington, There.

Segue-se logicamente que hoje havia -se tudo vi- quatro propagandas impressas no Nanico do Sul. Vejamos:

Candidata/o/s
Página
Espaço
Preço
Preço/cm^2
Tarsila Crusius
3
4,9 x 3,9
   1.589,09
83,15
Christopher Goulart
3
10,2 x 8,2
   6.763,84
78,94
Valter Nagelstein
3
10,2 x 8,4
   6.763,84
78,94
Márcio Bins Ely
26
5,00 x 8,4
2.261,92
53,86
 
Há comentários. Primeiro: existe certa elevação de custo menos do que proporcional ao aumento da quantidade comprada: o preço médio de Tarsila é maior do que o de Christopher ou Valter. Todos na página 3. E eu diria que o de Valter até deveria custar mais, pois entendo que o canto inferior direito em que ele divulga seu apelo dramático pela reeleição chama ainda mais atenção do que o anúncio do soi-disant neto (oslt) de João Belchior Marques Goulart. Por fim, o anúncio de Márcio, por estar deslocado do núcleo rígido do jornal, tem um precinho mais camarada.

Minha grande curiosidade é voltar a checar estas quatro candidaturas:
.a. durante a campanha e a leitura diária que faço da ZH
.b. depois da eleição, a fim de ver se -em divulgando diariamente- eles serão eleitos.
Claro que sei que há, entre o céu e a terra, outras forças que não apenas a propaganda eleitoral. Mas esta, não tenho dúvida, nos aproxima:
.a. de programas de auditório
.b. do inferno propriamente dito.

DdAB
Sem mais delongas, tirei a ilustração daqui. Só não sei quem é aquele pontinho vermelho. Mas juro que é humano. Todos nós carregamos uma pitada (ou colherada) de autoritarismo, de libertarianismo, de esquerda e de direita. Não é mesmo? Sem mais delongas, termino.

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