Querido Blog:
Esta ilustraçãozinha enclenque e setemesinha foi o melhor que achei para postar as três metades que seguem. A ilustração começou falsificada. No original, vemos seis números 6, várias coisas implicadas nem tanto na postagem mas no universo das idéias, ou seja, no universo sabidamente humano, ainda que possa haver outros universos de idéias não humanas. Não vale falar, lógico, em inteligência artificial, que é construto do universo de idéias humanas, as far as we know.
Primeira metade: fomos, Adalberto Maia, César Leal e myself à Praia do Pinhal, repetir congraçamento que realizamos desde, at least, 1965, nem sempre desacompanhados. Foi bom, teve massa, não fumanos cachimbo, como o fazíamos, digamos, em 1967-8. Eles, como dantes, usaram calça Lee. Somos ex-tagabistas os três. Lá na "Casa do Padrinho", comemos massa, claro. E revi velhos livros dele, do "Velho Walter", do próprio Adalberto. No livro da Simone -Segundo Sexo- vi, sobre a condição feminina, sua citação de JPS: "Metade vítimas, metade cúmplices". Acrescentei: "e metade algozes". E aperfeiçoei minha teoria de incriminar a vítima: se o menino de rua não fosse o vilão, ele não estaria na rua, nem jogaria sua prole à rua, at aeternum. Três metades: vilão, ladrão, sem educação.
Segunda metade: ainda na Zero Hora de sábado: artigo da p.19 de Jayme Eduardo Machado:
No seu Declínio do Radicalismo Daniel Boorstin estabelece uma sutil e oportuna distinção no significado dos vocábulos discordância e dissenção, ao afirmar: 'A discordância é o sangue da democracia, enquanto a dissidência é seu câncer. Os discordantes buscam soluções para problemas comuns a todos; os dissidentes uscam o poder para si mesmos'.
Antes eu falara de Fernando Henrique Cardoso, agora torna-se claro: é um direitoso cardoso pernicioso. Senão vejamos.
.a. Discordar: Não concordar; estar em desarmonia; ser incompatível; divergir.
.b. Dissentir: Não combinar; estar em desarmonia.
Bem, eu disse "vejamos" no sentido de que não vimos. Mas não deixa de ser educativo pensarmos na retórica envolvida pela assunção desta distinção. Harmonia é um bom divisor de águas, mas devemos pensar em "crítica construtiva" e "crítica destrutiva". O PT inventou a crítica radical, chegou ao poder -em boa medida- devido a ela. O PSDB copiou. Perdeu o poder e hoje em dia não consegue recuperar, pois é tão destrutivo (talvez seja o problema da inveja como sentimento incapacitante) que não consegue fazer algo de positivo para si próprio, not to speak of o desserviço que faz para o Brasil, por não poder articular um projeto nacional capaz de voltar a ungi-lo ao poder.
Terceira metade: agora passamos à p.18 da mesma seção dos artigos assinados. O ex-secretário do Meio Ambiente, ex-presidente da Fepam, Sr. Claudio Dilda, termina um interessante artigo dizendo a seguinte receita:
Voto facultativo e distrital. Para o Poder Executivo (presidente, governador e prefeito), mandato de cinco anos. Sem reeleição. Para o Legislativo, mandato de cinco anos com uma única reeleição. Mandatos coincidentes. Extinção do Senado. Cargos representativos não podem ser vitalícios nem vicialícios. Democracia é construção, não benesse dos donos do poder.
Ao lê-lo, pus-me very philosophical a respeito de tudo o que às vezes digo e do que gostaria de dizer. No caso, penso no artigo de Paulo Trigo sobre a teoria da escolha pública, em que ele mostra -de forma eloquente- aplicação do teorema do eleitor mediano para o caso de duas questões: mais Europa e mais governo. O eleitor mediano precisa ser buscado numa mistura destas duas questões, pois posso querer, por exemplo, federalismo com enorme participação governamental. Ou, claro, as combinações. No caso, concordo em absoluto com o voto facultativo e distrital. Discordo de mandato de cinco anos e proibição de uma reeleição para o poder executivo. Acho que o mandato de quatro anos com direito a uma reeleição para os dois poderes está ok. Sou a favor, como ele, da extinção do sistema bicameral. Ao mesmo tempo, sou a favor da extinção dos estados, acabando com governadores, seus assessores, secretários, tesoureiros, assistentes, subassistentes, conselheiros, ouvidores, deputados estaduais e sua troupe, e por aí vai. Além disto, sou pela extinção do poder judiciário, ativando mais severamente o "sistema judiciário" dentro do poder executivo, envolvendo-o com a comunidade e supervisão do poder legislativo. Esse troço de "juiz togado" é uma excrescência tão grande quanto o serviço militar obrigatório e o voto compulsório.
DdAB
3 comentários:
Caro Professor: ausente tenho andado das leituras e cometários a seu prestigioso blog, mas agora volto. Primeiramente, com um micro-comentário, quiçás irrelevante no contexto da postagem de hoje, sobre as tres metades. Me parece que Vosmicê olvidou a quarta metade: mulheres, além de vítimas e/ou cúmplices e/ou algozes, podem se amigas, seja lá o que isso quer dizer. Alguém já sentenciou que ter "amiga" é coisa de bixa, homem que é homem não tem! De ser verdade, das duas, duas: as bixas sabem se fazer amigos/as das mulheres; homens classificam de "amigas" mulheres que gostariam de devorar (e Simone que me perdoe tanto revisionismo!)
Segundamente, acho que começo a entender seu(s) ponto(s) de vista e sua cruzada em relação às drogas. A título de colaboração, envio-lhe (por e-mail, pois aqui não é possível) um video científico sobre os efeitos de diversas substâncias tóxicas sobre as reações do drogado ao volante, que talvez lhe sirva para usos pedagógicos.
Caro Prof. Ellahe:
Fico feliz em ver-me acolhendo sua sempre inteligente presença. Saudades tenho de fortes entrelaçamentos de idéias que terei protagonizado, para o bem da humanidade. Considero dever de casa olhar o video referido e vou fazê-lo a.s.a.p. Sobre a amizade, não posso negar que amo muito mais mulheres do que homens. Nem posso afirmar que ame homens, exceto os que por aqui mencionei: Karl Marx, Friedrich Engels, András Bródy, Samuel Bowles (agora também será lido por mim na versão em italiano), Graciliano Ramos, Leonardo da Vinci, Ice Cube, e por aí vai, com milhares de outros, vivos, mortos e tico-tico-no-fubá. Odeio: Seu Jorge, São Jorge, Zeca Pagodinho, Zé Capa Godinho, Martinho da Vila, e milhares de outros. Não odeio a Profa. Yeda Rorato Crusius, desejo-lhe apenas MAL*.
DdAB
MAL*. Não me interprete mal: o Movimento pela Anistia aos Ladrões Asterisco. Com tanto ladrão na política, quiseram descontar logo na minha professora Yeda. [Mensagem de cunho sentimental].
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