12 agosto, 2009

Adoro drogas!

Querido Diário:Tão amalucado é este traço do Dr. Lamachia que registrei na postagem anterior que decidi voltar ao texto dele e de Zero Hora. Dizem eles:

É preciso que as políticas públicas neste campo recebam investimentos e considerem os vários aspectos que envolvem a narcodependência, como a realidade socioeconômica do país, a conscientização da população e, em especial, das famílias, o drama pessoal vivido pelos usuários e aqueles que os cercam, as dificuldades de bem vigiar todas as fronteiras por onde passam as drogas e/ou seus componentes, as carências das entidades assistenciais e de saúde, a necessidade de recursos para os aparatos policiais, a urgência das melhorias nos sistemas prisionais e a agilização da Justiça, dentre outros fatores igualmente importantes.

Parece que podemos modelar em feitio de equação. O que modelar? "investimentos" e "envoltórios da narcodependência". Naturalmente, o investimento deverá ser representado por uma parábola de segundo grau (ou até graus superiores). Ou seja, podemos pensar que a narcodependência depende do grau de investimento em políticas públicas. Mas a relação será em parte direta e em parte inversa. Para não falar que não estamos dizendo ainda quem causa quem. Será que é o investimento que causa a narcodependência, ou a narcodependência é que induz o investimento?

Por este lado, aparece uma lacuna importante no pensamento da OAB. Ele, Lamachia, nunca de núncaras pensou em falar na diferenciação do problema em "viciados" e "grupo de risco não viciado". Nem, por sinal, a campanha "Crack, nem pensar" do jornal de onde retirei o artigo lamachiano. Parece-me evidente que eu nem deva pensar em crack, mas também entendo como evidente que o neguinho que já está viciado não pensará em outra coisa em determinados momentos críticos de sua existência. O problema sério das drogas é precisamente o dos envolvidos: que fazer com o rapaz que (literalmente) mataria a mãe para satisfazer seu desejo da fumaça? Ajudá-lo a matá-la, com a negativa de acesso à droga ou -já que tudo está perdido com ele- buscar paliativos: não matar, não roubar, etc., 10 mandamentos. A sala de consumo poderia resolver este problema, ainda que não tangencie outros. O que podemos esperar para o viciado é que sua doença seja assemelhada a diabetes ou HIV, as quais -bem atijoladas- mantêm o doente em boas condições de aproveitar alguma coisa do lado alegre da vida.

Vejamos agora o restante da sentença, imaginando que V é a variável que descreve -sei lá- o investimento u a política pública. Fazendo
R: realidade sócioeconômica
C: conscientização da população (ele destaca a parte da população constituída por famílias; não entendi...)
D: drama pessoal
d: dificuldades de bem vigiar
c: carências das entidades
n: necessidade de recursos para os aparatos policiais
U: urgência das melhorias nos sistemas prisionais
A: agilização da justiça (ele escreveu "J", com capitals)

Esta forma de expressar a sentença de Lamachia encaminha-nos à construção do que tenho chamado nas sinaleiras da cidade de "modelo teórico":
V = f(R, C, D, d, c, n, U, A).
Então precisamos começar o trabalho econométrico, que nos levará aos modelos empírico e experimental. Com este, poderíamos pensar em fazer recomendações de política econômica. Acho que haveria sinais dos parâmetros estimados que contrariariam o senso OAB/Zero Hora. Por exemplo, é possível que recursos alternativos ao fortalecimento dos aparatos policiais, direcionados ao fortalecimento dos aparatos educacionais ou sanitários, pudessem provar-se mais eficacez para o verdadeiro combate à tragédia crackiana.
DdAB

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