20 agosto, 2009

Somos do MAL*

Querido Diário:
Parece que o transformer da figura carrega ódio nos genes, idéia que considero alheia ao âmago da teoria da escolha racional, pois eu diria que máquinas não podem ser "boas" ou "más" simplesmente porque não pensam. Quando dizemos que "pensam", usamos o códice da "inteligência artificial". Esta, como diz seu próprio nome, não é "inteligência". Seja como for, há quem diga que as máquinas, ao virem a tornar-se mais inteligentes que os humanos, dominarão o mundo. Às vezes, como as máquinas de Isaac Azimov e sua positrônica, penso que isto seria vantajoso para pessoas de meu porte.

E se os políticos seguirem dominando? Aí, meu chapa, caímos no MAL*, movimento que está assumindo forma concreta e, como não poderíamos deixar de crer, fugindo ao controle de seus fundadores. Não devemos confundir o mal com o MAL*. O segundo é o Movimento Anistia aos Ladrões (o asterisco querendo dizer apenas: políticos agatunados, ou seja, todos). Como sabemos, este movimento propõe que esqueçamos todas as ladroagens e zeremos a conta da decência a partir de, digamos, primeiro de janeiro de 2020. Um prazo razoável para todos darmos um jeito na política. Os tributaristas do MAL* sugerem apenas:
.a. lei do orçamento com caráter universal
.b. imposto de renda progressivo
.c. imposto sobre a transmissão de bens inter-vivos (ou é "intervivos", sô?)
.d. imposto sobre herança.

Disse Charles Darwin ou outro que, se mexermos no fluxo, in due time (no original), o próprio estoque será completamente novo. Sábias palavras já usadas pelos contabilistas sociais do MAL* para o cálculo do estoque de capital de uma economia com base no Método dos Estoques Perpetuados".

Desejoso de acelerar o projeto de lei que encaminha a anistia a todos os ladrões*, o Departamento de Ciência Política do MAL*, citou em seu boletim de hoje um consagrado provérbio árabe: "É apenas por ser dotado pela natureza por um bom par de ombros largos que o camelo tem sua cabeça impedida de imiscuir-se em orifícios mundanos." Filosofava ele, Departmento, sobre a notícia da p.16 de Zero Hora de hoje: "Senador Petista anuncia intenção de deixar sigla". Claro que os advogados do MAL* entraram com sua liminar para que o Senador Flávio Arns (PT-PR), formerly at (diria Darwin) PSDB, por este haver-se estranhado com a norma de seu partido (de seus pares, dizia um vizir muito sabido) que requer apoio à manutenção das atividades parlamentares (ou seja, negar o ócio, negócios) do Senador José Saney (consagrado político do estado do Acre, ou Santa Vitória do Palmar, um troço destes). A vidente do MAL* anunciou que este Sr. Arns não é visionário, pois todos sabemos há muitos anos que o PT é um partido do mal. "Valdomiro Diniz", disse ela, e fechou-se lá com seus astros.

O pior para o Senador Flávio Arns (PT-PR, formerly at PSDB) é que Zero Hora disse que ele disse: "O apoio do PT a José Sarney mostrou que o presidente Lula colocou sua digital no arquivamento."

Um menino de rua, inspirando-se na leitura do Boletim do MAL* acima citado, com o destaque ao provérbio árabe mencionado disse, imitando o sotaque de Vacaria: "Mas, tchê, só hoje tu te deu conta de que havia um problema?", confidenciando-me que ele próprio, o mendigo-menino que sua desilusão ocorreu mesmo foi no primeiro dia do Governo Lula, carimbando-se com o incidente de Valdomiro Diniz. Seu amigo, que cheira cola de sapateiro, disse que seu amigo (o primeiro dos mendigos que cito) é ingênuo, pois ele (o da cola) declarou-se farto das composições que levaram Lula a montar seu ministério. Outros iriam manifestar-se sobre o começo do fim da ilusão quando o sinal verde sobreveio e tive que afastar-me. Não o fiz, porém, sem antes passar-lhes um cartão de visita (de myself, como diria Darwin) contendo, no verso, o seguinte silogismo:
M: Todo político é ladrão
m: Todo ladrão é político
C: Logo todo político e todo ladrão são farinha do mesmo saco.

Não seria melhor para a humanidade que o Senador Flávio Arns encaminhasse a liminar ou o projeto de lei que proclama a decência na política para daqui a alguns anos. Digamos, duas ou três eleições mais adiante, quando a shadow of the future, diria Darwin, fará esmaecerem-se seus "dividendos eleitorais". Neste caso, ele poderá sentir-se inclinado a deixar a honestidade imiscuir-se, pois aderir a ela afetará apenas os outros, os da geração futura, que deverão tornar-se honestes, dada a nova estrutura de incentivos a eles acenada. Os meninos de rua poderiam esperar, ou terem a solução de seus problemas resolvidas naturalmente: em 10 anos deixariam de ser meninos...
DdAB

p.s.: Mas o pior ainda estava por vir. p.44 de ZH: "Alô mais barato; Projeto prevê desconto nas ligações de gagos". Trata-se da iniciativa parlamentar do Deputado Estadual Cassiá Carpes, do PTB, ex-vereador e ex-zagueiro do Internacional (ou era do Grêmio, um troço destes, pois que "ex-zagueiro" e "Internacional" delimitam o universo do discurso; é um vivente originário do ludopédio). Mas não é apenas dele: compartilha o Deputado Diogo Tata (PMDB de Mato Grosso do Sul, onde morei na preadolescência, era isto?). Já avisei: só bebendo (ver loja de liquors anunciada ao lado da polvorosa do transformer da ilustração de hoje). Agora acrescento: inicie logo, pois vai faltar cachaça! Que querem os dois políticos (ergo...)? Que tartamudo pague meia entrada nos telefones celulares, pois perdem metade do tempo gaguejando. Só bebendo, meu chapa. Vai faltar liquors.

p.s. ao ps: Esse troço de "diogo tata" não é uma alusão politicamente incorreta ao "entaramelar" de um colega que tive no Grupo Escolar General Malã e que, também ele, era balbo? Vou mandar este troço a Moacyr Scliar, com seus sobrenomes que condicionam destinos: um demóstenes do Pantanal.

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