28 agosto, 2009

O MAL*, a BM e a BAM

Querido Blog:
Terminando o inverno porto-alegrense, estes ursos não serão vistos pelas ruas da cidade tão cedo. Seja como for, disseram-me que eles estiveram desempregados e conseguiram solidariedade humana na Vila Tripa, ou Vila Aeroporto, os relatos divergem. Ouvindo que alguns políticos queriam mandar tingir o pelo desses dois ursos de preto, o MAL* entrou com uma liminar.

O MAL*, como sabemos, é o Movimento pela Anistia aos Ladrões*, ou seja, não queremos anistiar qualquer ladrão, apenas os "*". Em contraprestação, queremos que, daqui a 10 ou 20 anos, haja lisura na administração pública do Brasil. Nossa inspiração teórica rege-se pela intuição de que os políticos agatunados, ao saberem que, nas eleições de 2020, não poderão dar vasão a seus impulsos patrimonialistas, reduzirão o pay-off do jogo político em que ingressariam e, vendo a recompensa reduzida, abandonam-no. Ou seja, consideramos o jogo da política como de estratégia forte para o político, ainda que o eleitor seja movido por um jogo de estratégia fraca, eis que sua participação é compulsória.

A BM é a Brigada Militar, apontada no jornal ZH de hoje como recusando-se a revelar o nome do soldado que declarou ter disparado um tiro que culminou por matar um integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra. Sempre, nestes casos, lembro dos artigos de Marx e Engels sobre "o roubo de madeira". Nada mais corriqueiro, nada mais relevante. Direita e esquerda dividem-se precisamente a partir das reflexões sobre eventos desta dimensão. Sou contra a pena de morte para o assassino, para não falar do morto propriamente dito. Não li muito, mas entendi que a Brigada Militar é proibida de usar armas no exercício de suas funções. Uma liminar, ou duas, sei lá. O problema não é propriamente o fascismo da Brigada Militar mas a falta de eficiência do sistema judiciário que:
.a. proibiu-a de usar armas (pode um poder de polícia despido dos mais avançados instrumentos de manutenção da ordem? só na ditadura? ou é mesmo na ditadura que não pode? e pode quando? tem que proibir a produção de armas? dissolver os órgãos de manutenção da ordem, privilegiando a ordem espontânea? acabar com os estados, o senado?)
.b. vendo-a desrespeitar sistematicamente decisões judiciárias e constitucionais (e.g., tortura ao preso comum) segue ganhando seus milhares de reais por mês e deixa estar, pois a liminar elimina tudo, inclusive o orçamento público. Por que os juízes não mandam cumprir a lei do orçamento? Por que o tribunal de justiça tem receita própria, apartada do Tesouro?

A p.51 de Zero Hora tem o artigo "Novo fôlego ao MST", de Carlos Wagner. Diz ele, com minha redação: os abrigados pelo MST da fronteira gaúcha vivem um problema, pois a linha política da direção proibe arrendar terras de assentamentos, o que contrasta com as preferências dos seguidores do MST que exibem um novo perfil. Diz ele verbatim: "Hoje são os desempregados urbanos que buscam um meio de sobrevivência."

Já falei há muito tempo que o problema do desemprego não é o desemprego, mas a falta de renda. E falta de renda se resolve com renda básica universal e não com reforma agrária. E que o problema do trabalhador rural poderia ser revolvido com a criação da Brigada Ambiental Mundial, uma organização financiada pelo Banco Central Mundial etc., conforme se vê em meu perfil bloguiano à direita de quem me lê. Direita no sentido liminar-geográfico. E mais ainda, trata-se de um problema de econometria saber quanto precisa ser gasto para "bribe" o militante do MST, tornando-o um trabalhador desta quimérica brigada, que não dá tiros, que ativa e atira rosas, que dá o pão a seus trabalhadores, mas também lhes dá:
.a. três horas de ginástica
.b. três horas de aula (tabuada neles!)
.c. três horas de trabalho comunitário (cozer pão, cultivar rosas).

Sou crítico acre (epa, nem queria falar do heróico povo do Acre que elegeu e reelegeu Sarney milhares de vezes como seu representante, manifestando pesado nível de falsa consciência) do estilo "repercussão" da condução da agenda de esquerda e da própria ação dos políticos (ou seja, suspeitos de roubo). Sou crítico sibilino da "realpolitik", acho que o estoque acumulado até o presente está irremediavelmente perdido, que precisamos corrigir o fluxo para, in due time, termos um estoque de mais pedigree. Ou seja, em 2020, o planeta seguirá girando e poderemos chegar lá com instituições mais sólidas, ou com a mesma bagunça na cidade e no campo, em terra, mar e ar, no protecionismo alfandegário, ao roubo de madeira e de tudo o mais, aos impostos distorcivos, e tudo o mais. E tudo o mais. E por aí vai.

DdAB
Edições de 27/fev/2020 às 22h15min. Procurei, procurei há vários dias e apenas hoje é que me dei conta de que eu mesmo publicara em meu site os fronts de ação organizativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra - MST, M.S.T.
Tá aqui: Alimentação, Saúde, Higiene, Segurança, Infra-estrutura, Comunicação, Cultura (+Educ.Física), Mística.

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