10 novembro, 2010

As Férias Mexicanas de Jean e Jane

querido diário:
de minha parte, evoquei a frase de Henri Agel: "puisque l'impossible accède à la catégorie du vrai, le vrai, à son tour, peut accèdre à la catégorie de l'impossible." (ver). eu falava de Buenos Aires, no final de julho/2010. e via coisas surrealistas para aquela antigamente garbosa cidade. vi papeleiros,  ouvi que milhares de taxistas afanaram milhares de turistas, até acho que vi meninos malabaristas de sinaleiras...

um impossível que acedeu à categoria de vrai foi o que hoje Zero Hora noticiou na p.29: "Aos 50, mãe e avó de um mesmo bebê", com a divertida chamada de "dupla emoção". "Cá entre nós", pensei, "que tipo de arranjo parental pode ser feito para se alcançar um desarranjo da natureza desta natureza?" animais? tá cheio de animal que é seu próprio filho, ou sei lá. Moll Flandres, se bem lembro, pariu na Inglaterra, abandonou o rebento, migrou aos Estados Unidos, o filho seguiu-lhe os passos -sem o saber-. conheceram-se, casaram-se, procriaram. não é nada, comparado com esta caso mexicano, de acordo a notícia. a mãe de um rapaz de 31 anos -de nome Jorge-, declarado GLS, na conexão G, induziu-o a envolver-se com ela, por meio de uma inseminação artificial. tudo no estado de Jalisco, que tem sua noiva chamada Guadalajara.

pois bem. no outro dia, postei alguma coisa aqui falando nas possibilidades conjugais que se abrem com a possibilidade de casamentos GLS (mais, claro Gs e Ls, que muitos Ss, como é meu caso, sempre casaram; eu mesmo o fiz uma boa meia dúzia de vezes...). imaginei comunidades poligínicas ou poliândricas, comunidades mistas. e agora chego a prever que haverá naves casamenteiras com, digamos, 1.000 homens e 3.146 mulheres, todos casados entre si. mas isto não é nada. o problema anterior diz respeito à adoção. qual será o tipo de família enlargecida que poderá adotar filhos? já que filho pode procriar com a mãe, que tal também pensarmos nas regras da adoção? pois imaginei o seguinte, que é uma pérola a criticar o moralismo da macacada.

Jean e Jane (ver captura; espero não estar sendo inconveniente) são duas astronautas muito amigas, ambas inclinadas irremediavelmente para a heterossexualidade, mas são solteironas convictas. pois elas decidem, cada uma, adotar uma criança. Jean gostaria de adotar Jean (João, em francês) e Jane adotaria Jean (Jane, ou Joana, em inglês). pois cada uma contrata seu advogado -do setor pertinente de outra nave  do mundo da lua povoada exclusivamente por eles...- e o juiz proíbe, pois mulher solteira não pode adotar. então elas decidem casar-se, o que lhes dá o direito também à adoção de pimpolhos. encerrada a cerimônia do casamento (com separação total de bens), os mesmíssimos advogados -instruídos pelas autoras- entram com um pedido de divórcio, com separação de corpos, e a guarda dos filhos sendo dividida: Jean fica com Jean e Jane fica com Jean. tudo muito claro e explícito, uma menina com a menina e a outra menina com o outro.
DdAB
p.s.: esta postagem deve, em alguma medida, inspiração às frutuosas discussões que tenho mantido sobre a natureza humana com Marcelo Baimler, da Rádio Baimler FM, e Olga Veiga, terráquea de primeira qualidade. pelo que imagino, eles ainda não viram nada, se imagino que vou impactá-los positivamente com a proposta de um novo tema para nossa filosofia.

P.S. de 15/dez/2015: às 11h20min de hoje, troquei o nome de Rimbaut lá no alto do texto pelo que consta. A memória falhou ao citar aquele "puisque l'impossible..." E de onde tirei esta citação, eu, que nunca li o mr. Henri Agel? Da epígrafe do livro "O Púcaro Búlgaro", de Campos de Carvalho.

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