01 outubro, 2014

Os Aposentados do Século XXII


Querido diário:

Quem nasceu/nascer hoje (ainda há tempo), terá 86 anos de idade na passagem do século. Se não houver destrambelhos acentuados, teremos -no lado alegre- o governo mundial e -no lado realista- um problema previdenciário. Como é que faz para pagar aposentadoria a gente vai relutar em morrer antes, digamos, dos 120 ou 150 anos de idade? Deve-se fazê-los trabalhar toda a vida? Trabalho? Trabalho remunerado? É óbvio que, quanto mais os velhos perduram no mercado de trabalho, menos ingresso haverá para os jovens.

Se acabo de revelar minha concepção de que rumamos para a formação do governo mundial (já temos o banco central mundial, a polícia mundial, e algumas outras instituições, como a WHO agora ataca o vírus ebola, a FIFA, outro vírus do futebol, e por aí vai), que dizer das próprias regras distributivas que vêm funcionando há pelo menos uns 200 anos? Digo que elas irão mudar.

Invoco para tanto em primeiro lugar o primeiro teorema do PIB, que diz, candidamente, que o PIB corresponde a 100% do PIB. Quero dizer, a distribuição de renda inter-gerações deverá considerar aquelas pessoas com horizontes mais expandidos de vida. Em segundo lugar, invoco a possibilidade de crescimento permanente na produtividade do trabalho, ou seja, produzir-se-á mais com menos gente. Quero dizer, haverá maior disponibilidade de bens e serviços por habitante, restando o problema de demanda efetiva, ou seja, de onde sairá o dinheiro para essa turma comprá-los. E a resposta parece óbvia: de transferências de renda (entre famílias ou entre o governo e as famílias, mais -digamos- cidadãs, pois sabemos que há problemas enormes no tratamento dado aos velhos por seus próprios familiares).

Então vale transformarmos o título da postagem em pergunta: que acontecerá com os aposentados do século XXI? Parece que a resposta é simples: a sociedade deverá promover uma mudança cultural de sorte a dar-lhes um rendimento que garanta existência digna.

DdAB
A imagem veio daqui. E o tema originou-se de interessante interlúdio que mantive com Rafael Peres.

2 comentários:

Rafael Peres disse...

Boa noite Duílio! Foi uma prazer recebê-lo em minha casa ontem. É sempre um aprendizado conversar contigo.
Sobre o tema do post, entendo que este deverá ser talvez o principal desafio dos próximos anos, como lidaremos com essa perspectiva de vivermos 120 - 150 ?! A sociedade deve mudar para se adaptar ao assunto.
Abraço,
Rafael Peres.

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Éhhhhhéeeeeééé, Rafael!
Obrigado pela instigante conversa e pelo preclaro comentário. Por modéstia, não comentei alguns fatos demográficos: a população brasileira começará a decrescer em torno de 2040. Em 2047, eu deveria fazer 100 anos. Mas suspeito que, com boa sorte, apenas lá é que estarei dando minha contribuição para a redução do estoque...
DdAB