26 outubro, 2014

Eleições: Iluminismo e Rent-Seeking


Querido diário:

A foto que nos encima saiu de meu próprio telefone celular quando eu me dirigia à Escola Franklin Delano Roosevelt, onde sou obrigado a votar. Se não votar, torno-me criminoso e, como tal, passo a ser proibido de votar, não é mesmo? Ideia esdrúxula que capturei pela primeira vez ao visitar o Museu Britânico: contribua pecuniariamente, a fim de que a visitação possa manter-se grátis. Aproveitei a ideia na campanha do uso da gravata: usá-la antes que isto se tornasse obrigatório.

Muitos políticos (id est, ladrões) convidaram-me a fazer propaganda de indústrias produtoras de gravatas que lhes financiavam as campanhas eleitorais. Um deles confessou ter adquirido uma mansão na Riviera Francesa (ou era um mero edifício [inteirinho] com este pomposo nome?).

A foto que nos encima ilustra, isto é, dá brilho, ao drama brasileiro contemporâneo que chamo de anti-iluminismo. Iluminar, dar brilho, jogar à luz é uma coisa. Ter postes cheios de fios prontinhos a cair sobre os escolares e demais transeuntes, inclusive os da feira livre que se reúne naquele local todas as quintas-feiras das 15h00 às 20h00, é bem outra.

A foto que nos dá piso ilustra o rent-seeker a que me refiro no título da postagem. Vi-o ao passar no rumo do colégio já chamando pessoas, gritando e mesmo atrapalhando o trânsito no afã de retirar sua parte de M, isto é, a oferta monetária avalizada por certo P x Q (isto é, valor adicionado). E respondendo à equação quantitativa da moeda, ou seja, M x V = P x Q. Este M de que falo é, natural e obviamente, o que os livros de teoria monetária chamam de moeda manual, pois escorreu da mão do motorista do carrinho vermelho para as vetustas mãos do rent-seeker.

Se tivessem indagado a este Planeta 23 o que fazer nos próximos quatro anos, eu certamente recomendaria um programa de construção de galerias urbanas para esconder toda a fiação que cobre os espaços citadinos contemporâneos. E mais ainda:

.a. que empregasse gente como aquele rent-seeker
e
.b. que empregasse outros rent-seekers (que, deste modo, deixariam de sê-lo) a fim de impedir que a população seja achacada por políticos e outros improdutivos.

Ainda faltou falar das eleições: uma vez que eleição rima com ladrão, ouvi dizer que querem mudar a grafia desta palavra para ladrinho, o que deixaria os políticos livres da acusação de serem ladrões. E no outro dia já declarei meu voto: grupos de esquerda ladrões e grupos de direita ladrões levam-me a expressar minha preferência pelos primeiros. Minha avaliação subjetiva da probabilidade de que haverá mudanças nos próximos quatro anos: nihil.

Mas a notícia benévola para horizontes de tempo superiores a quatro anos é que vislumbramos, preso ao poste, num quadrinho branco, os seguintes dizeres:

AULAS
Matemárica
Química
Física
3219.6667.
Presumo que 051+este número, não é, não? Em menos de 51 anos tudo se resolve.

DdAB
Foto que nos dá piso:

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