12 maio, 2013

A Voz do Narrador

Querido diário:
Ainda vou escrever mais sobre o assunto: quando é que o narrador fala em seu nome e quando é que ele apenas dá voz aos personagens. Meu exemplo de hoje é retirado de Um Lugar ao Sol, de Érico Veríssimo (São Paulo, Companhia das Letras, 2006, p.71). Cito dois parágrafos:

   Fazia já mais de uma hora que ali estava. Doíam-lhe as costas. Em pensamento já agredira o prefeito de mil modos. E antevira de mil modos também as consequências da agressão.
   A cena fora rápida. Investiu com raiva contra o major, desferiu-lhe um soco no queixo, derribando-o. A ordenança correu. Uma detonação. Ele sentiu uma dor aguda no peito, e caiu. Levaram-no para o hospital. Os melhores médicos o desenganaram. Mais um cadáver ficou estendido no dia seguinte na sala do casarão. Clarissa soluçava sem poder chorar.

Tudo era imaginação de Vasco Bruno, ainda que pudéssemos pensar na objetividade do narrador.

DdAB
Imagem daqui. É disto que os quatro livros de Érico falam: a decadência da família Albuquerque - agropecuaristas, transformados em trabalhadores assalariados urbanos em Porto Alegre!

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