11 maio, 2013

Racionalidade: exemplos e contraexemplos

Querido diário:
Já está registrado para festejos elsewhere o que aqui (e indo além) lemos. Hoje quero fazer algumas considerações mais rasas, esperando a avaliação crítica do sábio Bípede Pensante. Como se sabe, às vezes, há convergências estruturais entre nós e, mais raramente, divergências "de lascar o cano". Bondosa, ela atribui a questões metodológicas, mas eu -mais macaco do que auditório- considero mesmo minhas opiniões um tanto micológicas.

.A. Quando dizemos que, agindo racionalmente  (racionalidade instrumental), o indivíduo que tem pressa em chegar do trabalho a casa escolhe o caminho mais curto (C1.1) ou outro que lhe toma menos tempo (C1.2), o que estamos afirmando é que este comportamento o aproxima de seu objetivo mesmo que adotando o percurso mais longo. 

.B. Este "ou" em negrito é significativo, pois permite-nos ligar a concepção instrumental (vista em .A.) com outra mais branda (racionalidade processual). O trajeto C1.2 poderia ser: mesmo que às vezes levemos mais tempo percorrendo este caminho, em média, ele nos leva a casa em menos tempo. Poderíamos ainda pensar: mesmo que mais longo, o caminho C1.2 pode nos deixar mais cedo em casa ou ingerirmos na sorveteria do Parcão um elixir adequado. Chego cedo, mas -se chegar tarde- tenho em compensação na barriga um saboroso sorvete.

.C. Existe ainda um outro caminho que posso seguir, em detrimento dos demais, que expressa minha adesão a outras considerações (racionalidade expressiva), como, por exemplo, quero chegar cedo, mas não vou me furtar de dar uma paradinha na sorveteria, pois lá me se encontra um amigo que precisa que eu lhe empreste D$ 1.000. A relativa urgência de cumprir o objetivo e a paralela escassez de tempo dão lugar a valores mais profundos que esposo: não gosto de ver amigos endividados com terceiros.

.D. Consideremos agora um contraexemplo: saí de casa e fui assaltado (parentes do prefeito, sem dúvida). Isto não significa que evadi-me do conceito de racionalidade instrumental, mas apenas que havia uma relação entre meios e fins (eu queria ir ao cinema e acabei na delegacia, denunciando os CCs que praticaram o crime) bem definida, mas que foi submetida a outras ações. Outro: fui cortar uma fatia de pão com uma faca normal e acabei cortando o dedo. Garanto que não queria nem ser assaltado nem cortar o dedo. O que houve é que minha ação racional atribuía probabilidades subjetivas ao assalto (em Porto Alegre, quase 100%) e cortar o dedo (nesta mesma cidade, 0,0001%, ou seja, a cada 10 mil vezes que corto o pão, tiro uma fatiazinha de dedo humano).

DdAB
Imagem daqui. Olhei atentamento o anúncio (chinês?) e vi que a compra mínima é de 2.500 unidades. Ou arranjo 2.499 sócios ou desisto, crendo estar agindo racionalmente.

4 comentários:

Bípede_Pensante disse...

O que percebi foi que terei que trabalhar muito mais no paper do que estava imaginando...

De todo modo, mais uma vez obrigada, chefe!

Brena.

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Ficam faltando, assim, apenas 2.498 parceiros.
DdAB

Anônimo disse...

Prof.Duilio...um dos gênios que a humanidade ainda não reconheceu... Forte abraço. Cássio Moreira

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

aêhhh, Cássio:
Acho que acabaremos (tu e eu) presos incomunicáveis... Grande abraço!
DdAB