13 setembro, 2009

Ambos os 600: morrer no mar

Querido Blog:
Pensei que esta postagem dominical poderia ser altamente artística. Tudo isto porque hoje fui lembrado que escrevi, em tenra idade, o que poderíamos -com bondade- chamar de poema:

É doce morrer no mar
No azul-vermelho do mar.


O -por assim dizer- poema foi composto por mim, alegadamente, sob inspiração de umas fotos de caça à baleia publicadas na revista Realidade, a iniciativa -segundo ouvi- da Editora Abril organizando-se para lançar a Veja. Também é inegável a influência no jovem (de antanho) poeta do consagrado bahiano Dorival Caymmi.

A foto acima nada acusa de azul-vermelho. A mancha vermelha não é de todo alheia aos movimentos da vida marinha. Mas torna-se patética quando vemos indivíduos armados de modernos instrumentos de morte predando a fauna marinha. Espero reencarnar -por assim dizer- vegetariano.

Dado que o domingo abriu-me a veia poética em planos absolutamente além de minha imaginação, volto a trabalhar a questão do "ambos os dois". O original está no capítulo 102, "De Casada", de "Dom Casmurro", na p.185 da edição L&PM, dizendo:

-Este é o doutor Santiago, que casou há dias com aquela moça, dona Capitolina, depois de uma longa paixão de crianças; moram na Glória, as famílias residem em Mata-Cavalos.
E ambos os dois:
-É uma mocetona!



Além deste "ambos os dois", já andei escrevendo "ambos os três":

Ela e ele ouviram novamente o Concerto de Aranjuez. Apreciaram ambos os três movimentos.

Claro que ocorreu-me de imediato a seguinte variante:

Ela e ele ouviram a Sonata n.12 em Lá maior, opus 26, de Ludwig van Beethoven. Apreciaram ambos os quatro movimentos.

Insaciável, prossegui no tema:

Parecia idéia fixa: Anita e Assis passaram duas horas cantando 'Napoléon avec ses 100 soldats'. E imaginaram ver ambos os 100.

Por fim, ocorreu-me:

Anita e Assis ouviram Beethoven durante duas horas. Ambas as duas os dois elogiaram fartamente.

Ok?
DdAB

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