15 setembro, 2009

Coisa de Português: a Madame Mim

Querido Blog:
Hoje vemos a Deputada Stela Farias de quem -no outro dia- comentei a importantíssima auto-definição como marxista-cristã. Intelectual de porte, intuo que ela portará, como diria Lourdette, um santinho naquele colar de miçangas. E isto não deve ser confundido como crítica ad hominem, pela comezinha razão de que a Deputada não é homem...

Que veio fazer Sua Excelência nesta postagem? Assim, ó. Disque, quando foi preso e algemado sob suspeita de roubar merendas escolares (ou era outro tipo de constrangimento?), o Dr. Fávio Vaz Netto requereu aposentadoria da condição de advogado do estado do RGS, um dos estados mais malhados da federação iluminada pelo Cruzeiro do Sul. Sua chefe e amiga da repartição que o-a pagava deferiu imediatamente e os trâmites legais (ilegais?) foram todos cumpridos e o Dr. Flávio foi declarado aposentado, ainda que -depois- houveram (eu disse "houveram"?) diversos movimentos contestatórios: como pode um rapaz acusado de lesar as burras aposentar-se com o que sobrou? Não calunio. Apenas alinho-me como leitor de Zero Hora e seu noticiário das páginas de política e de polícia. The politics of policies, um troço destes.

A notícia que circulou hoje em Zero Hora (p.6) -ou pelo menos foi assim que entendi- é que o Dr. Flávio foi aposentado por problemas de invalidez permanente para o exercício do cargo de redigir (ou ditar) em português moderno. Às 13h31min de 29/10/07, o ilustre counselor teria dito: "Oi, professor. Eu lhe incomodando aí, né?" Se bem entendo deste troço que caiu no vestibular de economia no ano de 1968, português, o verbo "aí" é transitivo direto, o que exige que o adjunto adnominal cardinal "lhe" seja substituído pelo advérbio de modo estocástico "o". Ou seja, "Estarei eu incomodando-o?" Mas quem sabe português? E quem se importa com isto? Não bastasse, o Dr. Flávio -jurista da administração pública estadual- invocou a Madame Mim: "Só para mim poder organizar aqui." Neste caso, a situação é mais simples, como disseram-me há muitos anos: Mim é a Madame! E disque ela enfeitiça quem não fala português, como foi o caso do Presidente George Winston Bush. Não sei se falaram, naquele tempo, na Madame Stela, na Madame Yeda ou na cantora Rosemary e sua imortal canção:

Sexta-feira enluarada
Bem na sua encruzilhada
Um feitiço novo eu vou botar
Meu feitiço vai ser forte
Vai mudar a minha sorte
Vai fazer você de mim gostar
Uma rosa amarela
Dentre todas a mais bela
Para o meu feitiço enfeitar
Vou pedir ao pai-de-santo
Muita reza em seu quebranto
E fazer você pra mim voltar

Oxalá vai me ajudar
Oxalá vai me ajudar
Oxalá vai me ajudar
Oxalá vai me ajudar

La la la la la

Sendo broto então eu acho
Moderninho o meu despacho
Eu garanto que não vai falhar
Amarrei o seu retrato
No bigode do meu gato

Ele não parou mais de miar
Suas cartas eu rasguei
E o retrato eu joguei
Onde você vai ter que passar
Vou pedir ao pai-de-santo
Muita reza em seu quebranto
E fazer você pra mim voltar

Oxalá vai me ajudar
Oxalá vai me ajudar
Oxalá vai me ajudar

Todos os grifos e hieroglifos (olha a Mme. Lourdette...) são de minha autoria. E o destaque para "amarrei o seu retrato no bigode do meu gato" ajudou-me a organizar minha existência há muitos anos, quando tentei enveredar pelo caminho do crime e ameaçaram-me com uma cadeira de vereador na Câmara Municipal. Desisti, claro. Oxalá iria ajudar-me, enquanto eu lia as produções Disney e a imortal Madame Mim. Eu teria feito, afinal, apenas um reparo estilístico: "amarrei seu retrato no bigode de meu gato", pois acho que a regra geral é que o pronome não seja determinado/indeterminado pelo artigo, não é, Dr. Paschoale?
DdAB
p.s.: por tudo isto é que o MAL* (Movimento pela Anistia aos Políticos Ladrões) quer zerar toda esta baixaria e começar vida nova em 2010. melhor 2010 do que nunca!

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