02 setembro, 2009

Infinito para todos os lados

Querido Blog:
Esta é a última postagem de truques "gráficos" com o comando "print screen" editado pelos programas "paint" e "photoshop". O limite destas postagens seria infinito, ou seja, eu poderia seguir ad aeternum fazendo uma postagem, copiando a tela do computador com a imagem resultante, levá-la ao "paint", editá-la com o "photoshop" e publicando-a. Achei desnecessário, ainda que este pensamento me ofereça certo conforto e até a sensação de imortalidade.

Explico-me. Há quase um quarto de século, quando voltei a ser professor em tempo integral na UFRGS, encerrando definitivamente minha relação de trabalho com a FEE, assisti a uma exposição de arte no prédio da reitoria. Já nem lembro de que arte se tratava, pintura ou foto, ou ainda nem arte seria. O que se tornou indelével naquela primavera de 1987 foi a sentença "a arte contribui para entendermos o infinitamente pequeno e o infinitamente grande".

As três imagens da série que hoje encerro rumam do -digamos- médio ou minúsculo ao reduzido, tendendo ao infinitamente pequeno. Poderíamos, com auxílio de fotocópias ampliadas ou programas de computação gráfica, expandir a imagem original, ou uma foto do computador de alta resolução, levando-a ao infinitamente grande. O limite, já sabemos, é a escala 1:1, como referi na postagem original, onde fiz referência ao autor que permitiu-me "viajar" sobre estes assuntos. É possível que, antes do argentino Jorge Luis Borges, o italiano Umberto Eco tenha-me permitido este tipo de voo, com meu amado livro "Viagem na Irrealidade Cotidiana". Se não por isto, lá -no gringo- li um pouco mais sobre a holografia e a arte que dela pode-se construir. Entusiasmado com o livro de Umberto Eco, na viagem à Europa de dezembro/1987-janeiro-1988 (quando conheci Andrew Glyn e começamos as tratativas para meu doutorado), comprei -em Londres ou Paris- uma holografia, que durou uns 10 ou 15 anos e desvaneceu-se sob uma luz aziaga. Com luzes cândidas, poderia ter vivido mais. Era mortal. Ou era imortal e foi levada à morte por um meio-ambiente hostil.

Nos livros de ficção científica que eu lia na época (Perry Rhodan, uma série alemã que, se eu fosse honesto mesmo não confessaria, mas iria imediatamente tentar comprar mais uns números para ver onde anda aquela turma de heróis celestes, pois os trabalhadores assalariados que lhes deram viva em pulpa é que não gostaria de perder lá seus empregos), falava-se na "imortalidade relativa", ou seja, havia seres (não eram os humanos) que não morriam de causas naturais, apenas em resposta a acidentes. Claro que esta odiosa limitação também foi vencida em outra das aventuras dessa plêiade de heróis extragaláticos, pois eles vieram a defrontar-se com um povo (havia espantoso antropocentrismo naquela concepção, por contraste à "grande núvel" de Fred Hoyle) que tinha o poder de -mesmo morrendo- voltar a reconstituir-se, como um fênix.

Esta situação da possibilidade da existência de um horizonte de planejamento literalmente infinito levou-me a pensar na ciência econômica, na teoria do valor, que eu dera um curso de economia marxista (Sweezy, Desai, "pequenas obras" de Marx e leitura paralela d'O Capital). Que ocorreria com o valor das mercadorias se o horizonte de vida humano fosse infinito? Minha resposta é: tornar-se-ia nulo, pois a acumulação de capital seria tão grande que o trabalho humano seria praticamente proscrito, substituído pelas máquinas. Hoje minha proposta ecológica é que a humanidade se organize (por meio da lei do orçamento público...) e abandone o planeta dentro de poucas gerações, umas 10 ou 20. "Os povos astronautas", a busca do horizontes de tempo de vida humano mais dilatados. Talvez a busca de "viver para sempre" ou viver e ressuscitar, num sentido diverso do de "reencarnar". Vencer o que Marx, Perry Rhodan, Borges, Eco, e milhares de outros, diriam ser a pré-história da humanidade. A verdadeira história começará quanto todos puderem ser testemunhas permanentes da evolução do conjunto, retendo e cultivando sua própria história pessoal e de seus ascendentes genéticos e culturais.

A pequenez humana foi definitivamente incorporada na vida moderna e muito a devemos à capacidade de retermos as mensagens de cientistas como Galileu e Darwin. Hoje, ao contrário de Einstein, sabe-se que ainda faltam explicações para fenômenos tão pervasivos quanto as quatro leis universais (gravidade, eletromagnética, nuclear forte e nuclear fraca). Sabe-se de buracos negros e matéria escura, mas não se sabe onde isto nos levará. Freeman Tyson (que escreveu o livro que dá título à postagem de hoje) disse que daqui a 50 anos, teremos (nem ele, nem eu, by the way) uma nova física. O "universo conhecido" será substancialmente ampliado.

Vou parar, pois Andrew diria (como o fez entre 1989 e 1991): aqui tens material para 20 postagens (teses) e eu quero apenas uma. Mas faço o último registro "pessoal". Digamos que, em 1985, Dui e eu tivemos a atenção chamada para um detalhe comum a dois discos (cuja memória não recupera agora, por sinal, talvez haja imprecisões no que digo acima) que muito amávamos na época, e se deixamos de fazê-lo é porque a tecnologia "bolachão" morreu). Trata-se da dupla Egberto Gismonti e Jean-Luc Ponty. Eram capas retendo um padrão que se reproduzia infinitamente. Depois vim a "viajar" sobre o número pi e sobre a teoria do caos. Andrew consegui que eu fizesse apenas uma tese. Será que serei capaz de fazer apenas uma postagem?
DdAB

2 comentários:

Perry Rhodan disse...

Duilio, chegará o dia em que nos tornaremos povos astronautas.
Rogo que nos poucos séculos que faltam para isto, depois de milênios passados com inalterada mentalidade de “pequenez humana”, aja a evolução espiritual/moral/social do ser humano. Só a tecnologia tem evoluído...
Contaminaremos o universo?
.
Ah! A série Perry Rhodan já ultrapassou 2500 livros na Alemanha, sabia? Estão querendo “viver para sempre”!
Li que ela intercalou fases de mudanças interessantes, e muito mais do mesmo, nestes 48 anos. Pena que não sei alemão.
No Brasil o maior núcleo de leitores está na comunidade Orkut: Perry Rhodan Brasil
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=66731
É possível ler centenas dos livros publicados da época da Tecnoprint (Ediouro), e estão saindo inéditos.
.
Até mais...

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

aí, Alemão:
obrigado pela mensagem e as dicas. já agi em resposta:
.a. olhei o perfil (não peguei o e-mail)
.b. vou agora ao Orkut inscrever-me na comunidade
.c. vou comprar a.s.a.p. um exemplar recente e tentar seguir durante algum tempo. no passado, li -digamos- uns 30 exemplares.
DdAB