26 setembro, 2009

Equilíbrio no Modelo Aberto

Querido Blog:
Nem sempre o Google Images está para brincadeiras. Hoje, por exemplo, solicitei-lhe imagens com "equilíbrio" e "modelo aberto" e ele deu-me este lindo par de scarpins. Eu queria algo mais técnico, pois tenho em mente a moldura geral do modelo de Leontief:
x = Bf
onde x é o vetor da produção de n setores, B é a inversa de Leontief e f é o vetor da demanda final dos n setores.

No ambiente ainda mais amplo da matriz de contabilidade social, tenho dito (eu e milhares de outros) que, quando conhecemos as matrizes A (cujo inverso do complementar à unidade é B) e uma certa matriz D (equivalente de B, registrando requisitos diretos e indiretos de transações interinstuticionais), então cada vetor f gera um nível de equilíbrio geral no sistema. Ao mesmo tempo, se elevamos as transferências interinstitucionais, por exemplo, por meio do pagamento da renda básica universal, poderemos aumentar um ou mais elementos do vetor f e, como tal, teremos um nível de equilíbrio da renda maior do que o inicial.

Quem determina quanto é adequado? Claro que o nível do produto potencial da economia. Não pode forçar a barra em uma economia que se encontra em pleno emprego. Mas -se não há pleno emprego- então pode-se dar uma forçadinha de barra, o que fará as engrenagens econômicas se movimentar, elevando a renda de equilíbrio.

Claro que estamos falando no modelo aberto, como o dos scarpins. O importante é que, com esta modelagem, estamos livres para associar diferentes níveis de renda básica universal com diferentes níveis de demanda final f e de PIB total de equilíbrio. Imagina que fixamos a renda básica universal em R$ 1,00. Isto significará R$ 80 milhões de reais anuais para a população. Claro que isto não afetará equilíbrio nenhum, a economia mantendo -digamos- sua trajetória natural de crescimento, como se nada tivesse acontecido. Mas, se assim procedermos, ou seja, se deixarmos nossa imaginação chegar até este ponto, então poderemos mudar esses R$ 1,00 para, digamos R$ 10 ou R$ 100 ou R$ 1.000 ou R$ 3.141,6 etc.. A renda básica de R$ 100 mensais para 80 milhões de brasileiros em idade economicamente ativa representa:
R$ 100 x 12 x 80.000.000 = R$ 96 bilhões
anualmente. Uma pechincha, pois mal chegam a 4% do PIB.

Se a capacidade instalada não está amplamente utilizada, e se o presidente do banco central for cauteloso, isto pode representar simples aumento do PIB. Se um político (ergo, ladrão) quiser imediatamente jogar a renda básica universal em R$ 1.000, provavelmente a economia vai esbarrar em limitações físicas para a absorção da nova demanda. Ou seja, haverá inflação.

Seja como for, temos duas vitórias neste início de tarde de sábado:
.a. o conceito de equilíbrio permite pensarmos no que acontece ao sistema se o levarmos a evadir-se de sua zona de conforto
.b. haverá um número adequado para o montante da renda básica que poderá contribuir para a elevação do PIB.
DdAB

4 comentários:

maria da Paz Brasil disse...

Ah! Duilio, deixe de bronca com o google images. Ele poderia mostrar coisas piores. Bem que tá bonitinho o modelito dos scarpins...
Gostei da postagem e gargalhei com a bronca no google images.
MdPB

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

ei, MdPB: ao perceber, bem no início de minha vida blogueira no iGoogle oslt, que podia valer-me de um banco de dados praticamente ilimitado, acresecentei ao prazer de "blogar" o de buscar ilustrações. nesta linha, às vezes chamo-o de Mr. Google Images Man. e, se às vezes pareço instilar ódio, é pura figuração. Sem ele, eu não viveria...
DdAB
p.s.: já estou correndo olhar tua última postagem!

Unknown disse...

Sorry, Professor, mas o modelo que o Sr. expõe nesta postagem não é, no sentido mais rigoroso, um "scarpin" (de scarpino, diminutivo italiano para sacarpa = sapato).
O scarpin é, por definição, um tipo de calçado feminino fechado, com salto médio ou alto e uma linha que se afina em direção ao bico. Foi Christian Dior quem, em 1947, ao propor "uma volta ao feminino" para as roupas das mulheres, popularizou este formato clássico de sapatos, usados com saias, tailleurs e até com calças, sempre com meias cor da pele ou na cor do calçado.
Os scarpins de salto alto e fino, chamados de "Stilettos", fizeram a fama de muitas estrelas de cinema nos anos 50, como Marilyn Monroe. Com o tempo, houve certa
descaracterização do modelo original. Atualmente, diz-se scarpin para sapatos em modelagens com bicos finos ou arredondados e saltos que vão de cinco a doze centímetros, nos mais variados formatos: grossos, ornamentais ou perigosamente finos.
Mas isso não anula a pertinência da ilustração fornecida pelo Google para representar o tema de sua postagem sobre Modelo(s), Abertura(s) e Equilíbrio. Só mais um detalhe, que espero seja útil para sua platéia feminina: o par que aparece na foto deve ser usado sem meias, obrigatoriamente.

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

gente, Prof. Ellahe:
V.S. deixa-me kind of ashamed por expor que desconheço a diferença entre o pé direito e o esquerdo. em matéria de design de sapatos, sou um amateur. ainda assim, incorporo como fatos do mundo -indiscutíveis, portanto- os dados que me são, assim, handed. seja como for, talvez pela ignorância em matéria do design é que recomendo: "sempre que usar sapato sem meia, leve um band-aid na bolsa".
DdAB