28 fevereiro, 2009

Bola e Boca-Mole

Querido Blog:
Não falei ontem sobre o tema "bolas"? Que me dizes, então, dos 16 e até mais encaçapados na boca da senhorita da foto do site 'bocadura'? Pois pensei em boca-mole a propósito de matérias divulgadas por Zero Herra e sua auto-promoção.

Pois não é que Luciano Alabarse (homem de teatro), na quinta-feira passada, escreveu um artigo declarando-se "fed-up" com o maniqueísmo grenalesco da cultura gaúcha. Em linguagem de jogos, ele queria que o problema de coordenação que grassa no Rio Grande recebesse atenção adequada e, por meio de -lógico- coordenação da ação dos agentes, viesse a ser superado. Na opinião da Bola Sete (ou outra, cujo nome, por ora, retenho em sigilo), a coordenação poderia ser "enhanced" por meio da ação da interação-diálogo entre os integrantes do Governo Paralelo (oposição) e do Governo Perpendicular (situação).

O papel das duas divisões do Governo (Paralelo e Perpendicular, ambos nutrindo-se de verbas orçamentárias) deve gravitar em torno da Lei do Orçamento. Toda a discussão da política pública deve centrar-se na discussão da proposta orçamentária que virará a "lei de meios" do ano seguinte. Pois foi aí que entrou em cena o Sr. Boca-Mole, como tenho designado (em debates privados) o Dep. Raul Pont. Desde que o conheci, bem lhe vi este peculiar trejeito, que é o de lançar perdigotos, por -talvez- valer-se da Bola (número retiro em sigilo) entre o canino e o palato. Claro que Zero Herra poderá estar a citá-lo (a nosso ex-prefeito) fora de contexto. Seja como for, a letra impressa diz que diz: "Temos assaltos, mortes, denúncias de corrupção e pessoas na beira da estrada sem terra. Em nome da harmonia temos de calar em relação a isso?"
Na ilustração, temos o Quarteto Boca-Mole, a fim de amenizar as declarações saídas da boca (ou era o e-mail?) do colega Pont (economista), portador das mais discretas luzes. Parece mesmo um boca-mole, diferentemente da garota que porta as Bolas Seis e Dez, além de outras bolas, cujo número também ela retém em sigilo. E das quatro outras garotas, cujos nomes omito. Precisamos denunciar, claro, a corrupção desenfreada que grassa nos níveis do poder municipal, no estadual e no federal. Precisamos propugnar pela extinção dos estados (e toda a deputação estadual etc.). Precisamos denunciar a incapacidade dos Governos Perpendicular e Paralelo no encaminhamento de propostas sensatas para o problema agrário no Brasil, de criar emprego, de criar a Brigada Ambiental Mundial (seção auriverde), assaltos a cofres públicos e bolsos privados (como o que protagonizaram "against myself" os dois meninos-sequazes do Sr. Prefeito de Montevidéu). E mortes, as mortes que espelham a enorme desigualdade entre os vencimentos de um deputado estadual e o salário mínimo), pois há mais mortos-pobres do que mortos-ricos. Com efeito, há, proporcionalmente à inserção na população, mais assaltos e mortes a percebedores do salário mínimo do que a deputados estaduais e outros políticos.

Agora, claro que nada disto precisa ser denunciado em nome da harmonia. Em minha visão do funcionamento da sociedade (equação omitida desta postagem), a baioneta deve ser calada é no coração da desigualdade econômica. Isto começa, talvez, com a preocupação dos políticos girando para o lado do conceito de sociedade justa. E a busca da harmonia, do discurso em favor da harmonia e não contra ele/ela (pensar em Richard Rorty), de meios dignos para promover a harmonia que levará à sociedade justa, deve ter como centro de gravidade a discussão da proposta orçamentária.

Beijos políticos.
DdAB

5 comentários:

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Pensei em acrescentar este comentário para informar o incauto leitor que, das 3.141,6 páginas de rascunhos sobre a peroração (felizmente breve) do Sr. Raul, tive que fazer breve resumo, pois 'vou estar viajando', como diria sua secretária, para Charqueadas, terra que já andou tendo lá seus escravos, "as well".

Unknown disse...

Caro Prof. D.
Sobre o comentário do boca-mole-deputado, eu diria o seguinte: não me espanta - é da grei!
Antes mesmo de ascenderem à condição de perpendiculares governantes, esses paroquianos já professavam a convicção de que mortes coletivas são mais Morte do que mortes individuais. Por extensão: injustiças que atingem "as massas" (fome, falta de esgoto, etc.)são mais injustas que as que atingem determinado indivíduo que, porventura, tenha sido torturado, violado, desrespeitado ou simplesmente assaltado.
Lembro de um episódio ocorrido há uns vinte ou mais anos: uma turminha de garotos-de-boa-família ("filhinhos de papai" na gíria da nossa geração), que se auto-nominava "Gangue da Matriz", numa demonstração gratuita de violência, assassinou outro garoto (este, de família interiorana e menos ilustre). Na ocasião, uma senhora vereadora de destacada posição no grupo paralelo-ascendente-perpendicular, em entrevista a esse jornal que o Sr. chama Zero Herra, reclamava do espaço e do tempo de exposição concedidos ao fato, enquanto havia "...tantas criancinhas morrendo de fome nas nossas vilas"! [A citação, com certeza, não é literal, mas dá pra conferir, ZH tem bons arquivos].
Lembro, também, que meu primeiro pensamento (individualista?)foi:"Essa mulher não tem filhos!!!" - e tive ímpetos de esganá-la!
Logo, ficou claro que a minha revolta (coletivista!)era contra essa falta de compaixão humana verdadeira, travestida de "solidariedade social", postura ética e política tão difundida entre nós.
Mas não adianta: crime é crime, injustiça é injustiça, desamor é desamor, em qualquer escala. Não é, Professor?
Abç fraterno

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Gente!
que comentário mais cabeça este de Ellahe. um amigo comum, José Antonio Fialho Alonso, ajudou-me a enquadrar aritmeticamente o conceito de igualitarismo: na sociedade em que há proporcionalmente mais desvalidos na cadeia, no hospital, fora da escola, há um viés a ser combatido.
DdAB

Anônimo disse...

Ellahe, Ricardo Macchi, ator muito conhecido da globo e outras emissoras, foi um dos assassinos de Alex Thomas na praia de Capão da Canoa, no estado do Rio Grande do Sul em 1986. Ele era conhecido na gangue da Matriz como "Chinês" e foi liberado por ser menor de idade. Gostaria de saber o que sente a familida do pobre rapaz cada vez que liga a TV e ve-se frente a frente com um dos assassinos de seu filho...

Laura Peixoto disse...

Pior é saber q um dos assassinos é hj gerente de radio quase na cidade de Alex Thomas. É uma afronta mesmo 25 anos depois.