18 fevereiro, 2009

Tempos de Carnaval

Querido Blog:
De 1559, este quadro foi citado por Érico Veríssimo no livro "México" como "A Batalha entre o Carnaval e a Quaresma". Cheguei a ele por meio -lógico- do Sr. Google Images. Por lá, o título é "combate", por oposição a "batalha". Às vezes, ocorrem-nos traduções, digamos, econômicas que, depois, vemos muito mais elaboradas por tradutores mais, digamos, literários. Eu mesmo, andei traduzindo "the age of pork" por "idade da porcada" até que li a tradução do livro de Hobsbaum em português: "A Era das Revoluções". E achei que o tradutor estava coberto de razão. Deixei sem registro que pork e pig são duas coisas diferentes, como o é o bife do garfo: pork é o porco morto na mesa, ao passo que pig é o porco vivo.

No mundo das necessidades, você pensa que o Carnaval é contingente e a Quaresma necessária? Pois a realidade realmente real diz-nos que ambos são contingentes. A própria realidade realmente real terá lá seu grau de contingência, como sabemos ao perceber que toda a história da humanidade entre 1929 e 1934 encontra-se digitalizada e sequenciada num certo segmento do número 3,1416... Duvida? Pois siga procurando. Parece que, se não hoje, pelo menos há uns 50 anos, ninguém havia calculado a milionésima casa dessa peculiar cifra.

O que não pode passar de ser referido é que as férias continuam, pois agora recuso-me a trabalhar até que entremos na Quaresma, isto que nada tenho de religioso... O que temos é saber que a macacada que sairá sambando, se é que já não se encontra neste estado há meses, é sociologicamente chamada de "multidão orgiástica". Ou era, no tempo em que rolou o curso de Introdução à Sociologia a que fui forçado a assistir, por decurso de prazo. Seja como for, sociologicamente, decidi fazer uma lista de todos os quadros e peças musicais tratados nos livros de literatura geral que venho lendo desde "Reinações de Narizinho" e "Robin Hood" (tradução de Monteiro Lobato).

Saudações Locais
DdAB

3 comentários:

Sílvio e Ana disse...

Senti falta da foto de autoria do autor deste texto. Nada de preguiça! Escreva um texto e corra para fazer uma foto ou faça uma foto e aperte o cérebro por um texto, tanto faz, mas eu "exijo" fotos duilísticas. (Sílvio)

Unknown disse...

Professor: acho que faltou uma didática menção a P.Breughel (o Velho); numa leitura apressada, alguns de seus leitores poderão pensar que o quadro é do próprio Érico ... Mas isso é só um detalhe - sem dúvida, a imagem fala mais alto.
Considero, porém, que para uma boa "Introdução" (sociológica, bem entendido)ao tema dos pecados carne-valescos X as contrições das Cinzas, seria importante evocar elementos da ótica nacional e contemporânea. Veja-se, por exemplo, o hino ao carnaval baiano composto pelo velho, bom e sempre-vivo Moraes Moreira, de que transcrevo alguns trechos:
"Ah! imagina só que loucura essa mistura
Alegria, alegria
é o estado que chamamos Bahia
(...) sagrado e profano, é o carnaval baiano
Pelas vias, pelas veias, escorre o sangue e o vinho (...)
Por isso chame, chame, chame, chame gente
Que a gente se completa, enchendo de alegria, ai praça e o poeta"
Nes ponto, tentei inserir uma foto da Praça Castro Alves, mas não deu certo ... a idéia era ilustrar a questão: quão medievais somos ainda?

Anônimo disse...

Comentaristas exigentes esses acima, hahaha