19 fevereiro, 2009

Governo Paralelo (shadow cabinet), PT e a Psicanálise da Confusão

Caro Sr. Blog:
Nem sem bem o que quer dizer "Dharma". Parece com karma, parece com
nin e ten, para falar a linguagem budista. Pois, como sabemos, "Para indicar as duas formas de felicidade na vida, o budismo japonês usa as expressões nin e ten. O nin é o mundo da paz; o ten, o momento extraordinário da emoção e do amor. Assim sendo, o nin é a alegria, e um dia de nin corresponde a um ano de vida num mundo de felicidade. Mas um dia de ten corresponde a mil ou dez mil anos no tempo."

Mas entendo um pouco mais de governo paralelo. Acho que este é uma das soluções para a democracia contemporânea. Todos os partidos deveriam ter seu
shadow cabinet, com funcionários shadow (não confundir com fantasmas, como os que hoje pululam na administração pública brasileira, os filhos dos deputados e seus correlatos). O próprio governo paralelo de cada partido deveria ter uma equipe organizando não apenas o governo próprio, para o caso de ser guindado ao poder de maneira majoritária, ou a coalizão partidária, essas coisas do norte da Oirropa.

Seja como for, "Zero Herra" de hoje tem uma notícia bem a seu estilo, que -ao lê-la- ficamos sabendo ligeiramente mais do que já sabíamos antes de fazê-lo. (Será que eu não devia ter escrito "esti-lo"?). Trata-se da manchete da p. 10 (Política): PT e Piratini divergem sobre medidas anticrise. Achei uma jogada interessante, prova de crescente maturidade política do PT em tornar-se propositivo, na linha que percorre um governo paralelo do norte da Europa. "Zero Herra", que a tudo trata como um grande Grenal, claro, fez pinguepongue com gente do governo, claro que uns a favor e os outros contra. Dizque o Secretário da Fazenda estadual rebateu ponto a ponto a lista do PT, que nossa "Herra" oferece a seu atento leitor apenas "algumas sugestões". Ei-las:

> Retomar o Simples gaúcho, com redução de alíquotas das pequenas empresas no mesmo patamar vigente até junho de 2007, com implementação imediata.

> Manter todos os benefícios fiscais existentes para a agropecuária até 31 de dezembro de 2009.

> Benefícios temporários para os setores mais atingidos pela crise que se comprometerem com a manutenção da produção e dos empregos.

> Suspender imediatamente o Fundopem em caso de demissões.

> Gerar novos empregos e ampliar a produção como condição para a prorrogação do Fundopem.

> Fomento à produção interna de insumos e geração de novos empregos como condição para concessões de Fundopem.

> Utilizar Banrisul, Caixa RS e BRDE para programas especiais de créditos a médias, pequenas e micro empresas e cooperativas, ampliando os recursos e diminuindo as taxas de juros e garantias.

> Linhas especiais para financiamento da habitação.

> Criar linha para safra de trigo a fim de duplicar a área de plantio (66 mil novos empregos e mais R$ 1 bilhão na economia).

> Antecipar o reajuste do piso regional para fevereiro.

> Execução dos recursos orçamentários para setor agrícola.

> Implantar linha de financiamento para equipamentos de irrigação.


Não comentarei todas, claro. Quero apenas fazer a psicanálise de algumas. Primeira: esse negócio de retomar o "Simples", um programa de uso de impostos, a fim de promover o crescimento do setor privado. Depois, idem só que desta vez para o pequeno capital que viceja -diria Lurdete Ertel- na agropecuária. Depois, mais dinheiro para os capitalistas cujas mercadorias encontram-se ameaçadas de dar seu salto mortal pela crise. Depois, suspender os incentivos fiscais ora existentes (Fundopem) para empresas que -por sabe-se lá que razão- demitirem seus funcionários. Depois, gerar mais empregos por meio de incentivos desse programa. Acho que vou parar por aqui.

E qual é a psicanálise? Primeiro, de certa forma, edipiana. Andei participando do "Núcleo dos Economistas do PT" [em meu caso era "... do PT e ampliações]. Depois que a negadinha tomou o poder, este núcleo -tal qualmente o Big Bang- nunca mais viu seus pedacinhos reunidos. Então eu que pensei ter criado a equação de salvação da humanidade estou com ela embuchado e não posso falar a ninguém, a não ser a ti, Blog amado! E que dizem os preclaros, entre eles, nosso afamado Dep. Raul Pont? O que acima lemos. Mas tem mais, que não foi dito pela página 10, mas na Página 10, entende? Em outras palavras, na p.12 da "Herra", a jornalista Rosane de Oliveira tem sua coluna chamada de "Página 10".

Ela -Rosane- deixa claro que (cito literalmente):
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# Duas propostas do PT contra a crise econômica mundial chamam a atenção pela terminologia utilizada pelo governo federal: que seja feito um “PAC estadual” e criada uma espécie de Bolsa-Família gaúcho.

# Embora o PT diga que o governo não adotou medidas contra a crise, o secretário da Fazenda, Ricardo Englert, tem se dedicado ao tema.

Claro que há importância no que falam:
.a. governo paralelo, não sabemos se com finalidades absolutamente eleitoreiras
.b. o programa Bolsa Família.

Pois é aí que termino esta postagem: tudo o que eles propuserem é completmaente
capitalism oriented, uma preocupação digna dos maiores louvores pelos próprios capitalistas. Não que devamos ser contra elevações da produção. Mas aí é que falta habilidade profissional aos "economistas do PT". Tenho insistido: valor da produção (vendas) não é valor adicionado. Valor adicionado é tanto produto, quanto renda quanto ainda despesa. Mexer no "produto" é mexer na distribuição funcional da renda, assunto que diz respeito a produtores e aos vendedores dos insumos primários que eles adquirem. Mas como é que o produto vira renda? É quando os (locatários dos) fatores de produção pegam o que lá ganharam e repassam às instituições (especialmente, as famílias pobres, remediadas e ricas). E o que as famílias fazem com este rico dinheirinho? Somam-no ao que ganham de transferências governamentais e formam sua receita doméstica que vai financiar as compras de bens e serviços (o que nada tem a ver com o "Consumo" das contas nacionais. Este, como sabemos, é apenas uma parte da ótica da despesa do valor adicionado, ou seja, despido de insumos. E, quando comemos um pedaço de polenta, não comemos o valor adicionado pelo gringo, mas o valor das vendas que o gringo fez para os pelo-duros ou quem quer que seja.

Era óbvio? Votemo nos home? Meió do que votá na Profa. Yeda ou no Dep. Inocêncio de Oliveira.

beijos
DdAB

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