Querido Blog:
Todos sabemos da necessidade de ouvirmos o dobro do que falamos, pois a natureza supriu-nos com a encantadora proporção de dois ouvidos para apenas uma boca. Todos sabemos também que este pensamento foi passado à geração presente (Mile e Vate) e destes à geração futura (Biel e Tail) pelo Velho Marquetti. Esta digressão biográfica -so to say- veio-me a propósito da ilustração que encontrei para "Ouvidos Binários", no Google-Images, claro. Por modernosa que seja, a estação de som não dá toda a plenitude que atribuí à expressão que a buscou (pois nada encontrei com "Índice Binário de Preços").
Talvez o que a tenha capturado seja precisamente o adjetivo "binário", por contraste ao substantivo "binari", do italiano, que quer dizer, se bem os pulei, "trilhos de trem que levam de Roma a Nápoles". Que quererei eu pular, nesta manhã maceiosa que sucede chuvas noturnas? Saberá o leitor sutil que, ao escrever "maceiosa", pensei que algo esdrúxulo será pensado em Rose Lane (Oxford) quando aquele Jardim Botânico não ler "maceioense". Olhei o melhor amigo do homem e localizei:
[Var. de maçaió, poss. de or. tapuia.]
S. m. Bras. N.E.
1. Lagoeiro, no litoral, formado pelas águas do mar nas grandes marés, e também pelas águas da chuva.
Viste? Tapuia? Quer seja tapuia, condor ou tapir! Tava na memória. Tá em:
http://br.geocities.com/samevet/Tamoio.html.
E agora tá aqui (com o que acho ser o português da Academia, ou seja, abobado, pois -se é para mudar o jeito como os antigos escreveram, o melhor é pegar uma boa tradução e jogar ela no português contemporâneo; traduz e pá-nela!):
CANÇÃO DO TAMOIO
Gonçalves Dias
Não chores, meu filho, não chores, que a vida
é luta renhida: Viver é lutar.
A vida é combate que os fracos abate,
que os fortes, os bravos, só pode exaltar.
Um dia vivemos!
O homem que é forte, não teme da morte.
Só teme fugir.
No arco que entesa tem certa uma presa,
quer seja tapuia, condor ou tapir.
O forte, o covarde, seus feitos inveja,
de o ver na peleja, garboso e feroz.
E os tímidos velhos, nos graves conselhos,
curvadas as frontes, escutam-lhe a voz!
Domina, se vive. Se morre, descansa,
dos seus na lembrança, na voz do porvir.
Não cures da vida! Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte, que a morte há de vir!
E pois que és meu filho, meus brios reveste,
tamoio nasceste, valente serás.
Sê duro guerreiro, robusto fragueiro,
brasão dos tamoios na guerra e na paz.
Teu grito de guerra, retumbe aos ouvidos,
D’imigos transidos por vil comoção;
E tremam d’ouvi-lo, pior que o sibilo,
Das setas ligeiras, pior que o trovão.
E a mão nessas tabas, querendo calados,
os filhos criados na lei do terror,
teu nome lhes diga, que a gente inimiga
talvez não escute, sem pranto, sem dor!
Porém se a fortuna, traindo seus passos,
te arroja nos laços do inimigo falaz!
Na última hora teus feitos memora,
tranquilo nos gestos, impávido, audaz.
E cai como o tronco, do raio tocado,
partido, rojado por larga extensão.
Assim morre o forte!
No passo da morte, triunfa, conquista,
mais alto brasão.
As armas ensaia, penetra na vida:
pesada ou querida, viver é lutar.
Se o duro combate os fracos abate
aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar!
Neste caso, somos forçados a abreviar as reflexões econômicas que previ fazer nesta manhã de sol límpido (seguindo-se -como referi- às chuvas da noite). Eu digo:
M: mundo fenomênico - inflação.
m: variável - índice binário de preços
C: relação - renda nominal, poder de monopólio.
E penso que ainda escreverei um ensaio sobre o tema, não sem antes tentar traduzir de volta para o português o "Dom Casmurro", levado para a língua inglesa por ninguém menos do que John Gledson.
Até lá.
DdAB
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