06 fevereiro, 2009

Justiça e Liberdade

Querido Blog:
Você viu acima o que o Sr. Google Images deu-me como resposta à entrada "justiça"? Pensei: com governantes como os acima, que é a aura discernível dos homens públicos brasileiros contemporâneos, as chamadas altas patentes da administração pública nacional, nada mais natural que o jornal porto-alegrense "Zero Herra" tenha como sua manchete principal de capa de hoje o seguinte: "Condenados podem ficar em liberdade até o último recurso; decisão do STF abre caminho para soltar milhares de presos."
Primeiro, pensei que Zero Herra é que é o problema, sensacionalista, baixo nível investigativo, essas coisas manjadíssimas. Depois, achei que o macaco abaixo poderia estar a descrever o espírito tumultuado dos 11 juízes do supremo (o tribunal, by the way) que garantiram a liberdade ao brasileiro, até que a prova de sua culpa seja insofismável, como apenas as provas das ciências lógicas, ou seja, nunca de núncaras. Nem com a confissão de um rapaz do porte do Dr. Inocêncio, poderíamos garantir que ele é possuidor de escravos. Alguma evidência contingente faz-se necessária. Eu, por exemplo, confessei ter roubado a Torre Eiffel e poucos atentaram para o fato...
E o que haverá de errado em terem enjaulado o tigre que veremos ao lançarmos os olhos alguns milímetros abaixo do ponto de interrogação que agora vou estar pingando?
Na sociedade do futuro, mais justa, alegariam seus estipêndios, sociedade esta despida de injustiças, certameante um tigre do porte deste terá culpa em cartório devidamente comprovada, caso contrário não tê-lo-iam jogado por detrás das grades que ele, tão gracilmente, enlaça. A pergunta futurista é: que tipo de crime poderá um tigre do porte deste praticar, a fim de tornar-se merecendente de uma pena que o afasta do carteado com gazelas e afins nas pradarias africanas? A resposta é que a imagem das grades para abrigar contraventores é que não lá nos leva muito adiante...
Ainda assim, o símio que vemos a seguir ('vemos a seguir'? não era melhor ter dito 'veremos a seguir'?) não reclamou em bom português das condições de vida em seu cativeiro, digo, seu hotel. A liberdade humana pouco ou nada tem a ver com canarinhos ou jardins zoológicos, ainda que devamos acautelar-nos para não espisotear direitos animais. Todos, todos os que ingressamos no Universo Conhecido via Big Bang temos certos direitos. Nossa liberdade deve ser a mais ampla possível, isto é, podemos fazer tudo, absolutamente tudo o que não afeta a liberdade dos demais.
Os juízes do supremo ficariam surpresos, se vissem a beleza das imagens oferecidas pelo Google Images ao procurarmos "juízes do supremo" e "ladravaz". Nenhuma, mas com ladrão, já temos 161. São uns criminosos, pois sua compreensão do que é liberdade humana (se é que seu motivo não é muito mais venal) contrapõe-nos e aos bandidos que lhes são associados ao caminho de minha própria liberdade. Não fossem eles, a leniência com que tratam o crime no Brasil, eu não teria sido assaltado, há um ano, em plena Calle San José pelo Sr. Garufa, ou quem lá seja.
Qual é o problema dos animais (juízes do supremo) que deveriam estabelecer a política de garantia da maior liberdade possível aos brasileiros? É que eles vivem enjaulados nos salários que se fixaram, digamos, R$ 50.000 por cada, o que os faz absolutamente alheios ao que se passa na vida dos 250 trabalhadores que poderiam viver com o que cada um deles ganha. Neste caso, eles não se dão conta de que sua única chance de não serem declarados uns animais é fazerem com que o último recurso possível para garantir a responsabilidade pela afronta à liberdade (claro que própria, como no caso da mutilação consentida, ou de terceiros, como no caso de roubarem o automóvel do prefeito Fogaça, como se lê mais abaixo na capa do mesmo jornal) de que o indivíduo que não está na cadeia é acusado ocorra a.s.a.p., ou seja, como disse o finado Presidente Kennedy: as soon as possible.
Em resumo: claro que cadeia não é lugar de inocente. E claro que liberdade não é compatível com culpa. E claro que é problema do poder judiciário fazer justiça, ou seja, punir a.s.a.p. os causadores de danos à liberdade de terceiros. Claro que o Dr. Inocêncio de Oliveira, detentor de escravos, deveria ter ido para a cadeia. Claro que apenas uma oligarquia desprezível é que o retém fora das grades, pois o último recurso ainda não foi protocolado...
Saudações Universitárias
DdAB

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