Querido Blog:
Esta imagem, que não sei bem o que significa, editei-a pela primeira vez com o Adobe Photoshop. Ou melhor, pela primeira vez, usei o Adobe Photoshop para editar algo bem sucedido. Ou melhor, você sabe... Procurei no Google Images com "valor da produção" e "valor adicionado", o.s.l.t. Decidi fazê-la acompanhar-se de algumas considerações sobre conceitos. No caso, os conceitos de valor adicionado, valor da produção, renda básica, produtividade e emprego.
Primeiro: tem gente que pensa que o governo deve promover o desenvolvimento econômico por meio de uma política industrial em que o valor da produção dos setores econômicos assuma a maior importância. Eu penso que esta gente não tem bem claro o que está falando, talvez fique confusa ao perceber que -quando pensa em valor adicionado- fala em valor da produção. E confunde-se ao sugerir que se trata de termos sinônimos. Primeiro: com exagero, posso dizer que o valor da produção não tem a menor importância, pois o que interessa é o valor adicionado. Segundo: uma vez que o valor adicionado tem três óticas de cálculo (produto, renda e despesa), não podemos pensar que produto é sinônimo de valor adicionado nem de valor da produção. Produto (P) e valor da produção (VP) diferem, pois VBP = P + CI, onde CI é o valor adicionado. E, naturalmente, o que interessa não é a produção exagerada de bens de consumo intermediário. Terceiro: a ótica do produto não é mais importante do que as demais. Associando esta constatação contábil com a do endeusamento do valor da produção, não nos resta mais nada a não ser pensar que o foco da discussão deve deslocar-se do valor adicionado para outras variáveis importantes do sistema. Ou melhor, temos que produzir bens e serviços (valor da produção), pois -ao fazê-lo- geramos valor adicionado. E, obviamente, consumimos bens e serviços e não valor adicionado, mas não era disto que estávamos falando. Nâo podemos confundir o "consumo das famílias" com a absorção de bens e serviços que servem para o consumo as famílias. Quando uma família come um pão, ela está comendo o "valor da produção", mas o "consumo das famílias" das contas nacionais tem apenas o que tenho chamado na modelagem que Andrew Glyn obrigou-me a fazer de "consumo das famílias resolvido", pois ele é obtido pela multiplicação da inversa de Leontief pelo vetor de "consumo das famílias" integrante da demanda final.
Segundo: o emprego:: claro que estamos mais interessados no mercado de trabalho e, mais do que ele, na utilização da renda social. E na parte que dela cabe às famílias dos trabalhadores (por oposição ao consumo do governo e às famílias capitalistas). Sob o ponto de vista da sociedade, quanto mais emprego, pior! Quanto mais lazer, melhor! Claro que sem emprego não há produção. E sem produção não há valor adicionado. Mas o ponto é que pode haver valor adicionado com mais ou com menos emprego. E a sociedade quer assinalar a opção "com menos". E "com mais lazer". Quando neguinho fala em emprego, ele também não está pensando em emprego mas em renda.
Terceiro: renda? que tal instituírmos o mecanismo da renda básica? todo mundo ganha uma fração do excedente (valor adicionado), mesmo que não o tenha produzido. E outro mecanismo que dê maiores recompensas a quem produzir mais?
E a política econômica? Esta deve passar a orientar-se para forçar transferências e não a fazer incentivos diretos à política industrial, que gera valor da produção, que gera valor adicionado que gera felicidade. O circuito é direto: dá renda aos membros da população e dá incentivos aos produtores (trabalhadores e capitalistas), e teremos valor da produção e renda para a compra de bens e serviços de consumo (resolvido).
Tudo isto é complicado? Precisavas ver, então, o que é complicado, se contemplasses as anotações que fiz sobre estas coisas num cantinho de uma bolachinha de chopps.
DdAB
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