Querido Diário:
No outro dia, eu queria, talvez, ter falado mais sobre as pressões aceitas pelo governo e que levaram à redução dos juros da caderneta de poupança, quando a Selic cair dos 8,5%. Como se ganhará 70% do valor da taxa, quando esta cair a zero, como no Japão e USA, os poupadores populares terão que devolver dinheiro ao governo, não é?
Falei dois aspectos:
.a. injustiça para com os desfavorecidos (por que escolhê-los para começar a desindexar?)
.b. silêncio absoluto sobre o que fazer com os depósitos do FGTS (com seus magros 3%).
Hoje quero falar na Carta Capital de depois de amanhã, que li ante-ontem! Na p.22, uma reportagem de Luiz Antonio Cintra tráz algumas pérolas:
[...] Segundo [o ministro da Fazenda Guido] Mantega, a medida procura 'destravar' o sistema e permitir ao BC, se julgar pertinente, reduzir mais uma vez a Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para o início de junho. No exemplo dado por Mantega, a rentabilidade dos novos depósitos e das novas cadernetas passará a 5,6% com uma Selic de 8% ao ano.
Bom de matemática, o ministro! E prosseguiu:
Muda apenas a rentabilidade [...] no caso de o BC decidir reduzir a Selic. Mas as cadernetas continuarão a ser uma excelente opção para os investidores de menor renda, que representam a ampla maioria dos aplicadores da poupança. E continuará com liquidez imediata e rendimento mensal. Essa mudança tem a ver com o novo cenário que o Brasil vive, de queda das taxas de juro. E faz parte das reformas que permitirão cortar ainda mais o custo do crédito no mercado brasileiro.
Parece evidente: quem está causando problemas para o desenvolvimento do Brasil são os investidores de menor renda que representam a ampla maioria dos aplicadores da poupança. Associado ao problema que essa turma já provoca mesmo no INSS, torna-se clara a solução: os governantes teriam muito mais sucesso se conseguissem eliminar o povo do território nacional. E tem mais: por que mudaram?
Esse limite decorre da diferença em relação aos fundos de renda fixa, que começam a perder competitividade a partir do momento em que a Selic se aproxima de 8,5% ao ano, como ocorre agora.
Ou seja, não é que possamos prescindir de povo, mas essencialmente que precisamos dar o maior cuidado aos fundos de renda fixa. Deixá-los perder competitividade? Melhor morrer! Era só? Não:
Ciente dos riscos embutidos na medida provisória elaborada pelo Ministério da Fazenda, Dilma Rousseff deixou para anunciar as novas regras após se reunir com o conselho político do governo, centrais sindicais e representantes do empresariado, a quem esclareceu as intenções do governo com a iniciativa e boscou apoio para evitar tiroteios públicos após o anúncio oficial.
Pois o Planeta 23 não se curva! E parte para os tiroteios tão públicos quanto possível. O povo não sabe votar. A causa é que não há educação nem edificação política. A causa da causa é que os governantes não têm compostura. Ou melhor, têm uma função de preferências que, ao chegar ao poder, fazem tudo o que contrariavam e, em especial, passam a esquecer que são votados por pessoas de rasa poupança, rasos grupos de interesse e rasos voos intelectuais.
DdAB
imagem: carcará come inté cobra quemada. onde? aqui.
2 comentários:
Acredito que o último parágrafo resume tudo que penso. Dizem que a aprovação dessa política de juros será feita nas próximas eleições, eu como uma pessoa que crê que brasileiro tem a memória curta, acho pouco provável. Apesar de que os petistas sempre fazem questão de lembrar das privatizações peessedebistas, como se não tivessem feito nada parecido em seus governos (vide os aeroportos e estradas).
No final todos comentam que a mudança da caderneta foi para não prejudicar o financiamento das dívidas do governo, mas poucos citam da real necessidade dessa dívida toda.
O povo, na sua ignorãncia igênua não entende, como meu vizinho, porque perder 2 reais da poupança será tão ruim se ele pode pegar mais 100 de empréstimo no banco.
Enfim...
Abs
minha imagem agora, Daniel, é que grupos de interesse como o que tentou salvar a Varig e os lobbies das indústrias nos dias que correm são mais visíveis do que os inexistentes dos diretores de escolas, diretores de presídios, de postos de saúde...
DdAB
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