17 maio, 2012

O Modo e a Maneira: a ordem dos fatores

Querido Diário:
Esta é uma postagem 'vida pessoal' ou 'besteirol' ou ainda necessitaria de novo marcador 'filosofia da mente' ou o que seja. Reporto-me a um experimento que vivi durante o café da manhã deste dia um tanto fechadinho de um friozinho porto-alegrense deste outoninho acaloradinho. Ao preparar meu 'mingau' -ou o que seja-, inverti os procedimentos consagrados pelo cotidiano: primeiro os cereais e apenas depois é que acrescento o iogurte. Estaria emergindo, alquebrado, de alguma incursão pelo 'mundo da lua', no caso, as civilizações supra-lunares?

Minha dúvida se justifica, pois aprendi há muito tempo que o processo que hoje usei, iniciando com o iogurte e apenas depois, os cereais, é menos eficiente. Usando o marcador 'besteirol', eu diria que uns dois terços menos eficiente. Eu sempre dizia aos alunos para observarem este tipo de detalhes em suas vidas, e já postei a respeito, na linha da teoria da escolha racional. Minha hipótese (científica, por sinal) é que adotamos caminhos que aumentam a produtividade de nossas ações (mais resultado por unidade de tempo).

Mas isto ainda não foi tudo. Ao mexer a mistura por dois terços do tempo usual além do usual, lembrei-me que já vira um experimento público sobre 'a ordem dos fatores'. No caso, eram os anos 1960s, era a volta da família a Porto Alegre, era a televisão chegando à família. Era a propaganda do Nescau: tem gosto de festa etc.. Mas também nela, havia duas formas (o modo e a maneira) de preparar a bebida. Na primeira -bem certinho- entrava primeiro o chocolate e apenas depois é que entrava o leite. E, na segunda -mais lentinho- entrava primeiro o leite e depois a colherada do pozinho.

Observadores críticos da TV, todos os membros da família concordamos que, pelo que se via na telinha, a primeira -que eles chamavam de 'modo'- sobrepujava, em tempo de preparo, a segunda, designada por 'maneira'. Fomos para a cozinha, experimentamos e vimos que venceu mesmo a forma 'modo'. Uma delícia, só que 'e se prepara sem bater' foi substituído -chez moi- por mexer com a colher.
DdAB
o texto a seguir foi retirado daqui (aqui). e o interessante é que eu lembrava tintim por tintim. mas o link dado para ouvir o jínguel não funcionou.


4 comentários:

Bípede_Pensante disse...

Ei, Herr Professor Doktor:

eu acho que é tudo culpa da seleção natural. As soluções que aumentam a produtividade das ações servem para economizar tempo. E tempo economizado é tempo que sobra para procurar mais comida - hehehe.

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

BP: Bem pensado! Eu disse que minha proposição sobre o nescau é científica. Mas como vamos testar se foi mesmo a evolução que nos fez assim, racionais?
DdAB

Bípede_Pensante disse...

É por isso que a teoria da evolução por seleção natural vira e mexe é citada como um excelente exemplo de teoria do escopo dos fenomenos tipicamente complexos. Esse tipo de teoria conseguiria explicar muito convincentemente o passado, mas não prever o futuro. O problema é que, para se fazer o teste empírico, é preciso antes avançar algum prognóstico sobre o que acontecerá (ou qual espécie sobreviverá) para depois confrontá-lo com o que de fato ocorreu. E infelizmente nós já não estaremos mais perambulando por aí daqui a algumas centenas de milhares de anos para observar se as nossas previsões deram certo ou não... N'est–ce pas?

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Que é, é. Mas ainda tem mediações. As bactérias que se tornaram resistentes aos antibióticos e que, em 50 anos, permitiram-nos acompanhar a parada. E tem um passarinho que migrou do UK ao sul do USA e lá, por ser mais quente, alongou as pernas, em algumas gerações. Em resumo, ou é stress ou é vírus ou ainda precisamos ampliar o tamanho da amostra...
DdAB