Querido Diário:
Esta é uma postagem 'vida pessoal' ou 'besteirol' ou ainda necessitaria de novo marcador 'filosofia da mente' ou o que seja. Reporto-me a um experimento que vivi durante o café da manhã deste dia um tanto fechadinho de um friozinho porto-alegrense deste outoninho acaloradinho. Ao preparar meu 'mingau' -ou o que seja-, inverti os procedimentos consagrados pelo cotidiano: primeiro os cereais e apenas depois é que acrescento o iogurte. Estaria emergindo, alquebrado, de alguma incursão pelo 'mundo da lua', no caso, as civilizações supra-lunares?
Minha dúvida se justifica, pois aprendi há muito tempo que o processo que hoje usei, iniciando com o iogurte e apenas depois, os cereais, é menos eficiente. Usando o marcador 'besteirol', eu diria que uns dois terços menos eficiente. Eu sempre dizia aos alunos para observarem este tipo de detalhes em suas vidas, e já postei a respeito, na linha da teoria da escolha racional. Minha hipótese (científica, por sinal) é que adotamos caminhos que aumentam a produtividade de nossas ações (mais resultado por unidade de tempo).
Mas isto ainda não foi tudo. Ao mexer a mistura por dois terços do tempo usual além do usual, lembrei-me que já vira um experimento público sobre 'a ordem dos fatores'. No caso, eram os anos 1960s, era a volta da família a Porto Alegre, era a televisão chegando à família. Era a propaganda do Nescau: tem gosto de festa etc.. Mas também nela, havia duas formas (o modo e a maneira) de preparar a bebida. Na primeira -bem certinho- entrava primeiro o chocolate e apenas depois é que entrava o leite. E, na segunda -mais lentinho- entrava primeiro o leite e depois a colherada do pozinho.
Observadores críticos da TV, todos os membros da família concordamos que, pelo que se via na telinha, a primeira -que eles chamavam de 'modo'- sobrepujava, em tempo de preparo, a segunda, designada por 'maneira'. Fomos para a cozinha, experimentamos e vimos que venceu mesmo a forma 'modo'. Uma delícia, só que 'e se prepara sem bater' foi substituído -chez moi- por mexer com a colher.
DdAB
o texto a seguir foi retirado daqui (aqui). e o interessante é que eu lembrava tintim por tintim. mas o link dado para ouvir o jínguel não funcionou.
4 comentários:
Ei, Herr Professor Doktor:
eu acho que é tudo culpa da seleção natural. As soluções que aumentam a produtividade das ações servem para economizar tempo. E tempo economizado é tempo que sobra para procurar mais comida - hehehe.
BP: Bem pensado! Eu disse que minha proposição sobre o nescau é científica. Mas como vamos testar se foi mesmo a evolução que nos fez assim, racionais?
DdAB
É por isso que a teoria da evolução por seleção natural vira e mexe é citada como um excelente exemplo de teoria do escopo dos fenomenos tipicamente complexos. Esse tipo de teoria conseguiria explicar muito convincentemente o passado, mas não prever o futuro. O problema é que, para se fazer o teste empírico, é preciso antes avançar algum prognóstico sobre o que acontecerá (ou qual espécie sobreviverá) para depois confrontá-lo com o que de fato ocorreu. E infelizmente nós já não estaremos mais perambulando por aí daqui a algumas centenas de milhares de anos para observar se as nossas previsões deram certo ou não... N'est–ce pas?
Que é, é. Mas ainda tem mediações. As bactérias que se tornaram resistentes aos antibióticos e que, em 50 anos, permitiram-nos acompanhar a parada. E tem um passarinho que migrou do UK ao sul do USA e lá, por ser mais quente, alongou as pernas, em algumas gerações. Em resumo, ou é stress ou é vírus ou ainda precisamos ampliar o tamanho da amostra...
DdAB
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