10 maio, 2012

Industriosos: quantas opiniões haverá sobre a indústria?

Querido Diário:
Fazendo as contas, foram-se quase 40 anos (serão 40 em outubro) desde que participei do grupo de análise da conjuntura econômica que desenvolveu-se e culminou com a criação da Fundação de Economia e Estatística, nome criado pelo então secretário de planejamento prof. Carlos Veríssimo de Almeida Amaral. Nosso líder era Rudi Braatz, no devido tempo escoltado pela profa. Edi Fracasso. Depois circulamos todos pelos quatro cantos do mundo. Fazendo as contas, perdi as contas da última vez (menos de décadas, to be true) que não compareço a uma atividade 'acadêmica' na FEE. Hoje às 14h30min lá estarei, lá estaremos. Haverá um novo padrão na industrialização brasileira? Amanhã respondo. E mundial? Amanhã respondo.

Por ora, posso adiantar que é evidente que sim. As 'novas tecnologias' fizeram especificamente a China e a Índia. Na China, ao lado do dumping social, há revoluções nas inovações organizacionais e financeiras. Na Índia parece que também muda tudo radicalmente. Além destas revoluções à la chinoise, vemos uma enorme economia sendo liderada pelo crescimento do setor serviços. Ou melhor, na Índia, o setor serviços cresce mais do que a média da economia. Será que ele é que está liderando ou, digamos, será que ele é o que desponta, em virtude da decisão indiana de valer-se de processos benévolos em diferentes áreas. Li que os telefones celulares melhoraram até a produtividade dos barcos pesqueiros hindus.

Os economists institucionalistas modernos ensinam-nos que 'a história importa', ou seja, no caso, poderíamos ser levados a pensar que

M: todos os países ricos se industrializaram
m: o Brasil quer ficar rico
C: o Brasil deve industrializar-se.

Com este tipo de formalização, já vai tornando-se claro que David Hume rolaria na tumba, se ainda por lá anda. O que é mesmo que a história validaria? A indução, por certeza humeniana, não permite qualquer tipo de generalização deste tipo, ainda que formalmente corrigida e impecável. A maior filosofia que minha mente consegue alcançar a propósito destes temas palpitantes é evocar Chico Buarque (se não milhares de outros) que indagava: "quem foi que inventou o analfabeto e ensinou o alfabeto ao professor". Ou seja, quando eclodiu a primeira revolução industrial, não havia indução que permitisse dizes o que quer que fosse.

Hoje sabemos que o sucesso da indústria foi potencializar a -para usar mais ou menos a frase de Marx- transformação de trabalho vivo em trabalho morto. Mas hoje quem mais transforma, a própria indústria ou a produção de signos e subjetividade?

Parece que poderá haver debate.
DdAB
p.s. o advogado da senhora Carolina Dickman, Hickman, sei lá, quer que o Google adote o modelo chinês: proibir seu buscador de informar a humanidade que existem fotos despidas em tal ou qual dos quatro cantos do planeta. Parece-me agora a teoria da avestruz: proibe o acesso à fotos da garota pelada que ela não terá posado. Parece que houve um crime, uma violação da privacidade, um roubo de arquivos do computador lá dela. Parece que a solução para este tipo de externalidade negativa que pode abater-se sobre qualquer um de nós que tira a roupa e é fotogrado precisa de um bom economista para estimar o estrago feito à imagem lá dela com a quebra da privacidade. Eu, se fosse dono de outro buscador de sites de internet, processaria o advogado por não estar preocupado com a divulgação feita por meio de meu site. Há inequívoco desprestígio para todos os demais sites, inclusive pela censura exercida e negociações mantidas com o governo da República Popular da China.
p.s.s.: na atual fase de discutir amplamente o tema da reprimarização (a partir do paper com Joal de Azambuja Rosa), tomou ímpeto a "industrialização". Vou escrever mais a respeito, in due time, talvez um artigo de revista. No processo, busquei o livro de Valderrama que conheci na UFSC, em agosto/1980, quando por lá lecionei Economia Industrial. Não era Valderrama:
SOZA-VALDERRAMA, Héctor (1966, 1969, 1973) Planificación del desarrollo industrial. Mexico, Madrid, Buenos Aires: Siglo XXI.

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