Lendo a Boston Review por indicação do LeoMon (here, there & everywhere), fiquei viajando nesta história de que mercados falham, estados falham e comunidades falham. O poder de monopólio concedido, por exemplo, à indústria pelo estado já acumula duas falhas em um só exemplo (a perda de bem-estar devida ao monopólio). A falha de comunidade que mais me agrada são os linchamentos, quero dizer, you know, justiça pelas próprias mãos... Então como é que faz? A solução, dado o atual estágio evolutivo do planeta, é criar uma combinação razoável entre seus respectivos poderes de, digamos, fogo.
O Sandel dá um exemplo avassalador: mercado não serve para compra e venda de amizades (mercados ausentes). E o Gintis responde: há muito tempo que sabemos que tem que proibir certos mercados, como o de escravos (bens de demérito). Como em quase tudo o mais, os políticos brasileiros figuram com destaque: compram 'lealdades' e são donos de escravos. Mas a questão que me prende agora é outra: qual a combinação ótima entre mercado, estado e comunidade? 33% para cada?
Gintis dá uma linda resposta traduzível como: "não sei." Olha:
We do not have a complete theory of when the exchange of valuable
entities is best left to the market and when it should be regulated by
other mechanisms, such as social norms or laws. But the notion that
economists have nothing important to say about this is absurd. For
instance, most economists, based on the costs and benefits of prohibiting
the sale of recreational drugs, have favored regulation and
decriminalization for a long time—a view that is just now becoming
popular in the United States.
E ainda manda ver com a citação lá do LeoMon:
By focusing
on the marketability of particular things, Sandel misses the larger effect of
an economy regulated by markets on the evolution of social morality. Movements
for religious and lifestyle tolerance, gender equality, and democracy have flourished and triumphed in societies
governed by market exchange, and nowhere else.
Deixando de lado pilhas de questões relevantes sob o ponto de vista de meu marcador 'economia política', dou um passo adiante no marcador TER Equilíbrio. Falo da teoria da escolha racional e da montagem das teorias. Acho que uma chave fundamental é dizer apenas: calcula o benefício e o custo de cada instância de agregação de preferências sociais (nomeadamente, se não redundo, mercado, estado e comunidade) para a provisão de cada bem ou serviço específico. O que der maior diferença é o adotado. Ou melhor, não é 100% isto, mas é parecido.
Finalmente: destaca-se o papel das teorias científicas. Temos um problema importante, por exemplo, saber se a produção de serviços penitenciários deve ser via mercado ou via estado. Precisamos de uma teoria que ilumine a tomada de decisão.
Finalmente: destaca-se o papel das teorias científicas. Temos um problema importante, por exemplo, saber se a produção de serviços penitenciários deve ser via mercado ou via estado. Precisamos de uma teoria que ilumine a tomada de decisão.
DdAB
p.s.: Por outro lado, a crítica do Gintis me pareceu mais mal-humorada do que a do Bowles.
p.s.s.: lobo e cordeiro daqui.
p.s.s.s.: por estas e outras é que andam acusando-me de ser "austríaco", por seguir essa galera. Se fosse apenas isto, não era nada, hehehe.
p.s.s.s.s.: hai-kai do dia:
Por sinal,
para ter saúde animal,
fique de olho no código florestal.
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