Antes do que mais seja, informo que o título desta postagem encontra-se dentro do artigo "Uma Crise Terminal", de Luiz Gonzaga Belluzzo, na p.52 da Carta Capital n.698 (23/maio/2012). Aliás, ainda tem "e da Riqueza". Primeiro: ele está falando da crise europeia e termina o artigo com um parágrafo interessante do qual destaco:
É provável que a crise não atingisse tais culminâncias se as autoridades europeias tivessem admitido a inevitabilidade de uma reestruturaçao ordenada da dívida e do controle público do sistema bancário. Teriam, assim, mitigado as agruras da recessão e bloqueado o avanço contagioso da crise financeira. [...]"
Para mim, está tudo aí. Houve barbeiragem na política econômica, inspirada na intransigência alemã, na visão excessivamente monetária e alinhada com a filosofia de manter um estado mínimo. Nâo há dúvida de que o governo alemão da sra. Angela Merkel exibe um forte traço conservador, um traço que se alinha a outros traços da grande conspiração. Não há dúvida de que existe um consenso entre os poderosos de que a autonomia financeira (o poder dos bancos) deve manter-se e ativas redistribuições, especialmente para os desempregados, devem ser evitadas. Não há dúvida, portanto, de que estamos vendo a sociedade europeia pagar, com desemprego e estagnação ou encolhimento do PIB, pelo desarranjo monetário que -a bem da verdade- nem podemos dizer que se originou nos Esados Unidos. Nâo há dúvida de que vemos consequências da entrada chinesa e não há dúvida de que vemos os estertores de um mundo que se recente pela ausência de uma governança verdadeiramente mundial.
E Belluzzo? Volto a ele e à parte intermediária do artigo:
Desde os mercantilistas até os fundadores da moderna economia política, os sistemas monetários se desenvolveram (aos trancos e barrancos) entre entre as duas dimensões incontornáveis da vida econômica moderna: 1. A universalização mercantil que impõe o dinheiro como forma abstrata do valor e da riqueza. 2. O âmbito jurídico-político onde se abrigam a cidadania e seus direitos definidos pela soberania dos [e]stados [n]acionais.
Segundo: claro que tá na hora do governo mundial. Claro que tá na hora de que o BIS se torne o verdadeiro banco mundial. Mas quero enfatizar a parte que reproduzi ispsis litteris agora e que norteou até o título desta postagem. O dinheiro, as finanças. As economias monetárias e o mundo das trocas de mercadorias. Este é o início da vida moderna e do bem-estar moderno, absolutamente visível ao compararmos o padrão de vida do terráqueo médio contemporâneo com o que viveu há 1000 anos. O problema contemporâneo é precisamente o desvio padrão: é sabido que o planeta tem um índice de Gini maior do que qualquer dos países (eita, arcaísmo) que o compõem. O que é importante mantermos em mente é que o dinheiro é o herói, não podendo ser tachado de vilão. O vilão, claro, são aqueles grupos de poderosos que negam-se a pensar com simpatia nas redistribuições pessoais e regionais.
DdAB
Imagem aqui. Aquele 'yes' lá é bom, né? E qual é a forma concreta do valor? É, claro, o valor de uso.
E, para falar mal do articulista, devo dizer que não gostei do título: uma crise terminal: se é terminal, não é 'uma' e sim 'a'. Uma derradeira crise? Claro que não, se é derradeira, nada a segue, logo é 'a derradeira crise'. Não é mesmo?
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