05 março, 2011

What a Difference an "A" Makes...

querido blog:
a profa Denise publicou um artigo na página de artigos da Zero Hora de hoje, o que me levou a escrever-lhe coisas que edito e aqui deposito. jogo-as no marcador "Economia Política", pois acho que estamos vendo uma queda de braço com este troço de chamarmos Dilma de "a presidenta". tem neguinho (diria herself) que reluta em aceitar que ela tem direito legal de escolher a forma de tratamento. as eleições ajudaram a ver quem tem razão. mais ainda, se havia dúvida sobre o que vai dominar (ver abaixo), parece que com a ajuda presidencial teremos inclinação das futuras gerações, das futuras presidentas, para a forma feminina.

disse-lhe ter gostado de sua posição de tratar Dilma de "a presidenta", coisa que o próprio jornal que abrigou o artigo não faz. aliás, pouco tempo atrás, outro colunista, "abordando questões linguísticas, que são de sua área", o prof. Cláudio Moreno, comentou o assunto, dizendo:

.a. as duas formas, presidente-presidenta, são corretas gramaticalmente
.b. em sua opinião, o povo irá inclinar-se de maneira absoluta para, neste caso, a presidenta.

no dia em que a presidenta Dilma pediu às famílias que chamassem as filhas e lhes dissessem da importância do que estava ocorrendo, para a vida feminina, para a vida brasileira, lembrei do artigo do prof. Moreno e pensei que, com o que víamos, o incentivo para que o povo brasileiro optasse pela forma "presidenta" ganhava uma poderosa aliada, designadamente, a futura fala presidencial. já vi (observador assistemático que sou) as revistas 'Carta Capital" e "Época" usarem o tratamento "a presidenta", ao passo que lamento que "Zero Hora" ainda não o faça (mas vou comemorar o dia em que esta começar a fazê-lo e aposto que isto acontecerá, digamos, cercado por uma circunstância festiva).


além de Moreno, evoquei outra controvérsia similar que contornou a pronúncia correta do nome do então ministro da fazenda, o dr. Antonio Palocci. frações da imprensa falavam em "palóssi", ao passo que ele - dizem- referia-se a si mesmo como "palóti". algum/a cronista social informou-me que o certo é chamar a pessoa da forma como ela prefere. ou seja, a primeira pessoa deve persignar-se à forma como a segunda pessoa gramatical quer ser endereçada. se, no caso, a primeira mandatária da nação deseja ser reconhecida como presidenta, parece mais sensato coroarmos-lhe os 60 milhões de votos também designando-a pela forma feminina.

se não me alongo, este "a presidenta" já é uma tradição gaúcha. na condição de economista, posso invocar dois exemplos ligados à Fundação de Economia e Estatística. primeiro, a profa. Wrana Panizzi, que veio a ser reitora da UFRGS, intitulava-se "a presidenta". anos depois, veio a ocupar o mesmo cargo a economista Dilma Vana Rousseff Linhares, que também assim se intitulava. da FEE, como sabemos, Dilma "foi promovida" para secretária estadual das Minas e Energia. e seguiu em frente. Wrana, antes de ser reitora, fez uma bisonha campanha para deputada estadual -se bem lembro- pelo PMDB fustigando colegas de profissão (políticos) de maneira desastrada, radicalizando pela direita. foi casca!

por outro lado, precisei comentar outro ponto, também do artigo. e acho que estou discutindo questões de palavras. creio que tanto a autora como eu defendemos a sociedade justa, no sentido de John Rawls. mas acho que divergimos na compreensão do termo "igualdade". quando, por exemplo, a lei diz que todos são iguais perante ela, o que se está afirmando é precisamente a igualdade na diversidade: homens e mulheres, paulistas e maranhenses, baixinhos e galalaus. mais ainda, quando a lei garante uma assistência básica em saúde, ela não está dizendo que todos deveremos submeter-nos a tratamento, por exemplo, para moléstias renais, mas amparo contra quaisquer moléstias. por fim, a matemática ajuda a delimitar a diferença entre "igualdade" e "identidade". na identidade, o lado esquerdo da equação é precisamente o mesmo do lado direito, ao passo que, na igualdade, existe apenas um subconjunto de valores (chamados de solução ou 'zero') que faz com que esta identididade se verifique.
DdAB
a imagem que selecionei foi alcançada em (aqui), pois pedi precisamente o título do verso da canção.

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