10 março, 2011

Taxistas e Papeleiros

querido diário:
o transporte urbano de passageiros de Porto Alegre, cidade onde meus pés estão plantados, no presente momento, conta com dois agentes de primeira importância. além deles há outros que também são muito importantes, até mais. por exemplo, os motoqueiros, a tele-entrega, que ajuda a destruir algum resquício civilizatório que resta à rapaziada.

o primeiro dos dois agentes de primeira importância são os taxistas, motoristas profissionais. hoje deparei-me com dois, muito peculiares. o primeiro do primeiro do primeiro, sei lá, era um velho de baixo nível de formação cultural. falava coisas interessantes: férias em Laguna, Floripa e Camboriú. disse-me ter sido,anteriormente, motorista de caminhão. indaguei-lhe onde foi seu "mais longe". ele respondeu que foi Manaus. que foi Belém do Pará, que foi o Chile. fiquei a imaginar-me em seu lugar. um andarilho com carteira do trabalho assinada. só carteira do trabalho não me agrada, ao mesmo tempo em que só andarilho tampouco...

o segundo do primeiro do primeiro -não era isto?- era jovem, parecia ter mais educação, também polido, respeitoso, amigável. disse-me que não iria chover até domingo. enganou-se: chove copiosamente em Porto Alegre, no Menino Deus. já sei que em Higienópolis, faz tempo seco, mas já choveu pilhas.

o segundo do segundo, sei lá, são os papeleiros. venho obserando-os. venho pensando na hipocrisia e incompetência dos políticos brasileiros. na lei que criaram proibindo a circulação de carroças daqui a uns seis anos. nas medidas que estão adotando para que esta lei tenha alguma chance de funcionar. na probabilidade que associo ao sucesso das medidas. zero.

todos os motoristas de Porto Alegre são responsáveis -coletivamente, by the way- pelo caos do trânsito, pelos atropelamentos, pelo desrespeito ao pedestre, ao motorista, aos motoqueiros, aos carroceiros, aos cofres públicos, sei lá. claro que o trânsito é um caos por causa dos motoristas. mas a causa da causa, o que faz com que os motoristas sejam maus motoristas é a omissão do poder público. é a omissão da comunidade que não consegue expressar-se de maneira tocante. o conceito de banda podre pode ajudar-nos a pensar nas soluções que, vim a entender, passa pela democracia participativa. há uma banda podre no governo e há uma banda podre na comunidade. isto significa que haverá bandas sadias em ambos, governo e comunidade.

esta é que deve associar-se para pleitear melhores dias para as gerações futuras.
DdAB
a simpática foto (que modifiquei) veio de http://tamancolargo.blogspot.com/2007_09_01_archive.html.

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