09 março, 2011

Venha de onde Vier

querido diário:
ao datilografar estas letras, ouço "Cinderela", um bolero antigo. o primeiro verso veio-me à mente hoje ao ler minha praticamente indefectível Zero Hora. página 11. acabo de ouvir Ângela Maria: "e o meu príncipe encantado vai chegar". e depois uns "la-la-ri-ri" ou assemelhado. oba, acabou! volto a Zero Hora. nesta página 11, há uma chamada à matéria sobre mais dinheirinho para a saúde brasileira: Venha de onde vier, chegue de onde chegar...

o ministro da saúde, sr. Alexandre Padilha, foi radical:

Os recursos têm de vir nem que seja da Lua, de Marte, do pré-sal, de onde quer que venha. Mas tem que ter recursos crescentes para a saúde.

aparentemente ele estava dando continuidade a minha postagem de ontem, quando clamei por mais imposto de renda, iniciando a partir dos vencimentos superiores a R$ 5.000 mensais, alcançando a escalafobética (mas adequada) alíquota de 99,99% para rendimentos acima de R$ 30.000 mensais. afinal queremos mais mortes de crianças ou menos, mais acidentes de trânsito ou menos, mais analfabetismo ou menos, mais doentes ou menos? se tudo corresse direitinho, talvez nem precisássemos de tantos recursos para a saúde. as mortes do trânsito não gastariam em ambulâncias e salas de emergência, as hospitalizações por drogas não tomariam leitos hospitalares, seriam anuladas por tratamentos ambulatoriais. e assim por diante.

o conceito de justiça fiscal do Alexandre é que me deixa de orelha em pé. e, digamos, se os recursos viessem de um supermercado (refrigerado) de venda de órgãos humanos, essas coisas? eu sugeriria a ele retomar suas notas do curso de teoria da escolha pública que ele certamente terá feito, para ingressar na política, e pensasse no orçamento público como instrumento de alocação de recursos. com isto, nem precisaria preocupar-se com os recursos para a saúde, quem o faria seria a câmara legislativa.

na p.11, o segundo editorial de Zero Hora também complementa minha postagem de ontem. este fala em "menos de meia centena de privilegiados" que recebem do governo estadual cifras superiores ao máximo estabelecido em lei. eu não falei ontem, talvez nem tenha espaço para isto, mas este negócio de "irretubilidade de vencimentos" está mal contado, pois proventos da aposentadoria do delegado da Susepe não são "vencimentos" e sim "proventos da aposentadoria". quem não trabalha não ganha "remuneração dos empregados". a contabilidade nacional sempre apontou caminhos revolucionários!

de sua parte, o governador Tarso Genro garrou de sugerir que podemos estabelecer rendimento máximo para os funcionários públicos de apenas R$ 17.000 mensais. o salário mínimo -remember?- será de R$ 545 mil, divididos por 1.000, claro.

esta camarilha, este grupo de apaniguados insensíveis não consegue entender que o que lhes cai da boca é o que falta para educar a macacada que, sôfrega, brinca o carnaval.
DdAB
quer ouvir a "Cinderela", com Ângela Maria? se a reposta for (sim), clique (aqui). para ver a fonte da imagem acima, clique aqui.

2 comentários:

Tania Giesta disse...

Duilio: quero sim ouvir CINDERELA!!!
um pouco de Angela Maria sempre é bom, e qual mulher não sonha com um principe encantado montado num cavalo branco que virá realizar todas as suas fantasias????RISOS
Abraços

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

é, pensando no assunto, acho que príncipes são importantes. mas lembro Gil Vicente (adaptado nos tempos modernos) com uma peça de teatro que os paulistas intitularam "Mais vale um asno que me carregue do que um cavalo que me derrube". e se bem lembro, tratava-se de um padeiro que salvou a mocinha de um, digamos, espadachim que a derreava.
DdAB