querido diário:
sendo hoje o Dia Internacional da Mulher, não é ocioso indagarmo-nos por que não tem o dia internacional do homem? lembro da piada de alguns amigos: criaram o MOLHO (movimento pela liberação do homem), complementando os movimentos pela libertação da mulher. claro que, como piada, é válido, ao passo que o progresso, a maior conquista do feminismo, será alcançada no dia em que não mais se comemorar o dia da mulher. todos os dias serão dias de igualdade.
a desigualdade sexual (de gênero, seguindo a ideia de Simone de Beauvoir que não se nasce mulher (sexo), mas é-se tornada mulher (cultura)) faz-se acompanhar de milhares de outras desigualdades na vida planetária contemporânea. raça (etnia), credo, nacionalidade, e por aí vai. para mim, a mais gritante desigualdade é a econômica, dado meu viés de economista e sentida preocupação em tentar explicar o que puder potencializando a dimensão econômica. não que a considere sempre num nível mais alto, mas apenas que esta é a sina dos economistas. (que, muitas vezes, pensam ser políticos ou curandeiros; eu mesmo, para não ser tachado de político, declaro-me reformador). por que mulher ganha sistematicamente menos rendimentos do que homem para o exercício das mesmas funções? pela mesma razão que negros ganham menos que brancos. e assim por diante.
mas a desigualdade que quero referir é aquela que se verifica entre os estipêndios de um aposentado (máximo de R$ 3.800 mensais, aproximadamente) e um policial (R$ 52.600 mensais, conforme a capa da Zero Hora de hoje). do aposentado, fica a ironia que deve ser descontada sua contribuição para a previdência. ou seja, uma vez que ele já é aposentado, a contribuição não é para a previdência. do "aposentado da Susepe", devem ser feitos descontos, inclusive o do imposto de renda, que ele alcançará rapidamente a alíquota de 27,5%. quer fazê-lo ganhar apenas R$ 3.800 mensais? pois -ceteris paribus- aplica a alíquota média de 92,8%.
na "Página 10" publicada na página 8 desta mesmíssima Zero Hora a jornalista Rosane de Oliveira anuncia, como não poderíamos deixar de esperar, a atuação parlamentar de outra mulher vinculada estreitamente a Zero Hora, a recém eleita senadora Ana Amélia Lemos, ex-representante de Zero Hora em Brasília. agora representa o estado do Rio Grande do Sul. recomendando a extinção -como o faço- do estado do Rio Grande do Sul (e dos demais estados brasileiros), ipso facto estou recomendando o final do emprego de senador e, não é por estar no Dia Internacional da Mulher, da senadora. mulheres. mulheres na política, mulheres no jornalismo político.
diferentemente dos estados, do senado e do poder judiciário, nada tenho contra a existência de Zero Hora e, se -vez que outra- a chamo de Zero Herra é pelo desagrado com que percebo seu viés em faror da -dir-se-ia antigamente- classe dominante. em minha opinião, Rosane, Ana, myself e o apaniguado da Susepe que ganha seus R$ 52,700 (ok, ok, exagero meu, eram apenas R$ 52.6000) deveríamos defrontar-nos com tabelas de desconto do imposto de renda mais sinalizadoras da sociedade igualitária do que a que vigora atualmente.
todo esse pessoal que ganha mais do que os invejáveis R$ 30.000 dos juízes deveria defrontar-se com uma tabela progressiva do imposto de renda. para promover a sociedade justa. para tirar o menino de rua da boca do lixo. Ana Amélia Lemos, interessada em expandir o bem-estar dos aposentados, acaba -diz Rosane de Oliveira (ibidem)- de submeter ao senado federal um projeto de lei que isenta os aposentados da previdência (isto é, o povo de, no máximo, R$ 3.800) mensais. vou escrever-lhe (se é que seu e-mail já consta das nominatas da Internet senatorial) e sugerir que faça uma emenda ao projeto, expandindo esta isenção para todos os recebedores de menos de R$ 5.000. como sabemos, esta quantia é a renda familiar de, digamos, um motorista de táxi e uma assistente legislativa. e que a arecadação do temido imposto seja compensada, para experimentar um aumento de 10%, com elevação das alíquotas incidentes sobre os ganhos superiores a esta variável de corte. supondo que um juiz devesse ganhar o mesmo que um professor doutor PhD americano (corrigido pela renda per capita, conforme comentário aqui escrito), teríamos o ganho de, digamos, R$ 12.000 e, como tal, a alíquota média de 60%. e o policial caíria dos iniclamente calculados 92,8% para apenas 76,8%.
DdAB
a ilustração veio de:http://www.coladaweb.com/sociologia/desigualdades-sociais-e-as-classes.
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