senhor blog:
o momento é solene! é hoje as eleição. nem todo gauchês é bem-vindo, mas às vezes as circunstância exigem o singular. esta é uma eleição singular. no outro dia, critiquei o nepotismo presidencial argentino, uns dizem que Cristina Kirzner é figura política independente do agora finado Nestor, mas poucos acreditam. agora mesmo, já ungiram o filho para assessorá-la, dada a lacuna familiar que alcançou proporções políticas internacionais.
do lado de cá, não vemos nepotismo. hoje, a esta hora da manhã, quando os trabalhos eleitorais no Brasil mal começaram, os meios de comunicação/internet levam-me a pensar que, da chapa Serra-Dilma, a chapa branca, como sabemos, será ungida a mineirinha aquerenciada a Porto Alegre e que vale-se pouquíssimo de expressões de gauchês. não vemos nepotismo? Dilma não é filha de Sereno Chaise, por seu turno, irmão ou filho de Leonel Brizola? não é este o PDT de esquerda, o PDT que aliou-se nacionalmente ao PT nestas eleições? não, não totalmente, apenas mais ou menos. neste caso, Dilma não é filha de Lula? parece um nepotismo transversal. o fato é que aqueles que conhecem Dilma mais de perto saberão que ela é geração espontânea, ou seja, filha de si mesma.
questão diferente é sabermos se ela manterá sua aliança e lealdade a Lula. em minha opinião, a eleição, às 8h38min desta manhã, não está ganha por nenhum dos candidatos neste jogo de soma zero. em favor de Dilma, há os resultados que me acostumei a ver: recuperação dos votos que se deslocaram para Marina da Silva. contra ela, há alguns vira-casaca, outros associados a erros amostrais calculados e a outros erros amostrais não calculados, pessoas que não foram entrevistadas e que mudariam as proporções alcançadas pelas amostras, o feriadão que pode gerar abstenções mais generalizadas, a desobediência civil (em que me encontro, neste segundo turno, involuntariamente, logo não é bem desobediência...).
não juro, mas acho que a partir desta eleição, vou abandonar a postura de desobediente civil. nos primeiros anos de PT não votei nele, pois pensava no "voto útil". antes do voto útil, andei anulando o voto. nas primeiras eleições a que compareci, em 1966, votei no PCB, ou melhor, num candidato do MDB que, na verdade, era PCB. parece-me que elegeu-se e foi cassado pelos militares. ou nem se elegeu, mas que houve cassações -lá isto houve. o conceito de sociedade justa de John Rawls nem tinha sido publicado... em outras palavras, daqui a sete anos, entrarei na faixa do voto voluntário. mas acredito que já na eleição para prefeito, daqui a dois anos, ano bissexto, eu vote no melhor entre os candidatos. o melhor? claro que estou dizendo que é o menos pior. todo político é ladrão, não esqueçamos. ninguém pode ganhar mais de um salário mínimo por mês ao ocupar um cargo público e ainda declarar-se honesto.
claro que este é um ponto de vista radical, não é mesmo? mas precisavas ver o que é radicalismo, se ouvisses a peroração contra José Serra de um hortifruticultor na quinta-feira passada aqui na feira que habitualmente a prefeitura deixa montar na Praça Estado de Israel.
DdAB
p.s.: para ilustrar esta postagem em homenagem ao furibundo vendedor da feirinha da Praça Estado de Israel, fui ao Google Images e colhi a foto da praça de mesmo nome de Belo Horizonte. nossa pracinha, local em que convivem assincronicamente suarentos petizes e gélidos traficantes de drogas, não tem lá essa areia toda. veja aqui a fonte desta foto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário