querido diário:
ainda sigo pensando no equívoco de arautos do catastrofismo que anunciam que o mundo vai acabar se as pessoas viverem mais. são pós-modernos em seu pessimismo e arcaicos em entender algumas relações econômicas elementares. primeiro, a produtividade do trabalho humano cresce, ao longo do tempo, como um verdadeiro coete, como as latas de massa de tomate impulsionadas desde dentro acia el infinito por um daqueles rojão de dois pilas.
segundo, o problema segue sendo ricardiano: como distribuir a produção. esta é a famosa terceira questão fundamental da economia. as duas primeiras dizem respeito à apropriação da natureza: o que-quanto produzir e com qual tecnologia fazê-lo. claro que devemos querer a mais avançada tecnologia possível, a mais economizadora de trabalho vivo tecnologia possível, a mais geradora de desemprego possível tecnologia. o que não queremos é ser assaltados com frequência, criar nossos filhos para vê-los assassinados em investidas redistributivas banais, à margem da lei. aliás, nem mesmo queremos socialismo, dados os destrambelhos que acompanharam as iniciativas soviéticas e hoje, para não falar no clube Cuba-Coréia, atenhamo-nos mesmo na China, a letra "c", o viés dos três "c"s.
o mercado de trabalho acabou, ainda que haja milhões de arautos do funcionamento arcaico, com perda de qualidade. o segredo do sucesso é muito simples: não ter uma sociedade desigual, mas criar incentivos mais que proporcionais àqueles que frequentam -você sabe- o mercado de trabalho. quero dizer, assim, que o mercado de trabalho acabou como sendo o principal instrumento de redistribuição da renda. já falei nos exemplos de desempregados, crianças e velhos que gostariam de seguir alimentando o espírito com refeições e outras amenidades. falo agora dos cálculos elementares que fiz no outro dia
o Brasil crescerá 40% nos próximos 20 anos, pelo menos, se -pelo menos- houver futuro. e a população crescerá apenas 4%. como é que pode haver problema com os "aposentados"?
procurei um título estranho: "distribuição ricardiana" e achei isto aqui. é interessante, evocou "os três 70s" de que falei na tese de doutorado: os anos 1970s, 70% das famílias detinham apenas 25% do consumo e, com a produtividade então vigente, a renda per capita precisaria de 70 anos para duplicar. agora tudo é mais fácil.
DdAB
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