querido diário:
dois dias atrás, escrevi uma diatribe contra os clamores de Luciana Genro (ver), indignada com a derrota sofrida na candidatura a renovar seu mandato de deputada federal pelo PSol.
hoje ela escreveu em Zero Hora, p.25, um artigo furibundo contra a maldição que lhe caiu sobre os ombros por ser filha do futuro governador do Rio Grande do Sul, o sr. Tarso Genro. em geral, a postagem que referi acima tangencia alguns pontos que agora são repetidos. mas vou pegar várias partes e confrontar, em seguida, com outro artigo publicado no mesmo local, com uma visão antagônica. o artigo de Luciana, deste modo, pode ser considerado -tecnicamente- uma réplica a ambos os dois, ou -também machadiano- ambos eles.iniciemos: artigo é o que segue:
Sigo a luta!, por Luciana Genro*
Fui votada por quase 130 mil pessoas, ficando na oitava colocação no Estado e na segunda em Porto Alegre, mas meu partido não obteve os 200 mil votos necessários para ter direito a uma cadeira na Câmara. Essa situação me fez a deputada não eleita mais bem votada do Brasil. Aqui no Rio Grande do Sul, há eleitos com até menos de 25% dos meus votos. É um sistema eleitoral distorcido, pois, embora o eleitor pense que está votando numa pessoa, está na realidade votando no partido ou na coligação do seu candidato. Foi assim que o palhaço Tiririca, em São Paulo, carregou mais três para a Câmara. Fenômeno semelhante também aconteceu aqui. Há vários casos como o meu. Roberto Robaina, candidato a deputado estadual pelo PSOL, obteve 31 mil votos – e vários foram os eleitos nessa faixa de votação –, mas nosso partido seguirá sem representação na Assembleia.
O PSOL enfrentou essas eleições sem alianças. A tentativa nacional de apoiar Marina Silva fracassou quando, no Rio de Janeiro, o PV aliou-se a PSDB e DEM. Nosso candidato, o valoroso Plínio de Arruda Sampaio, não obteve votação expressiva como a de Heloísa Helena em 2006. Grande parte da população agarrou-se ao PT na tentativa de impedir o retrocesso que significaria a volta do PSDB ao poder no país e aqui no RS para garantir que Yeda fosse varrida do Piratini, como felizmente foi. Nesse quadro, a vida não foi fácil para o PSOL. Mesmo assim, elegemos dois senadores, o que é uma vitória importante.
Vitórias e derrotas são parte da vida, e aprendemos muito com ambas. Mas no meu caso a derrota significou, na prática, a perda dos meus direitos políticos, pelo fato de meu pai ter sido eleito governador. Essa situação, em tese, me torna inelegível, pois parentes de detentores de cargos no Executivo só podem se candidatar à reeleição. Me sinto na obrigação de lutar na Justiça contra isso. Tenho uma trajetória de 16 anos de mandatos e 25 anos de militância política. Nunca fui sombra do meu pai. Cômodo seria ser – e usufruir das benesses do poder. Mas sou do PSOL, com muito orgulho, partido que construí, com grande esforço, junto com Heloísa Helena e Roberto Robaina. Diante desse quadro, eu não poderia me contentar em ser a “filha do governador” e cuidar da minha vida privada. Em respeito aos meus eleitores e aos ideais que represento, vou lutar contra essa injustiça. Junto com o Dr. Antônio Augusto Meyer dos Santos, um dos melhores advogados do RS, brigarei na Justiça pelo meu direito de concorrer em 2012. Tendo sido a segunda mais votada na Capital, tenho o dever de lutar para seguir representando essa parcela da população que confia e acredita em mim.
*DEPUTADA FEDERAL (PSOL-RS)
e eu comento:
um:
"Fui votada por quase 130 mil pessoas, ficando na oitava colocação no Estado e na segunda em Porto Alegre, mas meu partido não obteve os 200 mil votos necessários para ter direito a uma cadeira na Câmara. Essa situação me fez a deputada não eleita mais bem votada do Brasil. Aqui no Rio Grande do Sul, há eleitos com até menos de 25% dos meus votos. É um sistema eleitoral distorcido, pois, embora o eleitor pense que está votando numa pessoa, está na realidade votando no partido ou na coligação do seu candidato."
embora eu não tenha votado, sou eleitor. não penso que ao se votar numa pessoa o escolhido é a pessoa. penso que nun sistema eleitoral decente -o voto facultativo, o voto distrital, etc.- não se vota em candidato, mas em partido. ela inseriu-se em um partido nanico? poderia ter-se, o partido, agigantado com a eleições? sim, inseriu-se, não não poderia. não poderia ter-se agigantado, pois tem um programa anão. não precisa dizer mais nada: o partido foi incapaz de colher os 200 mil votos citados por ela. incapaz, ele! incapazes eles -os dirigentes- que não conseguiram comover os eleitores. e como iriam fazê-lo? com aquele programa arcaico, pré-1917?
dois:
"Foi assim que o palhaço Tiririca, em São Paulo, carregou mais três para a Câmara. Fenômeno semelhante também aconteceu aqui. Há vários casos como o meu. Roberto Robaina, candidato a deputado estadual pelo PSOL, obteve 31 mil votos – e vários foram os eleitos nessa faixa de votação –, mas nosso partido seguirá sem representação na Assembleia."
se bem lembro, dias atrás, a mãe da sra. Luciana Genro, esposa -a mãe, claro- de Tarso Genro informou ao jornal de que falo que iria votar no marido, na filha e no ex-genro, ou melhor, em Roberto Roraima, que foi casado com Luciana Genro. belo exemplo da deputada: um caso de envolvimento familiar completo com a política. santa hora em que as proibições a candidaturas, como as do general de quatro estrelas que governará a Coréia do Norte, do general Ivan (?) Castro, irmão de Fidel Castro e dirigente de Cuba. Ivan Castro? era radialista e foi eleito vereador por um partido que deixou de existir. fez Castro um curso de teoria da escolha pública? pelo teor dos discursos que ouvi ao vivo, que eu por lá trabalhei, parecia que não, parecia, ao contrário, que ele se elegera precisamente mobilizando os votos em Tiririca, Cacareco e outros edis. mas agora o goleiro do Grêmio também foi eleito. claro que deveríamos ter partidos para pagarem aos candidatos cursos de teoria da escolha pública. muitos fugiriam da escola e seguiriam seu curso de vida, como radialistas, jornalistas e todas estas profissões de "comunicadores de massas" que capturam precisamente o voto dado em Tiririca. a questão é: será que o sistema eleitoral que viabiliza este palhaço é mau? claro que é, mas não pelas razões apontadas por Luciana.
três:
"O PSOL enfrentou essas eleições sem alianças. A tentativa nacional de apoiar Marina Silva fracassou quando, no Rio de Janeiro, o PV aliou-se a PSDB e DEM. Nosso candidato, o valoroso Plínio de Arruda Sampaio, não obteve votação expressiva como a de Heloísa Helena em 2006. Grande parte da população agarrou-se ao PT na tentativa de impedir o retrocesso que significaria a volta do PSDB ao poder no país e aqui no RS para garantir que Yeda fosse varrida do Piratini, como felizmente foi. Nesse quadro, a vida não foi fácil para o PSOL. Mesmo assim, elegemos dois senadores, o que é uma vitória importante."
dois senadores? Heloísa Helena permanece vereadora, manifesta ambição eleitoral de Luciana Genro para 2012, como veremos abaixo. não podem viver sem cargos? apenas trabalhar como os 120 mil eleitores? por que tem que ter partidos para sentir-se representante? partido? que disse eu? ela quer partidos, um sistema eleitoral que os prestigie? dois senadores em 26 estados? partido?
quatro:
"Vitórias e derrotas são parte da vida, e aprendemos muito com ambas. Mas no meu caso a derrota significou, na prática, a perda dos meus direitos políticos, pelo fato de meu pai ter sido eleito governador. Essa situação, em tese, me torna inelegível, pois parentes de detentores de cargos no Executivo só podem se candidatar à reeleição. Me sinto na obrigação de lutar na Justiça contra isso. Tenho uma trajetória de 16 anos de mandatos e 25 anos de militância política. Nunca fui sombra do meu pai. Cômodo seria ser – e usufruir das benesses do poder. Mas sou do PSOL, com muito orgulho, partido que construí, com grande esforço, junto com Heloísa Helena e Roberto Robaina. Diante desse quadro, eu não poderia me contentar em ser a “filha do governador” e cuidar da minha vida privada. Em respeito aos meus eleitores e aos ideais que represento, vou lutar contra essa injustiça. Junto com o Dr. Antônio Augusto Meyer dos Santos, um dos melhores advogados do RS, brigarei na Justiça pelo meu direito de concorrer em 2012. Tendo sido a segunda mais votada na Capital, tenho o dever de lutar para seguir representando essa parcela da população que confia e acredita em mim.
meu comentário. nem vou comentar. passo a palavra ao articulista e seu primeiro parágrafo que a mesma ZH na mesma página do mesmo dia de hoje houve por bem publicar.
07 de outubro de 2010 | N° 16481A
A renovação do poder, por Bruno Fabrício Cruz*
Não entendo essa comoção pela inelegibilidade da senhora Luciana Genro. Uma pessoa que decide trilhar a carreira política deveria saber que só existem duas opções: ou se elege, ou não. A derrota nas urnas, apesar de evento amargo, faz parte da vida de um político. Como se viu nessa eleição, vários candidatos conhecidos do povo não se elegeram por todo o país, como Marco Maciel, Tasso Jereissati e Heloísa Helena. Isso sem mencionar os nossos políticos, como Germano Rigotto e Eliseu Padilha.
De outro modo, Luciana Genro também tinha conhecimento de que, se eleito seu pai, como o foi, governador do Estado, ela se tornaria inelegível. Sabia dessa possibilidade e mesmo assim concorreu. Agora, é aceitar a derrota. Mas por que inelegível? Pois assim diz a lei. Ninguém pode concorrer a cargo quando seu pai é o presidente, governador ou prefeito. É uma consequência lógica, afinal, essa pessoa seria favorecida, ainda que psicologicamente, e nós vivemos em uma República democrática (existem repúblicas não democráticas), onde todos possuem os mesmos direitos e obrigações. Para uns, isso é difícil de aceitar, mas a verdade é que ninguém é melhor do que o outro. Apenas somos diferentes. E aqui não estou mais falando de Luciana Genro. [...]
comentário: cara, bicho, gente!
DdAB
p.s. a ilustração que selecionei para hoje responde pela busca de "ornitorrinco", um bicho estranho e deslocado dos mares gaúchos (ver).
5 comentários:
duílio, peco em não ler sempre, mesmo assim, admito que tuas respostas são exemplares e que a nossa ninfeta, oh! como exagero, também mostra-se mimada e com um viés, no mínimo, pouco afeito a democracias participativas, populares e tudo o mais. Menos mal, que, ao ler, escreves. Parabéns, s.
é, Anaximandros, é verdade. por falar em "escrever", será que ela -a exemplo do deputado paulista- terá formação lá pelas belas letras? estou curioso para saber-lhe a profissão, em que vai trabalhar depois das -digamos- férias.
DdAB
É uma verdadeira aberração o que ocorreu com nossa deputada LUCIANA GENRO, pessoa por demais capaz e digna, não poderia ficar fora do rol dos deputados federais eleitos, pois fez mais de 130.000 votos. E como não ser investida no cargo? Eu como seu eleitor dela há várias eleições não concordo com esse entendimento. Tem que existir uma solução jurídica para que ela assuma o seu mandato que nós lhe outorgamos.
Delmar Antonio Marques de Souza
oi, Delmar:
acho que não leste minhas duas postagens. também és partidário de um esquema de cultivo da personaliade e não dos partidos? e que diabos de partido é este de que estamos falando que não consegue 193 mil votos? em que medida este personalismo da sra. Luciana não são o oposto das "reformas democráticas que conduzam ao socialismo"?
DdAB
oi
De primeira mão gostaria de dizer que a sua abordagem do caso da luciana foi perfeito, disse tudo sobre ela e voua crescentar mais alguns detalhes. O caso do PSOl é de um grupo de oportunistas, que numa situação bastante "delicada" ocorrida no PT aproveitou-se para tirar proveito e assim irem para o comando de um novo partido. partido esse que não representa ninguém, a não ser uma playboyzada que comprou uma "revolução" por woodstock, com um discurso para lá de vencido e ultrapassado, tipico de quem não vive na realidade, compatível com quem veio de classes mais abastadas. Se você traçar um perfil dos militantes verá que o trabalho pasou muito longe dali, além do que , apesar do discurso, eles adoram a carreira de um banco. Outra coisa, vale lembrar que a Luciana perdeu cerca de 33% do seu eleitorado, ou seja, uns 60 mil votos. O que falta a ela é maturidade, pois sempre demonstrou atitudes de burguesinha mimada que não aceita o contraditório. Mais outra, esse mesmo sistema que ela esta criticando é o mesmo que garantiu a Ver. Fernanda se eleger com aquela votação pífia, onde os votos do Pedro Ruas supriram as necessidades dela. Aliás, se eles não tivessem loteado o partido pro Ruas se candidatar a verador naquela época, em troca de poder concorrer a Gov de estado pelo Psol, esse grupinho simplesmente não existiria. E digo mais, o PSOL nasceu morto, um partido sem representatividade. O Partido da LULU e da HELO.
Abraços
Leandro
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