querido diário:
estando praticamente eleita a chapa Serra-Dilma, é hora de começarmos a pensar nos salvados do incêndio. não tenho dúvida de que um arrocho previdenciário está por baixar sobre as cabeças do povão. a regra atual da aposentadoria é de 75 anos de idade para o homem brasileiro, cuja expectativa de vida ao nascer é de, se bem lembro, 68 anos. ou seja, quem nasce hoje pode esperar fenecer sete aninhos antes de garrar direito a aposentar-se -por idade.
ou muito me enganam os olhos (que a terra há de comer, como comemorarei...) ou esta ilustração é o velho e impagável trabalho de Gustave Doré, não é mesmo? (não, não é, não! para vê-la; para vê-lo). cheguei a ela por meio da pesquisa "cálculos" + "mentecaptos", pois a junção de meu título deu com os burros nágua. tal é o absurdo da notícia da p.46 de Zero Hora de hoje: "Prazo para expansão. População brasileira deve atingir o pico em 2030". eu, que pensava que este pico ocorreria na década de 2040, já pus as avantajadas orelhas em pé. fui ler. em 2030 seremos (seremos?, sereis?) 206,8 milhões de pessoas. hoje somos 198,739,269 (com vírgulas, pois a fonte é a C.I.A., já que o IBGE queria vender-me este tipo de informação em seu site). ou seja, seremos multiplicados por 1,040559. em outras palavras, um crescimento de pouco mais de 4%. por contraste, nestes 20 anos, não é impossível que cresçamos a uma taxa acumulativa anual de, digamos 3%. isto nos multiplicará o bem-estar (?) por 34%.
quer dizer, a Coordenadora de População e Cidadania do IPEA, sra. Ana Amélia Camarano, citada por Zero Hora, diz que diz:
Ana Amélia afirmou que o envelhecimento da população vai requerer outras medidas, como a uma revisão da idade mínima para a aposentadoria:
-Estamos vendo isso na França, que está praticamente parada, e também é uma tendência para o Brasil.
Segundo ela, esse tipo de medida é positivo para a Previdência e também para os idosos, que se beneficiariam da maior permanência no mercado de trabalho.
eu fiquei pensando como é que a gente arranja uma boca para trabalhar no IPEA, como é que a gente pode dizer o que quiser, usando o nome de um blim-blim-blim desses governamentais. o que mesmo é que é positivo para a Previdência? a macacada morrer mais cedo? o que também é positivo para os idosos? morrerem as soon as possible? como é mesmo que um indivíduo pode beneficiar-se trabalhando mais, se puder optar por trabalhar menos? apenas no caso de declararmos que o axioma da aditividade sobre o comportamento do consumidor é manobra da C.I.A. e, no mundo de desenvolvimento sustentável, quanto mais cedo morrermos, menos poluição traremos ao planeta, no afã de deixá-lo reciclar-se naturalmente.
em resumo, não sei se o mentecapto é o Sancho, o Gusvave Doré, eu próprio, a Zero Hora, sei lá quem. não sei, enfim, se o mentecapto era David Ricardo que sutilmente sugeria que a economia política tem por objeto estudar a distribuição do excedente entre as classes sociais. e, mais ainda, não sei se foi o Prêmio Nobel de Economia, prof. Richard Stone, que deixou claro para mim que a luta de classes já foi substituída há muito tempo pela luta entre instituições. então, há um estamento de burocrtas governamentais que defendem o intresse dos cemitérios, por contraste a Sancho, Quixote, Rocinante e eu, que defendemos os interesses das classes populares.
DdABp.s.: eu insisto tanto neste ponto da luta entre instituições, pois sempre lembro que crianças e velhos não trabalham e os que têm vida mansa recebem transferências de pais etc., fora os que vivem de rendas, que nada têm a ver com os "proventos da aposentadoria". por que é que tem gente que pensa que as crianças e velhos aparentados com os ricos têm direito a uma vida digna e aquelas aquerenciadas aos desmandos demográficos dos pobres têm que pastar ou virar pasto?
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