04 outubro, 2010

Yeda, Marina e a Chapa Serra-Dilma

amado blog:
no dia 10/jun/2010, a propósito do fracasso do Governo Yeda em resolver o binômio segurança-emprego com uma tacada na contratação de policiais, eu disse que ela faria 3,5% dos votos. errei feio e grosseiro. ela fez 18,40% (segundo Zero Hora de hoje, caderno especial das eleições). mas eu diria que ela até errou mais significativamente do que eu, embora nos distanciem esses 15 pontos percentuais. e acho que dei-lhe a dica, quando ela ainda era candidata, quando eu me preparava para retornar a Berlim, dada breve fugida que fiz do estágio pós-doutoral em setembro/2006. eu sugeri a seu então futuro Secretário da Fazenda (Aod Jr.), na oportunidade "apenas" meu colega do Departamento de Economia da PUCRS, que prometessem (e cumprissem) a criação de um milhão de empregos na Brigada Militar. ele não fez, deu no que deu. Olívio elegeu-se em 1994, reelegeu-se em 2002? claro que não, pois não criou os empregos que andei sugerindo a seus apoiadores. e agora? caso não criem esse milhão de emprego, estarão desempregados daqui a quatro anos! a segurança e o emprego são as duas questões centrais que envolvem todas as demais questões.

isto porque não podemos pensar em treinar um milhão de adultos para o que quer que seja sem que façamos simultaneamente uma revolução na educação, inclusive nas práticas de ensino do empreededorismo para que muitos desse milhão, após o treinamento, já vão pedindo demissão do cargo e se estabelecendo com pequenos negócios, financiados pela via do Sebrae, essas coisas.

e que dizer da derrota do senador Pedro Simon e seu candidato Fogaça e a estragégia que eles delinearam para perder as eleições? acho que o erro começou com a intolerância de Simon, partindo da exigência de que Fogaça abandonasse seu partido e se filiasse ao PMDB, coisa que Fogaça fizera o contrário, anos antes: saíra do PMDB para o PPS. voltou e se afundaram no brejo. Eliseo Padilha, seu colega, com as encrencas das merendas de Sapucaia do Sul e do Detran, como ficará sem a imunidade parlamentar? dará um jeito? vejamos.

e que dizer da derrota de Marina Silva, do Partido Verde, também evadida do PT há pouco mais de um ano? e que dizer da chapa Serra-Dilma? vou enviar um bilhetinho a ambos para que façam um par-ou-ímpar e definam quem deve renunciar, a fim de que o segundo turno possa ocorrer entre Marina e um dos da dupla dinâmica. parece-me irrelevante qual deles fica e qual sai, o que é importante é que eles nos auxiliem a metermos a teste o teorema. disseram que o eixo esquerda-direita tinha desaparecido. eu acho que não podemos deixar asssentada essa simplificação. aliás o pensamento do teorema de Hotteling com apenas um eixo já é simplificado.

mas podemos entender alegoricamente. por exemplo, D pode ser apenas "Dilma" (e não 'direita') e S pode ser apenas "Serra" (e não, por exemplo, 'surda', como sabemos, esquerda, em espanhol). consideremos o desenho abaixo que faço mais por farra do que por dominar o que não domino de HTML.

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******* : D
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   S: ******
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há três linhas horizontais de 12 pontos cada. são dois pontos extremos que não contam. e os demais 10 contam como 100% de um espectro eleitoral esquerda-direita. então, Dilma varreu da esquerda para a direita (com 45% do espectro) e Serra varreu da direita para a esquerda (com 35%). claro que não estou falando em conteúdos programáticos, pois -como tenho anunciado- seus programas são absolutamente idênticos, o da chapa Serra-Dilma.

então, o que fez Marina? varreu da esquerda para a direita? varreu da direita para a esquerda? creio que ela poderia ser considerada como postada no centro e abrindo espaço a sua votação em flancos à direita de Dilma e à esquerda de Serra. mas, ainda assim, não há coincidência absoluta. seja como for, haverá certa transição de votantes de Marina. penso que a maior parte vai votar em Dilma, ou seja, o pessoal que estava varrendo da esquerda para a direita ficará com Dilma, mesmo que a própria Marina decida-se a apoiar Serra neste segundo turno. se errei ao prever que Yeda faria apenas 3,5% dos votos, agora corrijo-me e acrescento 50%. digo, então, que Dilma fará 53,50% dos votos no segundo turno.

se não der certo, usarei o estilo da ilustração acima (...), a fim de esconder-me. mas já tem gente que adotou-o, como percebemos ao examinarmos a votação da professora de economia. talvez meu erro nisto tudo seja definir mais claramente a linha divisória entre esquerda-direita. parece-me que tem a ver com mais ou menos igualitarismo, mais ou menos estado, mais ou menos protecionismo, mais ou menos gastos sociais (ergo, mais tributos e mais estado), essas coisas.
DdAB