senhoras e senhores:
segue a campanha eleitoral, seguem as provas insofismáveis da existência de
.a. lobbies para os contratos de emissão de títulos eleitorais,
.b. macabra movimentação contrária às facilidades da vida trazidas por um número de identificação único para o cidadão (chamado, pelos conservadores, de "cidadão número", como se os meninos de rua tivessem algum...)
.c. explicação funcional para a circunstância de, com frequência, os desejos moldarem as crenças.
falamos, claro, de notícias eleitorais veiculadas pelo jornal Zero Hora, de Porto Alegre, cidade que, como sabemos, existe. na p.8 -seção 'Política'-, vemos:
Regra dos Documentos
Ação petista questiona exigência para votar.
e segue-se uma notícia relativamente curta sobre demanda apresentada pelo diretório nacional do Partido dos Trabalhadores ao Supremo Tribunal Federal, a fim de que este não leve a sério a decisão de seus pares, do tribunal de tal, e permitam que eleitores que não portam títulos eleitorais nem carteira de identidade, mas portadores de sua identidade comprovada por sua pessoa física, possam votar. dizem os postulantes que as águas das enchentes levaram todos os pertences de pilhas e pilhas de brasileiros e brasileiras e que estes poderiam ser impedidos de votar não apenas porque o voto é obrigatório mas principalmente porque não seria obrigatório as águas passarem justo na gaveta em que os documas estavam encaçapados. ok, ok, as coisas não são bem assim...
depois da enchente, aparentemente, já que a lei tem um ano, o PT deu-se conta de que as águas poderiam carregar seus votos:
A exigência conjunta de dois documentos, além de causar previsível confusão, afronta a razoabilidade, a proporcionalidade e a eficiência, ao impor infundada restrição a um direito de cidadania, com riscos e prejuízos para o conjunto do eleitorado.
pensei comigo já há muito tempo (talvez tendo feito mesmo alguma postagem nestes últimos seis anos sobre o assunto em alguma dessas eleições (2004, 2006, 2008 e agora)) que seria maravilhoso a Editora GangeS ganhar a "licitação" para vender ao governo os títulos eleitorais de 135 milhões de neguinhos obrigados a tirar os títulos, ou até que nem o fossem. e mais 135 milhões de carteiras de identidade, e mais 135 milhões de cartõezinhos do CPF e mais 135 milhões de declarações de imposto de renda, outras de outros e mais outros e outras e assim por diante. ad infinitum. daria papel para embrulhar o próprio planeta. calculo, se forem 10 destes documentos impressos em folhas A4 divididinhas em oito papeizinhos, cerca de 350 mil pacotes, a R$ 10 -por cada, disse lá em outros tempos o jornal-, dá um faturamentozinho de fazer inveja à brava Editora GangeS que me levou à falência (emocional).
claro que estou dando uma explicação funcional: o menino de rua não tem lá seu número de cidadão número por que vale a pena segregá-lo e dar milhares de números a outros cidadãos, de sorte a montar-se um lobby para montar uma empresa que faturará R$ 3,5 milhões a cada dois ou três anos. de modo análogo, é funcional dizer que a enchente levou os títulos eleitorais e, assim, devemos facilitar a vida do eleitor que, otherwhise, é mesmo obrigado a votar.
tampouco posso deixar de comentar esta iniciativa petista. claro que ele/s tomou/aram conhecimento da lei que, presumo, diferentemente da lei do orçamento público, andou de boca em boca... naquele momento, as crenças em lisura no processo eleitoral, inceitivada pela "minirreforma", que não mexeu em coisas realmente importantes (como o voto distrital, o voto voluntário, o financiamento das campanhas exclusivamente por pessoas físicas, essas coisicas), deram lugar a desejos de ver mudanças. agora, ao contrário, os desejos de ver votos na urna transformaram as crenças: a lei era absurda. assim que eu postar este ensaio sobre economia política das eleições de 2010, vou conferir quem votou na lei, lá no site do
DdAB
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