querido blog:
nem sempre os raciocínios são espúrios, às vezes conseguimos articular ideias interessantes em torno da mesa. às vezes, também, certos raciocínios mais elaborados dão um sono...
eu pedi para dormir ao ler, ao lado de minha tradicional Zero Hora, o Jornal do Comércio abarcando a sexta-feira-ante-ontem e o restante do fim-de-semana. pois lá, na p.2, vi a seguinte declaração do ilustrado Senhor João Guilherme Ometto, vice-presidente no exercício da presidência da FIESP. eu disse "FIESP", a maior instituição empresarial do maior estado federado ao velho Brazil cabralino:
O sentimento quanto à decisão do B[anco] C[entral] [de elevar a taxa de juros dentro de seu programa de "metas de inflação"] é de repúdio. O Brasil não pode continuar entre os campeões mundiais de maiores taxas de juros. Esse título é péssimo não somente para a nossa atividade econômica, mas para toda a população.
pensei: cara, bicho, gente: péssimo para a atividade econômica? não cresceu 9% início do ano? não é que estão usando a taxa alta para refrear a demanda, que a atividade econômica está acelerada, adiante da capacidade instalada que, por incapacidade, não alcança a demanda com preços estáveis? péssimo para toda a população? não é que tem um nível de emprego (e até acho que haverá manipulações metodológicas, sei lá) enormemente elevado? não é que tem um Gini caindo ao longo do tempo? repensei: obnubilação de raciocínio, paralaxe, essas coisas!
e também pensei, sei que penosamente, que pode ser que a tendência mundial de elevação das taxas de juros -apontada por muitos como sendo a volta do capitalismo, ele que nem sumira- pode ser resultado de um complô internacional pela elevação da taxa de lucros da economia: uma conspiração estado-capital. isto faria com que o mercado, em particular, o de trabalho, perdesse em sua refrega contra o capital. mais lucros, menos salários. exceto na linha do que argumentei na postagem de ontem, não é, meu? tem gente que é do contra simplesmente porque não está safisfeita com sua fair share e não sabe como queixar-se às saias da mamãe. cada uma!
ato contínuo, fui lendo, lendo, e cheguei na p.7, em que a manchete assinala que "Investimento externo inicia ritmo de queda", e que as "[r]emessas de lucros e dividendos em 2010 devem superar IED em até US$ 5 bilhões, prevê estudo da UNCTAD". diagonalizei a notícia. olhei mais para baixo: "[r]edução também é atribuída à ausência do País em tratados internacionais". ia começar a diagonalizar, mas parei em:
Para Herman Wever, isso faz muito mal para a economia porque os tratados de investimento, entre outrs funções, protegem os investimentos estrangeiros, tanto deempress estrangeiras no Brasil quanto de empresas brasileiras no exterior. 'O Brasil não só deixou de assinar tratados nos últimos dez anos como perdeu um que mantinha com a Alemanha', afirmou.
eu pensara: não tou entendendo, pois o Brasil experimentou expansão nunca vista nos investimentos diretos estrangeiros de ida e de frida, digo, de ida e de vinda nestes últimos vários anos. então o tratado de que Herr Herman fala não é tão relevante assim. ou haverá algo de obscuro nas nuvens? pois bem, segui pensando, sigamos diagonalizando a notícia, a fim de a olharmos com mais destaque, eis que vejo nela potencial para falar sobre a teoria da grande conspiração, mas -mais do que nela- nas dificuldades de raciocínio provocadas pelo álcool e por outras formas de obnubilação das habilidades cognitivas humanas.
neste caso, peguei a manchete do terceiro bloco de notícias da página 7 (Economia: "Fluxo de IED no mundo cai 34,4% em 2009. a comparação não é 100% procedente, mas achei que não custaria calcular quanto o Brasil perdeu, de acordo com o que eu já vira na capa do jornal: "Remessas do País devem superar IED". e era uma queda de US$ 35 bilhões para US$ 30 bilhões, ou seja, 17%. confesso que não pensei que a queda brasileira menor do que a média mundial não significa enorme elogio da recusa em assinar os tratados internacionais do Herr Herman. decidi ler tudo com o maior zelo. fi-lo. escrevi-lo.
DdAB
captura da imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5eu1gr9wqyfoC1CMfsfgg5N00m_p1PNtYSadnZf4NYFdH0K517r4uNSJZs-88yoajgviZ3sh-RVJIuWvCCuH1HC-AvBXvsT6ab3JA9RJinVNrVvnXmLHCxL97OPan5ssH8FfE9VZSRias/s400/MZ05-Alcoolismo-custom;size_392,373.jpg.
nem sempre os raciocínios são espúrios, às vezes conseguimos articular ideias interessantes em torno da mesa. às vezes, também, certos raciocínios mais elaborados dão um sono...
eu pedi para dormir ao ler, ao lado de minha tradicional Zero Hora, o Jornal do Comércio abarcando a sexta-feira-ante-ontem e o restante do fim-de-semana. pois lá, na p.2, vi a seguinte declaração do ilustrado Senhor João Guilherme Ometto, vice-presidente no exercício da presidência da FIESP. eu disse "FIESP", a maior instituição empresarial do maior estado federado ao velho Brazil cabralino:
O sentimento quanto à decisão do B[anco] C[entral] [de elevar a taxa de juros dentro de seu programa de "metas de inflação"] é de repúdio. O Brasil não pode continuar entre os campeões mundiais de maiores taxas de juros. Esse título é péssimo não somente para a nossa atividade econômica, mas para toda a população.
pensei: cara, bicho, gente: péssimo para a atividade econômica? não cresceu 9% início do ano? não é que estão usando a taxa alta para refrear a demanda, que a atividade econômica está acelerada, adiante da capacidade instalada que, por incapacidade, não alcança a demanda com preços estáveis? péssimo para toda a população? não é que tem um nível de emprego (e até acho que haverá manipulações metodológicas, sei lá) enormemente elevado? não é que tem um Gini caindo ao longo do tempo? repensei: obnubilação de raciocínio, paralaxe, essas coisas!
e também pensei, sei que penosamente, que pode ser que a tendência mundial de elevação das taxas de juros -apontada por muitos como sendo a volta do capitalismo, ele que nem sumira- pode ser resultado de um complô internacional pela elevação da taxa de lucros da economia: uma conspiração estado-capital. isto faria com que o mercado, em particular, o de trabalho, perdesse em sua refrega contra o capital. mais lucros, menos salários. exceto na linha do que argumentei na postagem de ontem, não é, meu? tem gente que é do contra simplesmente porque não está safisfeita com sua fair share e não sabe como queixar-se às saias da mamãe. cada uma!
ato contínuo, fui lendo, lendo, e cheguei na p.7, em que a manchete assinala que "Investimento externo inicia ritmo de queda", e que as "[r]emessas de lucros e dividendos em 2010 devem superar IED em até US$ 5 bilhões, prevê estudo da UNCTAD". diagonalizei a notícia. olhei mais para baixo: "[r]edução também é atribuída à ausência do País em tratados internacionais". ia começar a diagonalizar, mas parei em:
Para Herman Wever, isso faz muito mal para a economia porque os tratados de investimento, entre outrs funções, protegem os investimentos estrangeiros, tanto deempress estrangeiras no Brasil quanto de empresas brasileiras no exterior. 'O Brasil não só deixou de assinar tratados nos últimos dez anos como perdeu um que mantinha com a Alemanha', afirmou.
eu pensara: não tou entendendo, pois o Brasil experimentou expansão nunca vista nos investimentos diretos estrangeiros de ida e de frida, digo, de ida e de vinda nestes últimos vários anos. então o tratado de que Herr Herman fala não é tão relevante assim. ou haverá algo de obscuro nas nuvens? pois bem, segui pensando, sigamos diagonalizando a notícia, a fim de a olharmos com mais destaque, eis que vejo nela potencial para falar sobre a teoria da grande conspiração, mas -mais do que nela- nas dificuldades de raciocínio provocadas pelo álcool e por outras formas de obnubilação das habilidades cognitivas humanas.
neste caso, peguei a manchete do terceiro bloco de notícias da página 7 (Economia: "Fluxo de IED no mundo cai 34,4% em 2009. a comparação não é 100% procedente, mas achei que não custaria calcular quanto o Brasil perdeu, de acordo com o que eu já vira na capa do jornal: "Remessas do País devem superar IED". e era uma queda de US$ 35 bilhões para US$ 30 bilhões, ou seja, 17%. confesso que não pensei que a queda brasileira menor do que a média mundial não significa enorme elogio da recusa em assinar os tratados internacionais do Herr Herman. decidi ler tudo com o maior zelo. fi-lo. escrevi-lo.
DdAB
2 comentários:
Gostei, Duilio. Concordo com você: afirmações desatinadas grassam por este país. Os ocupantes de altos cargos do governo e de outras instituições civis acham que podem falar o que bem quiserem sem nenhuma preocupação. Até a língua portuguesa tem sido assassinada sem clemência.
Hoje pela manhã apareceu um técnico da Petrobras, na Rádio CBN, que concluiu uma frase sobre o último acidente numa plataforma próxima a Rio de Janeiro da seguinte forma: "isto é o que a gente temos a dizer neste momento". Viu? isto é um porta vós da Petrobras. Fala bobagem porque perderam-se as referências técnicas TODAS. Provavelmente o Sr. Ometto sabe que não precisa de muito esforço pra convencer os brasileiros sobre o que ele acha dos patamares de juros que rolam na economia. Viramos todos uma massa de desinformados dentro da geléia deletéria que adoça o pão dos políticos brasileiros.Que pena!
Beijão.
MdPB
oi, Da Paz!
vejo-te retomando a vidinha. vou ver se há poemas! não lembro se fiz postagem, acho que escrevi pilhas e perdi tudo. li um artigo de um velhinho que dizia que devemos deixar de avanças no "por que me ufano" e insistir no "que me desagrada" com o Brasil. eu quase morro por não saber a saída. sei poucos esperam-na de mim, mas ainda assim juro que um dia destes a encontro...
DdAB
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