02 julho, 2010

Copa do Mundo e Cordeirinhos

querido blog:
passou um tsunami sobre a Indonésia e outro sobre a seleção brasileira de futebol antes e hoje. de minha parte, quem levou um tsunami na cabeça foram certas previsões devidamente registradas. em primeiro lugar, errei que a seleção do Brasil ganharia da seleção argentina por 3x1 no jogo final. depois, assustado, revi as estimativas para as eleições brasileiras de 2010. como sabemos, as de 2012, se os políticos não mudarem tudo novamente, são municipais e bissextinas. nas eleições para presidente da república, a chapa Dilma-Serra terá, refiz cálculos 53% para a primeira e 36% para o segundo, como consequência do destempero do treinador Dunga durante o jogo em que os canarinhos foram derrotados pelos alaranjados, se a cor de minha TV não me enganou.

que posso dizer sobre cordeirinhos, além do que já falei sobre a Copa do Mundo? basicamente que Dunga, depois de ver-se irremediavelmente derrotado na ambição de ser o treinador mais elegante de todos os tempos e de levar a seleção ao hexacampeonato, parecia um borrego, tal sua timidez e modo vazio de olhar o infinito. jamais esquecerei seu desempenho durante dois jogos, capturados, eles, os esgares, em diversos momentos, de que destaco dois. em ambos, o que ele mostrava, em momentos em que seu time precisava de serenidade, era destempero. neste jogo em que fomos derrotados (eu também, sô, que jurara 3x1 sobre a Argentina) pela seleção da Iolanda -como disse o porteiro do edifício que abrigou/abriga o consulado de Porto Alegre- as câmeras mostraram Dunga dando murros em ponta de faca, ou melhor, esmurrando umas barras de ferro que estavam em sua retaguarda.

de acordo com a teoria da escolha racional, ninguém escolhe perder em jogos competitivos. ao mesmo tempo, de acordo com a teoria da escolha irracional, basta deixarmos aflorarem emoções alheias ao objetivo de fair play ou de vencer lisamente e passemos a baixar o cacete nos adversários. parece que, se queremos ser competitivos na produção de calçados, de aço forjado e campeões de futebil, precisamos de mais zelo, menos desmazelo, mais escolhas racionais e menos escolhas irracionais. claro que a seleção do Brasil não pode ser campeã em todas as copas, mas -cá entre nós- teria sido mais honroso levar um 1x0 da Argentina ou da Alemanha! em 2014, tem mais destempero ou racionalidade?
DdAB
p.s.: lições da copa do mundo, em resumo:
.1. treinadores torcedores (não pode mostrar desequilíbrio para os próprios atletas)
.2. jogadores auxiliares de árbitro (tem que jogar e deixar apenas o juiz apitar)
.3. recebemos mais uma lição, nós, os sabidos, porque burro, burro de nascença, temperamento e formação, nem pastando flores!
captura da imagem: http://i2.r7.com/data/files/2C92/94A4/2409/5999/0124/0B77/0631/0205/tsunami2004-g-20090930_AP_Eugene_Hoshiko.jpg: tsunami foi o que diferentes camadas de holandeses fizeram tanto com a Indonésia quanto com a seleção brasileira de futebol.

4 comentários:

Sílvio e Ana disse...

Para o Brasil faltou o que sobrou ao Uruguai: gana.
(Sílvio)

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

é, Sílvio, além disto, diz Umberto Eco (Viagem na Irrealidade Cotidiana) que eles só pensam em grana!
DdAB

Anônimo disse...

Sim, eu torci para o Brasil. Mesmo que não tenha assistido a nenhum jogo. É impossível não se contagiar pelo espírito de competição nesse evento. Principalmente porque é uma das poucas maneiras em que o Brasil pode ser melhor que o mundo inteiro. Todavia, espero que as acusações a mim destinadas - antipatriotismo por não vestir a camisa amarela e soprar vuvuzelas - não sejam obras do tempo. Patriota também se mostra em eventos nada emocionantes como as eleições que estão por vir.


Abraços

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

é, Daniel: estarás vendo nestas minhas postagens esportivas que tenho tido o cuidado (não sei se 100% eficaz) de não falar na "Argentina" ou "Alemanha", mas nas "seleções do Brasil e da Alemanha". por outro lado, ao me declarar contrário à manutenção dos estados nacionais, defronto-me também com meu amado filósifo Richard Rorty, que também (como tu) preza o patriotismo.
DdAB