querido blog:
um canudo que fornece três utilidades (batom, blush e sombra, para citar em ordem alfabética) só pode ser saudado com otimismo. este miraculoso três em um é produto de Anne Make Up. ele não me inspira a usá-lo ou vestir salto alto, como se diz. parece que, até agora, salto alto -mesmo- ninguém usou na Copa do Mundo de Futebol. o fato concreto e inapelável, ainda que palpável, é que o jogo final não será entre as seleções de futebol do Brasil e da Argentina, como antecipei ontem. o Brasil (seleção, claro) fora eliminado horas antes e a Argentina (seleção, óbvio) caiu hoje ante a superioridade e sorte do selecionado multirracial, como festejaram, alemão.
até agora ainda não sei dizer se apoiei argentinos ou alemães. tenho boas razões para amar estes dois povos. para não exagerar na declaração de amor repreesntada pelo ano que passei em Berlim, por escolha volitiva (como ouvi outro dia um político falando...), posso recuar meu amor pela Alemanha a tudo o que ela representou para a cultura do Rio Grande do Sul e, como tal, de minha infância. quanto ao país austral, também recorrendo a lugares comuns, meu amor também é velho. em particular, digamos, em 1963, tive minha experiência no lado de lá do Rio Uruguai, cruzando precisamente a ponte construída entre Uruguaiana e Passo de Los Libres. 10 anos depois, comecei a frequentar Buenos Aires (e Montevidéu), dando vazão à ânsia de respirar ares democráticos.
ledo engano, a milicada tomou também o poder por lá -ambos. mesmo assim, segui frequentando. mas também tem dois amores específicos pela cultura argentina. Jorge Luis Borges e o tango, além de -claro- milhares de outros. Borges chegou-me tarde, pois eu já iniciara há muitos anos o ciclo de leituras, com a Editora Civilização Brasileira, de romances da Coleção Nossa América, ou algo assim. talvez meu viés ideológico tenha colocado-o à direita, hoje entendo-o como um libertário, com devoções excessivamente condicionadas por seu tempo (mas também, cá entre nós, que tempos poderíamos esperar ver influenciá-lo, além dos seus?). o primeiro livro que li dele não era dele. nem sei referenciar de acordo com as normas da ABNT:
título: Jorge Luis Borges
coleção: O Pensamento Vivo de [...], volume 16
editora: Martin Claret
pesquisa, organização, notas e biografia: Cristina Fonseca.
ano de publicação: s. d., mas arrisco-me a colocar um circa 1987
... pois o adquiri precisamente no dia 31/10/1987, em Porto Alegre. e terei lido aqui e ali, pois a seguinte frase está bem sublinhadinha, com elogios postados à margem: "Admiro o fato (...) de uma pessoa não se levar muito a sério. As pessoas que se levam muito a sério são horríveis." (sic)
pois bem, influenciado positivamente o suficiente por esta visão panorâmica do trabalho borgeano, aos 29/dez/1987, adquiri o livro "Narraciones", com apresentação de Marcos Ricardo Barnatán, e seleção de diversos escritos, talvez um subconjunto quase completo dos melhores. mas melhor mesmo vim a fazer em 2004, ao adquirir-lhe as Obras Completas (da Editora Emecé). por não ter cedido à linearidade dos números naturais, decidi levar a acompanhar-me em Berlim o segundo volume, que li inteirinho antes de ler o primeiro. depois, claro, li o primeiro, voltei a ler coisas de Narraciones, li apartados o "Martin Fierro" e "O que é o budismo" e mais não li porque mais não pude. belo resumo: Borges em Berlim: tinha que ser empate no jogo de futebol.
do tango, posso dizer que minha paixão é mais recente: comecei a ouvir, quase posso jurar, em setembro de 2006. desde então, tornei-me um dos maiores especialistas portador de meu próprio CPF. não me queixo, podia saber mais, podia saber tanto quanto milhares que sabem mais, mas não me queixo. meu tango preferido, como sabemos, é "El Entrerriano", mas a lista completa de meus tangos preferidos praticamente chega aos -que cataloguei- 500 tangos clássicos. para não falar em Piazzola e no tango eletrônico. e para falar mais: Jalousee, que nem é argentino.
e que falar dos argentinos que ficaram felizes com a derrota da seleção brasileira na tarde de ontem? o mesmo que poderia falar dos brasileiros que ficaram felizes com a derrota da seleção argentina de futebol na tarde de hoje. ambos são associados ao clube da baixaria. e tenho bem claro que os brasileiros e argentinos que vibraram com os tropeços das seleções de futebol destes dois países são apenas uma amostra de associados do clube da baixaria, claro. rivalidade no futebol é hoje, como tudo o mais, mercadoria. e, como amante de mercadorias e odiante da desigualdade social e econômica, vejo com enorme desprezo todos os tipos de estereótipos e etnocentrismos. mesmo porque, com este troço de dupla cidadania (brasileiro e italiano), despertei para uma necessidade insuperável tão cedo: faltam-me mais 198, para ser declarado cidadão do planeta!
portanto, o jogo final exibirá um escore final de 3x1 (ou 1x3, que, sob o ponto de vista matemático, gera o mesmo produto, a mesma renda e a mesma despesa, ou seja, o mesmo valor adicionado, mas acho que estou evadindo-me do bom-senso).
DdAB
captura da imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsjDDYVDldFg1Bt_3wyJsfjiXohapyN2QXAgr6g1Cr53LbX-J_-LJkP_vE-hQsbEzW9FndH-kF2sH5iejDy40_gXzQnorX103wBvd8-2XAGoUFZHhNMCxW71FRXxGTul196cQ4kcE2BqTP/s400/3x1anne.jpg
um canudo que fornece três utilidades (batom, blush e sombra, para citar em ordem alfabética) só pode ser saudado com otimismo. este miraculoso três em um é produto de Anne Make Up. ele não me inspira a usá-lo ou vestir salto alto, como se diz. parece que, até agora, salto alto -mesmo- ninguém usou na Copa do Mundo de Futebol. o fato concreto e inapelável, ainda que palpável, é que o jogo final não será entre as seleções de futebol do Brasil e da Argentina, como antecipei ontem. o Brasil (seleção, claro) fora eliminado horas antes e a Argentina (seleção, óbvio) caiu hoje ante a superioridade e sorte do selecionado multirracial, como festejaram, alemão.
até agora ainda não sei dizer se apoiei argentinos ou alemães. tenho boas razões para amar estes dois povos. para não exagerar na declaração de amor repreesntada pelo ano que passei em Berlim, por escolha volitiva (como ouvi outro dia um político falando...), posso recuar meu amor pela Alemanha a tudo o que ela representou para a cultura do Rio Grande do Sul e, como tal, de minha infância. quanto ao país austral, também recorrendo a lugares comuns, meu amor também é velho. em particular, digamos, em 1963, tive minha experiência no lado de lá do Rio Uruguai, cruzando precisamente a ponte construída entre Uruguaiana e Passo de Los Libres. 10 anos depois, comecei a frequentar Buenos Aires (e Montevidéu), dando vazão à ânsia de respirar ares democráticos.
ledo engano, a milicada tomou também o poder por lá -ambos. mesmo assim, segui frequentando. mas também tem dois amores específicos pela cultura argentina. Jorge Luis Borges e o tango, além de -claro- milhares de outros. Borges chegou-me tarde, pois eu já iniciara há muitos anos o ciclo de leituras, com a Editora Civilização Brasileira, de romances da Coleção Nossa América, ou algo assim. talvez meu viés ideológico tenha colocado-o à direita, hoje entendo-o como um libertário, com devoções excessivamente condicionadas por seu tempo (mas também, cá entre nós, que tempos poderíamos esperar ver influenciá-lo, além dos seus?). o primeiro livro que li dele não era dele. nem sei referenciar de acordo com as normas da ABNT:
título: Jorge Luis Borges
coleção: O Pensamento Vivo de [...], volume 16
editora: Martin Claret
pesquisa, organização, notas e biografia: Cristina Fonseca.
ano de publicação: s. d., mas arrisco-me a colocar um circa 1987
... pois o adquiri precisamente no dia 31/10/1987, em Porto Alegre. e terei lido aqui e ali, pois a seguinte frase está bem sublinhadinha, com elogios postados à margem: "Admiro o fato (...) de uma pessoa não se levar muito a sério. As pessoas que se levam muito a sério são horríveis." (sic)
pois bem, influenciado positivamente o suficiente por esta visão panorâmica do trabalho borgeano, aos 29/dez/1987, adquiri o livro "Narraciones", com apresentação de Marcos Ricardo Barnatán, e seleção de diversos escritos, talvez um subconjunto quase completo dos melhores. mas melhor mesmo vim a fazer em 2004, ao adquirir-lhe as Obras Completas (da Editora Emecé). por não ter cedido à linearidade dos números naturais, decidi levar a acompanhar-me em Berlim o segundo volume, que li inteirinho antes de ler o primeiro. depois, claro, li o primeiro, voltei a ler coisas de Narraciones, li apartados o "Martin Fierro" e "O que é o budismo" e mais não li porque mais não pude. belo resumo: Borges em Berlim: tinha que ser empate no jogo de futebol.
do tango, posso dizer que minha paixão é mais recente: comecei a ouvir, quase posso jurar, em setembro de 2006. desde então, tornei-me um dos maiores especialistas portador de meu próprio CPF. não me queixo, podia saber mais, podia saber tanto quanto milhares que sabem mais, mas não me queixo. meu tango preferido, como sabemos, é "El Entrerriano", mas a lista completa de meus tangos preferidos praticamente chega aos -que cataloguei- 500 tangos clássicos. para não falar em Piazzola e no tango eletrônico. e para falar mais: Jalousee, que nem é argentino.
e que falar dos argentinos que ficaram felizes com a derrota da seleção brasileira na tarde de ontem? o mesmo que poderia falar dos brasileiros que ficaram felizes com a derrota da seleção argentina de futebol na tarde de hoje. ambos são associados ao clube da baixaria. e tenho bem claro que os brasileiros e argentinos que vibraram com os tropeços das seleções de futebol destes dois países são apenas uma amostra de associados do clube da baixaria, claro. rivalidade no futebol é hoje, como tudo o mais, mercadoria. e, como amante de mercadorias e odiante da desigualdade social e econômica, vejo com enorme desprezo todos os tipos de estereótipos e etnocentrismos. mesmo porque, com este troço de dupla cidadania (brasileiro e italiano), despertei para uma necessidade insuperável tão cedo: faltam-me mais 198, para ser declarado cidadão do planeta!
portanto, o jogo final exibirá um escore final de 3x1 (ou 1x3, que, sob o ponto de vista matemático, gera o mesmo produto, a mesma renda e a mesma despesa, ou seja, o mesmo valor adicionado, mas acho que estou evadindo-me do bom-senso).
DdAB
captura da imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsjDDYVDldFg1Bt_3wyJsfjiXohapyN2QXAgr6g1Cr53LbX-J_-LJkP_vE-hQsbEzW9FndH-kF2sH5iejDy40_gXzQnorX103wBvd8-2XAGoUFZHhNMCxW71FRXxGTul196cQ4kcE2BqTP/s400/3x1anne.jpg
Um comentário:
oh, tchê, não entendi bem este troço aí, mas tu tá me dizendo que o "Martin Fierro" é um livro de Jorge Luis Borges? vamos manerar, sô!
.A.de.A.
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