19 julho, 2010

Enciclopédias: Britânica, Wikipedia e GangeS

querido blog:
uns amigos de direita dirigiram-se a Assis como se ele fosse o líder máximo com que eles sempre contaram para a extinção do banco central. diziam que deixar por conta do mercado a regulamentação da oferta monetária "é o canal". tão despropositado clamor levou Assis a criar o seguinte poema:

Se "oferta monetária = B"
e se "vida societária = A",
então, partindo do pressuposto de que
"bah" é uma interjeição
logicamente válida
(do tipo 3,1416),
segue-se logicamente
que
A = B.
Neste caso, a oferta monetária
-conclui o poema com rima salafrária-
é igual à vida societária.

Seguiu a argumentação salientando, em resumo, que -da mesma forma que a vida societária criou regulamentos e restrições ao exercício da liberdade individual- a oferta monetária, por termos
B = A
criou restrições ao exercício da liberdade individual!

na sociedade contemporânea -disse Assis-, que é a sociedade da abundância, a troca -por basear-se na escassez- será superada. cada indivíduo poderá determinar a seu telefone celular (isto é, à chave que lhe dá acesso a tantos androides quantos queira, tantos órgãos exossomáticos quantos possa conceber) a criação de tantos objetos materiais quanto queira: raquetes de tênis, desmafaguifizadores de I e II grau, pílulas de todos os calibres e utilidades, e por aí vai.

haverá um problema: a forma de encapsular todo o conhecimento humano e fazê-lo disponível a um simples piscar de olhos. a origem moderna das enciclopédias, depois da imprensa, da escrita e da garantia de três refeições, permitiu o surgimento, anos após, da Enciclopédia Britânica. outros curtos anos se passaram e apareceu, como que caída dos céus, a Wikipedia, antecedida de uma ou duas décadas pela Editora GangeS.

as mercadorias buscaram seus signos e as marcas viraram mercadorias, ou as mercadorias começaram a produzir seus próprios signos, antropomorficamente expressando. para Isaac Azimov, no conto de ficção científica "A Última Pergunta", havia um computador central que oscilava, como um io-iô, entre tamanhos enormes e minúsculos (centenas de minúsculos, colocados para agir em paralelo, geravam a certos tempos irregulares, um central). a certa altura da ação, as pessoas fundiram-se com este conhecento fluido e unversal, gerando um final -classificou Assis- como insuspeitado. quem leu o conto saberá que Assis estava errado, pois o final é mais velho do que a própria Bíblia de Gutemberg. no início do século XXI, passou-se a falar em "computação nas nuvens", o que obviamente evoca a cadela Laika. calá-la de lá vocaciona cafices decassilábicos.
DdAB
captura da imagem: achei que uma imagem enciclopédica da cadela lá dela, Laika, a União Soviética, poderia servir para ilustrar esta postagem extra-terrestre. http://petmag.net.br/e/wp-content/2009/04/21_laika.jpg. Laika, bem o sabemos, foi o primeiro cão (incluindo, claro, políticos e ladrões) a evadir-se da força gravitacional do Planeta Terra. era 1960 ou 1961?

Um comentário:

Adalberto de Avila disse...

caro DdAB: li o seguinte: cão espacial, meu chapa?, estás pensando que sou parente do Scobbie-Doo? Otelo talvez se seccionasse, se se sentisse o tal.
.A.de.A.