Querido Blog:
O Prof. Leonardo Monastério, semanas atrás, em seu próprio blog, chamou-me a atenção à existência do Prof. Bradford Delong (o.s.l.t.). Pois, dias depois, o suplemento dominical sobre finanças de Zero Hora (28/dez/2008) publicou-lhe um artigo cujo título é "Depressão Econômica". Há coisas interessantes. Se a ciência econômica se divide em Micro, Meso e Macroeconomia, somos forçados a concluir que a Macroeconomia poderá ser subdivida em Introdutória, Intermediária e Avançada.
O livro de Delong, como ilustra a capa -que reproduzi para benefício do leitor médio- trata do meio-do-caminho (se hífens ainda são permitidos ao cidadão liberto). Na verdade, não precisamos esperar que o eleitor contemporâneo vá além dos conhecimentos factuais de economia, credenciando-se a acompanhar algumas intuições geradas no estudioso do nível avançado.
O artigo de Delong é ligeiramente confuso no que está dizendo, mas pode ser resumido mais ou menos como segue. First, ele diz qual o consenso dos últimos 20-25 anos na definição do que é uma economia funcionando benevolamente. Neste caso, temos quatro recortes (citações praticamente literais):
.a. política econômica de curto prazo deve ser deixada nas mãos do Banco Central, com os poderes Legislativo e Executivo (americanos) incidindo sobre o longo prazo e mantendo-se fora da flutuação ano a ano do emprego e dos preços;
.b. a prioridade dos bancos centrais (já não é 100% claro se são os regionais americanos ou os de todos os países; acho que trata-se da economia mundial) deve ser a manutenção de sua credibilidade como guardiões da estabilidade dos preços, e só depois devem voltar suas atenções para manter a economia próxima do pleno emprego;
.c. bancos centrais devem influenciar os preços dos ativos através de operações normais de mercado, a saber, compra e venda de títulos da dívida pública a curto prazo em troca de liquidez;
.d. o Banco Central deve estar preparado para intervir e prevenir retiradas em massa de depósitos, bem como deve deixar que o setor financeiro se administre com pouca intervenção reguladora, atuando não como uma dama de companhia, mas como o condutor designado no caso de excesso especulativo.
Prossegue Delong dizendo que Paul Krugman (o recente ganhador do Prêmio Nobel de Economia por suas contribuições mais na microeconomia do que na macro, by the way) denunciou recentemente estes tipo de -digamos- consenso. Vou citar Delong literalmente, com fonte em itálico e negrito:
Hoje em dia, a política econômica de curto prazo não pode somente ser deixada sozinha com o Banco Central. Entre outras coisas, seu balanço não é suficientemente grande. Pelo menos, os bancos centrais precisam agora a ajuda do poder estatal para impor impostos e empréstimos.
Além disso, a principal prioridade para os bancos centrais deve ser o de manter a sua credibilidade como guardiões da estabilidade e da saúde do sistema financeiro. Bancos centrais devem tentar manter a economia perto do pleno emprego provocando o aumento dos ativos quando ela começa a ameaçar o aumento do desemprego. Mas agora os bancos centrais estão influenciando os preços dos ativos por um grande número de canais e procedimentos diferentes das normais operações de mercado aberto: eles estão tentando afetar não apenas aos descontos de duração, mas também aos de risco, lentidão (morosidade) e levados por informação.
Também não é aceito que essas medidas são suficientes. Além disso, o incentivo fiscal é necessário. A economia de não-depressão evita a política fiscal, com o argumento de que os instrumentos dos bancos centrais são suficientemente potentes e os seus processos de decisão mais eficazes e mais tecnocratas do que o Legislativo. Mas com as condições que prevalecem hoje, não podemos permitir esta perspectiva.
Por último, os bancos centrais continuam dispostos a intervir para impedir a retirada em massa de depósitos, mas a hipótese de um ligeiro ajustamento do setor financeiro tem poucos defensores. A visão de consenso é a de William McChesney Martin, que foi presidente do Federal Reserve dos Estados Unidos da América: um banco central evita a excessiva especulação, “eliminando as bebidas alcóolicas antes que a festa fique muito animada”.
Dito isto, resta-me apenas dizer que vou tentar, em sucessivas postagens, analisar o que me parece excessivo economês de tudo o que está sobre nós, ou seja, o texto de Delong e sua recorrência ao que Krugman teria filosofado.
DdAB
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