Veja esta extraordinária inovação tecnológica que me caiu aos olhos nesta manhã dominical. Qual? Qual inovação, qual domingo? Domingo, hoje. Hoje é domingo, pede cachimbo. Há anos li uma crônica intitulada mais ou menos como "Sobre cachimbos, rosas, amar...". Falava em domingos e cachimbos. Qual inovação? Consegui carregar a figura do casalzinho acima, semininteligível (e os cabras da ABL ainda mais...) depois de algum texto.
O que me entusiasmou na figura acima, que diligentemente baixei do Google-Images, não foi tanto sua enorme componente indecifrável para mim, mas o fato de que ela veio da pesquisa de "learning curve". E é sobre isto que quero falar, sob o ponto de vista do desenvolvimento da "sociedade capitalista", ou melhor, como tenho dito preferir (e vou conseguir que, um dia destes, algum Cherini, cherubini, deputado ou vereador torne obrigatório seu uso pelos técnicos do Banco Central e da Petrobrás), das "economias monetárias".
Como sabemos, as economias monetárias são baseadas na troca, na divisão social do trabalho e na busca incessante de ganhos de produtividade. Maior produtividade significa, entre outras representações, mais pressa, desejo de alcançar maiores resultados com o mesmo ou menor uso do tempo, hedonismo, mania de perfeição, transtorno obsessivo-compulsivo, e por aí vai.
Um dos artigos extremamente difíceis a que tive acesso em minha vida (com matemática muito superior a meus poderes que -otherwise- considero até meio mágicos...), o famoso "The economics of learning by doing, de Kenneth Arrow, também ganhador do Prêmio Nobel de Economia. Velha piadinha esta do "também ganhador", o que levou um político de escol a pensar que outro ganhador era eu próprio e que ele próprio também candidatar-se-ia a uns financiamentos do Banco do Brasil para lavouras de ar e, se tivesse sucesso, poderia comprar o Prêmio Nobel da Paz.
Pois, para quem não sabe, o Proféssor Arrow estudou o caso de uma usina geradora de energia elétrica da Suécia, examinando-lhe lá pelos anos 1950 um conjunto de dados de 20 anos. E percebeu (from scratch?) que ela -a fábrica- não comprou capital, não contratou ou despediu ninguém, não fez nada além de girar-girar. E aí é que ficou ainda mais abismado, pois percebeu que a produção de energia elétrica experimentou um aumento longe-de-desprezível. E o artigo busca as implicações deste troço: "de tanto fazer o mesmo, a própria fábrica aprendeu a fazer melhor".
Dito isto, torna-se fácil entendermos por que não entendemos tudo o que acontece na ilustração de hoje, querido Blog. Primeiro, esta do "Hey, little buddy", id est, "Olha aí, cara!" tem uma negadinha de quem eu nunca ouvi falar, talvez por nunca ter morado em Nashville ou por nunca ter prestado atenção adequada a uns papelzinhos que há anos vi num sebo -você já adivinhou- quando visitei a "Ilha de Gilligan", se é que o fiz. Em resumo, parece que o casalzinho é bastante aquerenciado com o programa "Gilligan's Island", algum rapaz que mora em alguma ilha.
Mais ainda, suponho que estejam frente a um terminal bancário, buscando fazer um saque de seus dinheirinhos recebidos na forma de transferências governamentais (aposentadoria ou renda básica) ou rendimentos do capital de seus dinheirinhos ainda não afanados pelos políticos. Ainda do tempo em que "retirar dinheiro" era importante. ((Tu lembra que eu já te falei que, da última vez em que estive na Inglaterra, vi em mais de um templo de comércio os dizeres: "No cash accepted", pois só aceitavam cartões de crédito ou débito?)) O que desperta interesse na mensagem que inspira a seleção do cartoon para a postagem de hoje é que os dois estão pagando um preço para usar o cash-point, ao invés de se defrontagem com indivíduos humanos de carne-e-osso num guichê de banco. O preço é mensurado em termos do uso de seu tempo. Para meterem a mão no que é seu por direito divino, devem aprender a mexer na máquina.
Uma vez que o casalzinho está aprendendo a usar novas tecnologias de meter a mão em sua grana, tecnologias estas benévolas para os lucros dos bancos, é natural que ele receba alguma remuneração, compensação, pelo bemestar negativo que lhe é provocado o stress de mexer na máquina que lhe é estranha. Como sabemos, nada do que é humano nos deve ser estranho, pois também somos humanos. O mesmo já não ocorre quando estamos tratando de máquinas. Se bem que J. R. Sanson chamou-me a atenção para o fato de que as máquinas são, em certo sentido, humanas, pois foram extraídas a marteladas (você, divina leitura, sabe de quem estou falando...) da cabeça de gente como a gente. Ok, não dispersemos.
Se o consumidor, ao permitir aos produtores elevarem sua produção, está propiciando os ganhos do learning by doing e, ainda mais, está financiando a transição da tecnologia convencional para a poupadora de recursos, então é justo que o dinheirinho dos acionistas, que aumentou com estas ações, seja confiscado por algum político honesto e redistribuído para toda a sociedade, que foi quem -no começo do assunto- permitiu que o mercado lhe agregasse as preferências.
Sinto um cheiro de café vindo de não sei onde e vou lá ver se encaro uma xícara. Isto significa que outro dia esclareço este troço todo.
DdAB
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