Amado Blog:
Olha a ilustração que obtive do Google Images para a postagem de hoje. Esta -a postagem- diz respeito à terceira fala de Bradford DeLong, que me propus a examinar exaustivamente, se me assim posso expressar. Comecei precisamente com "delong e o novo consenso macroeconômico". Nada postei, nem tentei o título da postagem que agora vemos. Nada pesquei, decidindo buscar apenas "novo consenso macroeconômico". Nada achei de muito interessante, mas havia algo assemelhado, o poster de propaganda da reunião anual da ANPEC de 2006, a que não fui, o que provocou enorme desgosto nos organizadores. Não fui, como sabemos, pois estava em Berlin.
Disse-nos DeLong:
Também não é aceito que essas medidas são suficientes. Além disso, o incentivo fiscal é necessário. A economia de não-depressão evita a política fiscal, com o argumento de que os instrumentos dos bancos centrais são suficientemente potentes e os seus processos de decisão mais eficazes e mais tecnocratas do que o Legislativo. Mas com as condições que prevalecem hoje, não podemos permitir esta perspectiva.
Posso assegurar, antes de ingressar no tumultuado mundo da macroeconomia, que prefiro a forma "tampouco é aceito que essas medidas sejam suficientes", se é que isto interessa a Barack Obama e outros. Seja como for, ficam patentes os problemas de tradução do texto. Ontem falei em "política fiscal". Pois isto rima com "incentivo fiscal". Claro que, num ambiente de taxa de juros mais baixa do que o chão, a política monetária torna-se ineficaz, como falei que Keynes falou. A solução é ativar a demanda, segundo ele. Segundo mim, ou melhor, primeiro eu, diremos que o que importa é o gasto público. Mas gasto público não é exclusivamente representado pela variável G do conceito de valor adicionado (VA) mensurado pela ótica da despesa (D). Ou seja, VA = D = C + I + G + SE: o consumo das famílias, mais o investimento das empresas mais o gasto do governo mais o saldo do setor externo (expo menos impo).
Gasto público, como podemos facilmente ver na matriz de contabilidade social também pode assumir a forma de transferências do governo para as famílias ricas. Afinal, estas ficaram muito abaladas com toda a crise e bem que precisariam -no Brasil- de uns R$ 200 ou 300 bilhões, para manterem sua jovialidade (leia-se "sorrizinho de mofa"...). Caso desejemos, todavia, a sociedade igualitária, poderíamos meter essa grana na mão das famílias pobres, o efeito agregado seria aproximadamente o mesmo, induzindo escandalosos volumes de adição de valor. Ou seja, estamos defrontando-nos com uma tecnicalidade: gasto do governo em transferências não é valor adicionado, em absoluto paralelismo com os gastos dos produtores em insumos, não é, seu sabidão? Obviamente insumo é antônimo de valor adicionado, mas tá na cara que a produção de mais valor adicionado requer o uso de mais insumos (a menos que todo o valor adicionado assuma a forma de produção de cafuné, ainda assim, gerado por cafuneístas que sequer lavam as mãos antes de suas sessões digitais).
A classe alta e seus arautos acha que o que de bom o governo pode fazer é dar-lhe dinheiro para comprar insumos e produzir. A classe baixa e seu defensor autorizado (mim) achamos que o que de melhor o governo pode fazer para gerar a sociedade igualitária é meter o dinheiro diretamente na mão dos 22 milhões de detentores de empregos precários. Isto é o que o pessoal do marketing chama de "empowerment", ou seja, poder de compra. Como demonstrei com a ajuda de um teorema do Excel, se cada brasileiro em idade ativa ganha R$ 1.000 por mês, exaure-se apenas 40% do PIB, restando 60% para o resto. Isto significa necessariamente que o governo nem precisa mexer em seu G, apenas meter um dinheirinho na mão da pobreza, que gastará a seu bel-prazer, reduzindo o prazer dos arautos da burguesia, que acham que o lugara de pobre é puxando carroça, como vemos 22 no carrefour da ilustração acima.
Foi esta minha intenção ao selecionar a imagem que lata (ou melhor, que lá tá). Seria um troço mais ou menos assim: macroeconomics at its crossroads. No Brasil nem tecnocratas nem o legislativo têm a menor importância para o desenho da política fiscal decente, pois não existe lei do orçamento, ou melhor, existe lei do orçamento que não tem força de lei, logo também existe orçamento que não tem força de orçamento, compreendeu? Já falei amplamente sobre o que significa sociedade igualitária: em três horas diárias, o papeleiro fará cafuné em velhos e crianças, sob o título de "trabalho comunitário". Em outras três horas, ele fará ginástica, para largar da bebida e em outras três horas ele fará aulas de português para, quando fumar lá seu baseado, não falar em "mardita" e sim em "maldita", ou até "maledetta", caso tenha cidadania italiana, como mim.
RESUMO BUDISTA:
.A. três horas de ginástica (para manter a coluna ereta)
.B. três horas de aula (para manter a mente quieta, nada melhor do que a tabuada, nada melhor do que aprender lições de empreendedorismo com o fundador da Editora GangeS)
.C. três horas de trabalho comunitário (para manter o coração tranqüilo).
Importante nota sobre o budismo: hoje vi uma xilografia de Zorávia Bertiol em que se lê a palavra "flôr", de 1965. Pensei que esta brasileirada que fica mudando a ortografia a cada dá-cá-aquela-palha é acolherada com os ricos, não tem o coração tranqüilo, é contra as transferências governamentais aos pobres, quer mesmo é dinheiro para seguir fazendo suas autoestradas para ir matando galinhas e pobres em seus bólidos bêbados. Vão dizer que sou velho por rimar "amor" e "flôr"? Ou que Machado era abobado por ter escrito errado?
DdAB
Peésse: haverá mais discussão sobre o palpitante problema do solstício de verão e o jornal Zero Herra, que deu o dia mais longo do ano como sendo o 19 de janeiro... Como sabemos, "O Mais Longo dos Dias" foi o filme retratando (filme retrata?) o desembarque das so-called Forças Aliadas na Normandia em 1945 (ou era 1944?). Alega-se, em sala de aula vedada aos filhos dos meninos de rua e a themselves, que o mais longo dos dias acompanha o solstício de verão. E que o mais curto dos dias (que ocorrerá quando Garcia prender Zorro) é o do solstício de inverno. Falou? Em:
http://outrapolitica.files.wordpress.com/2008/06/cropped-2490238310_fd45362b24_o.jpg,
encontramos
[a verdade é que o BlogSpot não está deixando-me upload esta foto revolucionária]
que é o antídoto da baixaria do Santo André da foto acima!
2 comentários:
E eu que pensava só haver solstício de verão (solstício sendo algo assim como "sol parado no céu", portanto, o dia mais longo do ano, e só podendo ocorrer mesmo no verão) e que o contrário era o equinócio de inverno (equilíbrio; dia com a mesma duração da noite, fenômeno só possível no inverno). Ficava faltando, na minha ignorância poética, uma denominação para a noite mais longa do ano, que tanto podia a ser noite polar como o dia de Natal em um filme do Bergman.
Aquele dia mais longo que ocorreu, exepcionalmente no inverno de 1945, na Normadia, foi cheio de efeitos especiais - eu mesma, quando por lá andei, comprei no Museu do Desembarque uma daquelas "baratinhas" que faziam um som assim: tac-tac, e isso era um código para os soldados aliados se localizarem e reconehceram no escuro (antes de o sol rair e depois que o dia terminou, óbvio). Tomara que eu consiga postar este comentário ...
Cara/o Ellahe: respondo o comentário no que posso. Olho o dicionário Webster em "solstice": do latim 'solstitium', sol e 'stitium', de 'statum' pretérito de 'sistere', fazer com que algo fique parado, de 'stare', parar. Minha tradução. No mundo, há solstícios de verão (dia mais longo) e de inverno (noite mais longa). E equinócios de outono e primavera, com dias e noites de 12 horas.
Comento o comentário: amei-o, com sua parte poética.
DdAB
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