Querido Blog:
[esta postagem recebeu uma correção metodológica de profundidade interestelar dizendo respeito à diferença entre preço e valor. Ver rodapé 1]
Ontem foi feriado. Hoje posto uma fórmula. Dei uma editadinha na foto acima, um livro que não li sobre o McDonalds, o.s.l.t.. Peguei o M do Mac ao buscar "c + v + m". O bobinho do Google-Images deu-me mais de 9 milhões de documentos com estas três letrinhas: capital constante (c), capital variável (v) e mais-valia (m). A nova ortografia e o Pres. Lula que a outorgou aos companheiros de nação tirariam o hífen da mais-valia, ainda que os trabalhadores, enquanto classe, prossigam sendo explorados pelos capitalistas, enquanto classe.
No outro dia, falei que não exploro o flanelinha que cuida de meu carro, quando vou pagar meus impostos em dia... Isto porque não podemos falar em exploração de um indivíduo por outro, pelo menos não no sentido da economia política marxista. Mas há ainda dois problemas mais sutis relativos a esta questão da exploração. Se minha equação acima estiver certa, no sentido de que V = c + v + m, onde, agora, V é o valor da mercadoria sendo analisada, vejamos o que segue.
O primeiro problema mais sutil é que esta mercadoria apenas tem o valor V se todas as demais i mercadorias tiverem lá seus valores Wi. Se V não tem valor, então "V" não é mercadoria, mas o que dá o valor V para "V" é precisamente o Ve-zão (olha o hífen...), ou seja a determinação conjunta de todos os valores de todas as mercadorias (isto é, depois que c + v, a soma do capital constante com o variável, deu seu salto mortal, isto é, virou o preço, isto é, a quantidade de dinheiro ($$$) que foi paga em troca de uma unidade do valor-de-uso (hifens...) "v". Um troço mais ou menos assim.
O segundo problema mais sutil é que, como sugeri na primeira sutileza, o valor deverá ter-se transformado (ou seja, o problema da transformação terá sido equacionado) em preço, a soma de todos os valores ter-se-á transformado em soma de todos os preços. Agora as sutilezas number two enrascam-nos em mundanos problemas. O problema de Ian Steedman é que é impossível que simultaneamente a soma dos valores seja igual à soma dos preços, bem que o total de mais-valia gerado na sociedade no período seja igual à soma dos lucros das diferentes indústrias.
Nem vou chamar o que pende de terceira sutileza, mas não é ocioso dizermos que estamos interessados em conhecer o "valor [que foi] adicionado" pelo trabalho socialmente necessário, o que permite vermos a diferença entre V e (v+m). O valor V corresponde ao valor de venda da mercadoria individual V, ao passo que o valor (v+m) corresponde ao valor adicionado. A correspondência entre o valor V e o preço da mercadoria, digamos, P é -digamos- perfeita. Todavia o que não está nem perto de ser explicado satisfatoriamente por esta linha de argumentação é que possamos somar dois preços. Que significa somar laranjas com bananas? E que significa somar o preço da laranja, digamos, R$ 1,00 com o preço de uma locomotiva, digamos, R$ 1.000.000,00? Não significa nada, a menos que pensemos que 1.000.001 tenha palindrômicas propriedades econômicas que fogem -como o famoso burro- de todo o framework hoje disponível nos livros pertinentes. [Ver rodapé 1.]
Pois bem, eu queria fazer uma postagem breve. Mas ainda faltou o "fetichismo". Tem, no Google-Images, muita mulher pelada sob este título. Mas o que aqui interessa é saber qual o significado de tudo o que discuti acima, qual o sentido de construirmos uma "teoria do valor"? Seguindo os Profs. André Contri e Meghad Desai -inspiradores do próprio Karl Heinrich Marx a este respeito- o capítulo 1 d'O Capital começa falando na mercadoria e seu valor. E termina dizendo que o segredo da mercadoria é que ela -ao ser trocada por iguais- esconde o fato de que um igual relevante é o equivalente de trabalho. Em outras palavras, o que está sendo trocado, quando eu myself vendo uma laranja e compro uma fração pertinente de uma locomotiva é a fração de meu trabalho incorporada pela laranja por uma fração do trabalho do produtor de locomotivas incorporada na locomotiva que foi objeto de nossa troca. Ou seja, houve troca de trabalhos, mas o fetichismo faz com que o eleitor do Sr. Lula pense que houve troca de dois blim-blim-blins que portam o mesmo preço.
Beijos políticos
DdAB
Rodapé 1: acrescentado no dia 18/agosto/2015.
Vou tentar corrigir aqui um erro que consta do texto lá de cima:
Nem vou chamar o que pende de terceira sutileza, mas não é ocioso dizermos que estamos interessados em conhecer o "valor [que foi] adicionado" pelo trabalho socialmente necessário, o que permite vermos a diferença entre V e (v+m). O valor V corresponde ao valor de venda da mercadoria individual V, ao passo que o valor (v+m) corresponde ao valor adicionado.
Não faz muito tempo, dei-me conta de que o próprio Marx disse, na página 120-121 da edição do volume 1 da Boitempo (tradução de Rubens Enderle):
Os valores de uso casaco, linho etc., em suma, os corpos das mercadorias, são nexos de dois elementos: matéria natural e trabalho. Subtraindo-se a soma total de todos os diferentes trabalhos úteis contidos no casaco, linho etc., o que resta é um substrato material que existe na natureza sem interferência da atividade humana. Ao produzir, o homem pode apenas proceder como a própria natureza, isto é, pode apenas alterar a forma das matérias. Mais ainda: nesse próprio trabalho de formação ele é constantemente amparado pelas forças da natureza. Portanto, o trabalho não é a única fonte dos valores de uso que ele produz, a única fonte da riqueza material .Os trabalho é o pai da riqueza material, como diz William Petty e a terra é a mãe.
Então que posso fazer? Dizer que c, o capital constante, tem três componentes, c1, c2 e c3. Pois então c1 são as dádivas da natureza, incluindo aquelas processadas por todos os setores a montante do que produz, digamos, o linho. Aí então, c2 é a depreciação das máquinas e equipamentos que foram usadas para produzir, digamos, o casaco. Por fim, c3 é a porção dos insumos correspondentes à produção do casaco que já tiveram seu valor contabilizado em outros setores. Neste caso,
dab
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