Querido diário:
Meus "formadores de opinião" são um ou dois jornais que leio mais ou menos sistematicamente, uma ou duas revistas e dois ou três boletins, jornaizinhos, essas coisas. Segue-se que ontem li o Boletim APUFSC - Sindical, datado de 23 de maio. E segue-se que nas pp.6-7 lê-se a segunda parte de um artigo do prof. Helton Ouriques em que ele lamenta:
Afinal, penso que é obrigação das autoridades fazer o mínimo: responder ofícios, requerimentos e memorandos. Sequer estou discutindo o mérito das respostas.
E que está em pauta? Em 2009, uma instância da administração superior da UFSC aprovou, entre outras demandas, a contratação de 15 professores para o Departamento de Economia e Relações Internacionais. Pintaram os concursos para toda a UFSC e os governantes (em minha linguagem) esqueceram o que haviam prometido e não concedeu nenhuma vaga para os pleiteantes que, a estas alturas, já sustentavam o curso de Relações Internacionais, que chegara a formar sua primeira turma.
Claro que existiu irresponsabilidade dos governantes em prometer coisas e esquecer de colocar no orçamento da instituição. Ou seja, um sistema de administração do "aprova o que não vai ser cumprido em nossa gestão, do mesmo jeito".
Inspirados em algum autor relevante para os fins propostos, consideram que responder ofícios, memorandos, seria uma desmoralização, um instrumento para que se entre na justiça que, de sua parte, levaria entre 100 e 250 anos para julgar os processos. Com efeito, expandindo o olhar para o estilo nacional, torna-se patente que a continuidade no governo é tão baixa que até os cargos em comissão mudam ao sabor não apenas das coalizões partidárias que compartilham o butim, mas até dos grupos, subgrupos e famílias que dominam a encrenca toda.
DdAB
Imagem maravilhosa: veio daqui. Lá no site dá a legenda "Produção das crianças sobre a Ponte Hercílio Luz". Crianças da Escola dos Sonhos, juro.
P.S. Por falar em linha do equador, lá no Equador, o presidente entra em seu terceiro mandato. Eu, que sou contra a pena de morte e mesmo castigo físico, valho-me da metáfora de que ele deveria mesmo era receber umas boas chineladas para reduzir sua cara de pau. Como é que um político dá tanta importância ao cordão dos puxa-sacos e aceita seus argumentos de que ele é indispensável, já que Simão Bolívar corre pelos eternos campos de caça? Um dia, a Carta Capital ensinou-me que o problema com o chavismo não era ditadura mas o monopólio do poder que impediria o surgimento de novas lideranças. Nada mais clarividente, pois o tal Maduro é um arremedo e o Chavez está ou na cova ou na TV. Eu já acho, agora, depois de tudo, que esse negócio de um congresso aprovar absurdos não é bem democracia. A causa é a estupidez eleitoral dos que ganham menos de um salário mínimo, pelo que entendo. E a causa da causa é que os políticos e seus familiares têm um intenso apego às sinecuras, tranquibérnias, veniagas, mesmo não conhecendo o significado de dicionário destas palavras.
29 maio, 2013
28 maio, 2013
O Papa, o Feliciano e o Crime: moralismo em dois tempos
Querido diário:
O Moralismo I é da p.6 de Zero Hora de hoje, com uma noticiazinha dizendo que o sr. pastor deputado Marco Valério, digo, este já saiu da moda, Marco Feliciano, do Partido Social Cristão de Sampa teve a acusação que sobre ele pesava de ter detonado um 1.7.1 (estelionato) retirada. Ou seja, no homem é inocente. O Moralismo II é da p.31. Este é o do sr. papa Francisco de Tal, que quer que a negadinha passe a ter pelo menos dois filhos, que um filho apenas é egoísmo.
Cara, cada uma. Quanto ao Moralismo I, disseram que, em 2009, o deputado ganhou R$ 13mil para animar um evento religioso e não compareceu. Por que foi inocentado? Ele provou que seu pagamento foi feito fora do prazo combinado e, ademais, tentou devolver o dinheiro, mas não houve acordo. Aí os juristas acharam que nada acharam sobre intenção de afanar. Sobre as questões antropofóbicas, nada foi dito.
Cada uma, cara. O Moralismo II tem cada uma, cada uma. Aí o senhor diretor da Faculdade de Teologia da PUCRS, prof. Leonardo Chiarello (não localizei Lattes), de quem não tem mais de um filho:
É uma ação egoísta de muitos casais. As pessoas não estão sendo generosas, pois poderiam ter mais filhos e não os têm. Isso gera consequências nefastas para a sociedade.
Realmente, nem sei o que dizer: generosidade relativamente ao quê? Parece-me óbvio que se ninguém mais tiver filho (aliás é o que pensam os defensores do aborto obrigatório, a única razão para sermos contra, não é mesmo?), a sociedade se extingue em, digamos, 120 anos. Mas como é mesmo que, fora esta questão horripilante, o fato de um casal decidir não ter filhos iria destruir a sociedade? Os dois tempos do moralismo se fundem em um: abaixo a escolha individual, viva a escolha orientada por abnegados.
Diz ainda o jornal:
Chiarello admite que, por trás da fala [papal], também está a preocupação com o futuro da Igreja. Segundo ele, a cultura muçulmana - com famílias mais numerosas - tende a se expandir para o Ocidente, fazendo o número de muçulmanos superar o de cristãos.
Eu nunca levara a sério, por chavonesca, aquela interpretação de que a Igreja é contra o planejamento demográfico, pois gosta de gente pobre, que se torna religiosa, fiel ao padre.
DdAB
Imagem: aqui.
O Moralismo I é da p.6 de Zero Hora de hoje, com uma noticiazinha dizendo que o sr. pastor deputado Marco Valério, digo, este já saiu da moda, Marco Feliciano, do Partido Social Cristão de Sampa teve a acusação que sobre ele pesava de ter detonado um 1.7.1 (estelionato) retirada. Ou seja, no homem é inocente. O Moralismo II é da p.31. Este é o do sr. papa Francisco de Tal, que quer que a negadinha passe a ter pelo menos dois filhos, que um filho apenas é egoísmo.
Cara, cada uma. Quanto ao Moralismo I, disseram que, em 2009, o deputado ganhou R$ 13mil para animar um evento religioso e não compareceu. Por que foi inocentado? Ele provou que seu pagamento foi feito fora do prazo combinado e, ademais, tentou devolver o dinheiro, mas não houve acordo. Aí os juristas acharam que nada acharam sobre intenção de afanar. Sobre as questões antropofóbicas, nada foi dito.
Cada uma, cara. O Moralismo II tem cada uma, cada uma. Aí o senhor diretor da Faculdade de Teologia da PUCRS, prof. Leonardo Chiarello (não localizei Lattes), de quem não tem mais de um filho:
É uma ação egoísta de muitos casais. As pessoas não estão sendo generosas, pois poderiam ter mais filhos e não os têm. Isso gera consequências nefastas para a sociedade.
Realmente, nem sei o que dizer: generosidade relativamente ao quê? Parece-me óbvio que se ninguém mais tiver filho (aliás é o que pensam os defensores do aborto obrigatório, a única razão para sermos contra, não é mesmo?), a sociedade se extingue em, digamos, 120 anos. Mas como é mesmo que, fora esta questão horripilante, o fato de um casal decidir não ter filhos iria destruir a sociedade? Os dois tempos do moralismo se fundem em um: abaixo a escolha individual, viva a escolha orientada por abnegados.
Diz ainda o jornal:
Chiarello admite que, por trás da fala [papal], também está a preocupação com o futuro da Igreja. Segundo ele, a cultura muçulmana - com famílias mais numerosas - tende a se expandir para o Ocidente, fazendo o número de muçulmanos superar o de cristãos.
Eu nunca levara a sério, por chavonesca, aquela interpretação de que a Igreja é contra o planejamento demográfico, pois gosta de gente pobre, que se torna religiosa, fiel ao padre.
DdAB
Imagem: aqui.
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Economia Política
27 maio, 2013
Capitalistas: Viver Bem Faz Bem aos Trabalhadores?
Como sabemos, sou obrigado a começar esta postagem dizendo que não sou de direita, não sou neo-liberal (o que, dialeticamente, significa dizer que o maior valor humano, a meu ver, é a liberdade). O que sou mesmo é neo-heterodoxo, talvez o único economista que se apresenta sob este título, fundador da escola que, no devido tempo, levará este nome. Nós, os neo-heterodoxos (ou deveria dizer eu, o neo-heterodoxo?), já lemos Marx e até hoje entendemos que ele teve insights maravilhosos sobre o funcionamento do -como ele himself diria- modo capitalista de produção. Marx fala, com frequência, nas leis de movimento do capitalismo. E até hoje não consegui energia e paciência suficiente para examinar-lhe a obra (ou a de comentadores) e chegar a uma lista daquelas do tipo de tantas e apenas tantas leis. Citando de memória, por exemplo, posso falar em duas ou três:
.a. lei do valor
.b. lei coercitiva da concorrência
.c. lei da concentração e centralização do capital
.d. lei da tendência de queda da taxa de lucro
.e. lei da crescente penúria (immiseration) da classe trabalhadora.
Pois tenho para mim que todas elas têm sins e nãos e duas destas que referi são atualíssimas. A lei do valor é espantosamente presente no capitalismo, pois vemos quase que diariamente uma relação inversa entre preços e produtividade: menos trabalho, menos valor, menos preço. A lei da tendência de queda da taxa de lucro já não é tão pacífica: se a encrenca estivesse mesmo caindo, já deveria ter chegado a zero há pelo menos 15 dias, não é mesmo? Mas a lei da centralização do capital é outra que mostra-se ativa de modo bombástico.
E o que Marx não falou? Não lembro se o fez, acho que não, aprendi a enunciar outra lei com Debraj Ray e seu livro de economia do desenvolvimento: existe uma tendência no mundo humano de busca de equalização das oportunidades de consumo, de busca de nivelamento do consumo per capita. Povos que fogem da ação dessa lei passam a viver dias de dire straits e, emocionado, falei dela na penúltima página bem daqui. E que parece óbvio que é o que observamos hoje em todo o mundo, depois de 30 anos de neo-liberalismo (termo que uso apenas por economia de palavras).
A questão que me prende a esta postagem é a indagação de qual é a consequência da elevação do padrão de consumo do capitalista sobre a classe trabalhadora? É razoável considerarmos, em geral, que o capitalista exerce maior consumo de bens e serviços do que o trabalhador. Mas também sabemos que, descontado o lumpemproletariado (e viria aí a lei da crescente miséria da classe trabalhadora), a julgar pela idade média das populações, estas melhoraram seu padrão de vida: come mais, vive mais. Parece que, mesmo sem estar interessado em elevar "os anseios de consumo das massas", o capitalista vive melhor e leva a que surjam novas e superiores formas de sociedade, com mais bens disponíveis e maior variedade de bens. Ele faz isto por altruísmo? Sacrifica-se, quebrando seus próprios hábitos e rotinas apenas a fim de permitir que os trabalhadores mimetizem seus novos costumes?
Esta é fácil de testar, o que não farei tão cedo, talvez nem o faça nunca. Se o que estou falando é correto e adotando como proxy para o consumo dos capitalistas o consumo dos 10% mais ricos (ou dos 1% mais ricos, que seja), então devemos, com alguma defasagem adequada, perceber enorme correlação entre o consumo desta classe (estatística) e os demais 90% ou 99%. Algo como
C/90%/t = f(C/10%/t-n),
com t indexando o tempo presente e n sendo o número de defasagens a inserir naqueles modernos modelos econométricos de que entendo tanto quanto de culinária, quiromancia ou calistenia.
DdAB
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Economia Política
26 maio, 2013
Comparações Interpessoais de Utilidade
Querido diário:
No outro dia, estava eu distraído, tentando mastigar -à liquefação- minha granola matinal, no hotel, quando alguém (possivelmente de cultura da colônia alemã) segredou a outra descendente:
Pensei: nem eu, mas mantive-me fechado em copas. Depois do terceiro gole em meu copo de cachaça, pensei: "Mas não é que este gentleman está fazendo uma comparação interpessoal de utilidade? Mas não é que ele conhece a função de sua frau e trabalha, desenvoltamente com ela (ambas, a senhora e a função)? Mas não é que garanto que ela nem vai provar? Mas não é que ela está provando? Mas não é que ela concordou com ele?"
Antes do derrubar o segundo copo, ainda ouvi-a dizendo, muito fraternalmente:
Daí para frente, não ouvi mais nada, mas ficou claro que as comparações interpessoais de utilidade são perfeitamente possíveis, pelo menos na espantosa maioria dos casos. O exemplo extremado de Hargreaves-Heap e Varouvakis é que Bina e Dino devem concordar (na maioria dos casos) em que ambos preferem passar as férias em Veneza a serem fritos em óleo quente.
DdAB
Imagem: aqui. Esqueci de falar que ambos bebiam seu cafezinho com leite em xícaras de volume várias vezes superior ao da imagem de lá de cima.
P.S. (acrescentado às 20h10min de 31/maio/2013: E que tal esta de "Anna", do disco dos Beatles intitulado "Please, please me". Primeiro como é que pode alguém pedir que o/a outro/a o/a agrade? Como o/a outro/a deve agir para fazê-lo? Conhecerá ele/a a função utilidade do/a primeiro/a? Segundo o rapaz diz a Anna: "[...] I still love you so, but if he loves you more than me, so I will set you free, go with him." E qual seria o utilitômetro que Anna estaria usando para saber em qual caminhãozinho depositar sua areia?
No outro dia, estava eu distraído, tentando mastigar -à liquefação- minha granola matinal, no hotel, quando alguém (possivelmente de cultura da colônia alemã) segredou a outra descendente:
Não recomendo que proves esta cuca com linguiça.
Antes do derrubar o segundo copo, ainda ouvi-a dizendo, muito fraternalmente:
Em compensação, podes te atirar neste bolo de mandioca com nata e melado.
Daí para frente, não ouvi mais nada, mas ficou claro que as comparações interpessoais de utilidade são perfeitamente possíveis, pelo menos na espantosa maioria dos casos. O exemplo extremado de Hargreaves-Heap e Varouvakis é que Bina e Dino devem concordar (na maioria dos casos) em que ambos preferem passar as férias em Veneza a serem fritos em óleo quente.
DdAB
Imagem: aqui. Esqueci de falar que ambos bebiam seu cafezinho com leite em xícaras de volume várias vezes superior ao da imagem de lá de cima.
P.S. (acrescentado às 20h10min de 31/maio/2013: E que tal esta de "Anna", do disco dos Beatles intitulado "Please, please me". Primeiro como é que pode alguém pedir que o/a outro/a o/a agrade? Como o/a outro/a deve agir para fazê-lo? Conhecerá ele/a a função utilidade do/a primeiro/a? Segundo o rapaz diz a Anna: "[...] I still love you so, but if he loves you more than me, so I will set you free, go with him." E qual seria o utilitômetro que Anna estaria usando para saber em qual caminhãozinho depositar sua areia?
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TER Equilíbrio
24 maio, 2013
Sobre Livros e Ser Livre
Querido blog:
Disse-me o sr. Adalberto de Avila ter escrito o seguinte poema, que me passou subrepticiamente, por debaixo da mesa em que apresentávamos um seminário sobre as peculiaridades do alfabeto humano:
Um livro só é suficientemente bom quando tu o paras
a todo instante pensando em fazer outro igual.
Um livro só é suficientemente bom quando tu paras
a leitura a todo momento e vendo-te pensando.
Um livro só é suficientemente bom
quando serve como combustível para o pensamento.
Fazer um bom livro exigiu de Assis
reunir pensamentos de várias gerações
sobre tudo o que o cerca:
da boiada que passa na quadra
à fila dos raios ABCz que são refletidos pela nave,
sabidamente responsáveis pelo prolongamento
da vida intelectual de gregos e troianos.
Nem comentei.
DdAB
O que comento é que pelo menos de um destes marcadores "Besteirol" e "Escritos" esteja/m mal-aplicado/s. Tomara que "Escritos" é que esteja bem aplicado.
E a imagem veio daqui.
Disse-me o sr. Adalberto de Avila ter escrito o seguinte poema, que me passou subrepticiamente, por debaixo da mesa em que apresentávamos um seminário sobre as peculiaridades do alfabeto humano:
Um livro só é suficientemente bom quando tu o paras
a todo instante pensando em fazer outro igual.
Um livro só é suficientemente bom quando tu paras
a leitura a todo momento e vendo-te pensando.
Um livro só é suficientemente bom
quando serve como combustível para o pensamento.
Fazer um bom livro exigiu de Assis
reunir pensamentos de várias gerações
sobre tudo o que o cerca:
da boiada que passa na quadra
à fila dos raios ABCz que são refletidos pela nave,
sabidamente responsáveis pelo prolongamento
da vida intelectual de gregos e troianos.
Nem comentei.
DdAB
O que comento é que pelo menos de um destes marcadores "Besteirol" e "Escritos" esteja/m mal-aplicado/s. Tomara que "Escritos" é que esteja bem aplicado.
E a imagem veio daqui.
23 maio, 2013
Roteiro de Novela de Ficção Científica
Querido diário:
Consta que um amigo dileto, o sr. Adalberto de Avila, escreveu um livro inteirinho todo com palavras de cinco letras, nem mais nem menos, como é o caso de "cantar", "vender", "partir" e "pôr". Anos depois, tiraram o circunflexo do último verbo paradigmático e ele substituiu o acento por "os lolobrígidos de Cafarnaum", o que levou -em seu editor de textos- a contabilizarem-se 12.441 substituições. Indagado sobre a seriedade de sua obra, ele fechou-se em copas.
22 maio, 2013
Um Caso Pós-Estratosférico
Querido diário:
Considerando que hoje é um dia de trabalho, vou dar trabalho a quem pensar que estou ocioso. Pensar o que segue exigiu-me enorme esforço, para não falar em digitar, buscar uma ilustração no Google e mesmo ver se conseguia um número pi com aproximação de um quatrilhão. Segue-se logicamente que a nave de que vou falar terá 314.159.265.358.979 tripulantes, pois não há habitantes fracionários (pelo menos em noventa e nove ponto nove por cento dos casos, conforme a piadinha da TAP).
Se a aproximação fosse a clássica 22/7, teríamos superestimativas que não convém considerarmos nos cálculos, especialmente na multiplicação de pi para chegarmos nos 314,2 trilhões, um monte. Como disse-me há anos Leonardo Monastério, pilhas e pilhas de cérebros destinados a resolver problemas. Diria Richard Rorty, pensar em tudo, sobretudo no impensável. Eles, nossos pósteros, terão que ver-se com pilhas de desafios.
Uma consequência lógica do que acabamos de ler é que essa macacada toda, inimaginável, na verdade, estará naquela nave, pois nossos pósteros farão programas que irão reconstituir todos os seres vivos (das amebas aos prêmios nobéis). O certo é que haverá amebas e, mais provavelmente, seres humanos (ou seus pósteros) que não vão querer ser reconstituídos e, como tal, mesmo havendo traços de suas existências milenares, não estarão na nave 3,14. Instados a serem recriados, alguns, como sou informado pela dra. Carmen Daudt, chegarão mesmo a dizer: "Vou dar uma olhada, a fim de não descartar as várias opções".
DdAB
Fonte do número pi: aqui.
Fonte de Leonardo Monastério: aqui (declaração sobre a desejabilidade de cérebros não está).
Fonte de Richard Rorty: aqui (mas não encontraremos esta ideia por lá).
Fonte de Carmen Daudt: aqui.
Fonte da imagem: aqui. Demorei uns segundos para entender que o 14 de março é o 3,14. Então teremos o super dia do pi no 3,1416 daqui a três anos.
P.S. A camada de chumbo circunscrevendo (espessura da crosta) a nave que, no devido tempo, terá que transitar por um buraco negro será mesmo dada por 314,2 trilhões de quilômetros, o que requererá esforços para produzir-se tanta matéria prima.
P.S.S. Às 10h59 de 24 de maio de 2013, dei-me conta de que o dia 15 de março também faz parte do número pi: o negócio não era 3 14 15 92? Pois é certo que ele está secundariamente entre o 3,1415 e o 3,1416.
Considerando que hoje é um dia de trabalho, vou dar trabalho a quem pensar que estou ocioso. Pensar o que segue exigiu-me enorme esforço, para não falar em digitar, buscar uma ilustração no Google e mesmo ver se conseguia um número pi com aproximação de um quatrilhão. Segue-se logicamente que a nave de que vou falar terá 314.159.265.358.979 tripulantes, pois não há habitantes fracionários (pelo menos em noventa e nove ponto nove por cento dos casos, conforme a piadinha da TAP).
Se a aproximação fosse a clássica 22/7, teríamos superestimativas que não convém considerarmos nos cálculos, especialmente na multiplicação de pi para chegarmos nos 314,2 trilhões, um monte. Como disse-me há anos Leonardo Monastério, pilhas e pilhas de cérebros destinados a resolver problemas. Diria Richard Rorty, pensar em tudo, sobretudo no impensável. Eles, nossos pósteros, terão que ver-se com pilhas de desafios.
Uma consequência lógica do que acabamos de ler é que essa macacada toda, inimaginável, na verdade, estará naquela nave, pois nossos pósteros farão programas que irão reconstituir todos os seres vivos (das amebas aos prêmios nobéis). O certo é que haverá amebas e, mais provavelmente, seres humanos (ou seus pósteros) que não vão querer ser reconstituídos e, como tal, mesmo havendo traços de suas existências milenares, não estarão na nave 3,14. Instados a serem recriados, alguns, como sou informado pela dra. Carmen Daudt, chegarão mesmo a dizer: "Vou dar uma olhada, a fim de não descartar as várias opções".
DdAB
Fonte do número pi: aqui.
Fonte de Leonardo Monastério: aqui (declaração sobre a desejabilidade de cérebros não está).
Fonte de Richard Rorty: aqui (mas não encontraremos esta ideia por lá).
Fonte de Carmen Daudt: aqui.
Fonte da imagem: aqui. Demorei uns segundos para entender que o 14 de março é o 3,14. Então teremos o super dia do pi no 3,1416 daqui a três anos.
P.S. A camada de chumbo circunscrevendo (espessura da crosta) a nave que, no devido tempo, terá que transitar por um buraco negro será mesmo dada por 314,2 trilhões de quilômetros, o que requererá esforços para produzir-se tanta matéria prima.
P.S.S. Às 10h59 de 24 de maio de 2013, dei-me conta de que o dia 15 de março também faz parte do número pi: o negócio não era 3 14 15 92? Pois é certo que ele está secundariamente entre o 3,1415 e o 3,1416.
21 maio, 2013
Ler é Atividade Bidimensional?
Querido diário:
Ilustra-nos hoje a p.83 do livro de Patrícia Portela a que me referi ontem e que ocupa o primeiríssimo lugar na listagem de obras de leitura literária que encontram-se sob meus olhos (em diferentes espaços, como o banheiro e a sala de visitas, e diferentes tempos, como ontem, hoje e amanhã e linkadas aqui). Achei muito engraçado, ou seja, comecei achando trivial aquele "tive", já comecei a entender a brincadeira com "uma vertigem" e caí na risada com o "congelei". O próprio tremidinho do pânico ilustra a possibilidade bidimensional de sentirmos a desagradável sensação que assola os seres tridimensionais quando defrontados com o deus Pã.
Há tempos tenho falado na impressão em 3D, que achei uma das mais sensacionais inovações surgidas desde, pelo menos, a máquina de lavar roupa (ver memórias sobre a velhinha francesa de Chalmazel, aqui). Mas o "Para Cima e não para o Norte" deixa-me abismado, abismado, abismado. Primeiro vem direto isto mesmo: ler é bidimensional, o que nos é acessível (você e eu) porque somos ou seres bidimensionais ou tridimensionais. É fácil imaginar -informou-me Márcio Rosa- que um ser tridimensional pode mexer até no coração de um bidimensional sem que este note ou se insurja. E que os tetradimensionais terão/teriam tais poderes com relação a nós, bidimensionais ou tridimensionais.
Por outro lado, lembra-me Stephen Pinker a convenção social importante de que "escreve-se como se lê", o que deixa em maus lençóis aquela turma do "eles pesca os peche". Afinal, o que haveria de errado em "eles pescam os peixes". Digamos que o personagem bidimensional de Patrícia Portela tenha-nos lido até este ponto. Seguir-se-ia logicamente que ela diria (ipsis litteris):
.a. De onde vieram estas palavras por onde deslizei se não estão escritas?
.b. E de onde vieram estas letras e por que apareceram por esta ordem?
.c. Todas as palavras que se leem já foram escritas.
.d. As palavras são palavras porque foram escritas e porque se leem.
.e. As letras são códigos que produzem Espaço
Esta última (.e.) é a mais genial de todas as frases que já li desde que o Grêmio foi eliminado. A verdade é que, mesmo quando eu penso apenas na letra G, o que me vem à mente não é o ente bidimensional que idealmente a letra G forma. Vem-me, de modo enclítico, um sólido com comprimento-altura-largura variáveis, o mínimo deles medindo uns poucos infinitésimos de micron. Um troço destes.
DdAB
Ilustra-nos hoje a p.83 do livro de Patrícia Portela a que me referi ontem e que ocupa o primeiríssimo lugar na listagem de obras de leitura literária que encontram-se sob meus olhos (em diferentes espaços, como o banheiro e a sala de visitas, e diferentes tempos, como ontem, hoje e amanhã e linkadas aqui). Achei muito engraçado, ou seja, comecei achando trivial aquele "tive", já comecei a entender a brincadeira com "uma vertigem" e caí na risada com o "congelei". O próprio tremidinho do pânico ilustra a possibilidade bidimensional de sentirmos a desagradável sensação que assola os seres tridimensionais quando defrontados com o deus Pã.
Há tempos tenho falado na impressão em 3D, que achei uma das mais sensacionais inovações surgidas desde, pelo menos, a máquina de lavar roupa (ver memórias sobre a velhinha francesa de Chalmazel, aqui). Mas o "Para Cima e não para o Norte" deixa-me abismado, abismado, abismado. Primeiro vem direto isto mesmo: ler é bidimensional, o que nos é acessível (você e eu) porque somos ou seres bidimensionais ou tridimensionais. É fácil imaginar -informou-me Márcio Rosa- que um ser tridimensional pode mexer até no coração de um bidimensional sem que este note ou se insurja. E que os tetradimensionais terão/teriam tais poderes com relação a nós, bidimensionais ou tridimensionais.
Por outro lado, lembra-me Stephen Pinker a convenção social importante de que "escreve-se como se lê", o que deixa em maus lençóis aquela turma do "eles pesca os peche". Afinal, o que haveria de errado em "eles pescam os peixes". Digamos que o personagem bidimensional de Patrícia Portela tenha-nos lido até este ponto. Seguir-se-ia logicamente que ela diria (ipsis litteris):
.a. De onde vieram estas palavras por onde deslizei se não estão escritas?
.b. E de onde vieram estas letras e por que apareceram por esta ordem?
.c. Todas as palavras que se leem já foram escritas.
.d. As palavras são palavras porque foram escritas e porque se leem.
.e. As letras são códigos que produzem Espaço
Esta última (.e.) é a mais genial de todas as frases que já li desde que o Grêmio foi eliminado. A verdade é que, mesmo quando eu penso apenas na letra G, o que me vem à mente não é o ente bidimensional que idealmente a letra G forma. Vem-me, de modo enclítico, um sólido com comprimento-altura-largura variáveis, o mínimo deles medindo uns poucos infinitésimos de micron. Um troço destes.
DdAB
20 maio, 2013
Problemas com as Três Dimensões
Tão importante é para mim a teoria do estado de alfa que volta e meia falo nela em minhas postagens. Busquei esta expressão no buscador do blog e vieram umas 10 postagens. Ela diz simplesmente que, se podemos conceber a ocorrência de dois eventos A e B, também podemos garantir a existência de um terceiro (T), dado por partes de A e partes de B:
T = a * A + b * B,
em que a é a participação de A em T e b é a participaçãode B em T.
Se A é altruísmo e B é egoísmo, teremos um T representando, digamos, a média humana. Se a é nulo, temos uma população plenamente egoísta, e assim por diante. Em experimentos que eu mesmo fiz (ver postagens), constatei que os brasileiros e a humanidade são constituídos por dois terços de altruístas e um terço de egoístas.
Pois, lendo Patrícia Portela (citado aqui), tirei da p.69 a figura acima, seguida por outra com os seguintes dizeres:
ESTILO DE VIDA DOS HOMENS ESPACIAIS
QUANDO OS HOMENS ESPACIAIS SÃO BONS
Cometem crimes oficiais para salvar a Humanidade
QUANDO SÃO MAUS
Cometrem crimes ilegais por motivos financeiros e/ou pessoais como: ambição, desgraça, vingança, e põem constantemente em causa a ordem de seu Mundo.
Também cometem crimes por razões utópicas ou só porque têm mau feitio.
E segue-se o texto:
Há muito menos bons do que maus no Mundo Espacial, mas os bons vencem sempre, o que nos leva a crer que o Mundo Espacial é governado por minorias reconhecidas pelos seus valores éticos, estéticos e de camaradagem, e pelo seu gosto por martinis e vinhos de colheitas especiais, com sabores semelhantes aos menus de bons restaurantes pelos quais podemos deslizar, mas com sabores verdadeiros.
Preciso dizer muita coisa sobre estas pequenas inserções. Talvez uma existência convencional humana seja insuficiente. Mas farei enorme esforço de síntese, a fim de acabar o assunto daqui a pouco, que tenho que ir dormir.
Trata-se de uma exposição feita por um habitante do mundo bidimensional que referi brevemente há alguns dias. Ele fala e projeta slides a seus pares bidimensionais. Mas ele, deslizando por livros, começou a entender, a partir de uma impressão digital num papel e leituras de Ian Fleming, que existe um mundo tridimensional. Claro que, ao falar estas coisas, foi parar na cadeia (e ainda não li o resto).
Mas o que me chamou a atenção, por inverter meus um terço e dois terços de egoístas e altruistas, foi que ele encontrou um mundo tridimensional diferente do Brasil e do Terceiro Planeta de Sol. O resto, na absoluta maior parte, é Brasília mesmo!
DdAB
16 maio, 2013
Segundo Friozinho de 2013: o abandono
Querido diário:
Tenho duas fotos de celular capturadas esta manhã, quando eu refestelava-me pelas ruas do bairro Menino Deus, de Porto Alegre. Porto Alegre? Como poderia o prefeito ser alegre se veremos o que vimos acima e vemos mais abaixo?
Segue-se logicamente que a foto que segue é mais velha, do ano passado, estival, talvez.
Claro que sempre ficamos a indagar-nos qual é a saída. Parece que uma obviedade é não deixá-los na rua, ao relento (abaixo das marquises?). Parece que tenho direito de ver ruas floridas, ruas povoadas por uma rapaziada cheirosa. Parece que o prefeito não sabe o que fazer, iniciando, provavelmente por dizer que isto não é com ele, que não há dinheiro, que estes pobres desvalidos escolheram a vida ao ar livre.
O que me parece mesmo é que o começo da salvação do Brasil (mesmo supondo que nunca venha a existir reforma política nem reforma tributária) é a instalação da Brigada Ambiental Mundial, em que os primeiros candidatos à reciclagem seriam os próprios desvalidos que, provavelmente, involuntariamente, posaram para estas fotos. Lá no fundão da foto do frontispício, tem um "motriz". Como fazer um país que se declara emergente efetivamente emergir de seu estado de estagnação histórica e passar a trilhar uma trajetória de resgate dos moradores de rua, dos favelados, dos trabalhadores rurais desvalidos?
DdAB
P.S. No outro dia, vi uma comovente postagem de Anaximandro (aqui). Não pretendo respondê-la aqui no rodapé, é claro. Pretendo ressaltar apenas uma intuição que difere da/s dele. Eu acho que a renda básica universal é fundamental. E que estes dejetos humanos que fotografei e que talvez habitem a ilha da fantasia de Jacarecanga (ou a ilha das Flores do Rio Guaíba) devem ser resgatados quando menos recebendo empregos decentes para lidar com o lixo (terceirização do DMLU decente) e em outras tarefas:
.a. três horas de ginástica
.b. três horas de aula
.c. três horas de trabalho comunitário.
P.S.S.: já sugeri a pessoas próximas a um governador (Olívio) e uma governadora (Yeda) que criasses um milhão de empregos na Brigada Militar. Ainda não criaram, ainda vemos os mendigos na rua. Ainda vemos o filme Ilha das Flores:
Tenho duas fotos de celular capturadas esta manhã, quando eu refestelava-me pelas ruas do bairro Menino Deus, de Porto Alegre. Porto Alegre? Como poderia o prefeito ser alegre se veremos o que vimos acima e vemos mais abaixo?
Segue-se logicamente que a foto que segue é mais velha, do ano passado, estival, talvez.
Claro que sempre ficamos a indagar-nos qual é a saída. Parece que uma obviedade é não deixá-los na rua, ao relento (abaixo das marquises?). Parece que tenho direito de ver ruas floridas, ruas povoadas por uma rapaziada cheirosa. Parece que o prefeito não sabe o que fazer, iniciando, provavelmente por dizer que isto não é com ele, que não há dinheiro, que estes pobres desvalidos escolheram a vida ao ar livre.
O que me parece mesmo é que o começo da salvação do Brasil (mesmo supondo que nunca venha a existir reforma política nem reforma tributária) é a instalação da Brigada Ambiental Mundial, em que os primeiros candidatos à reciclagem seriam os próprios desvalidos que, provavelmente, involuntariamente, posaram para estas fotos. Lá no fundão da foto do frontispício, tem um "motriz". Como fazer um país que se declara emergente efetivamente emergir de seu estado de estagnação histórica e passar a trilhar uma trajetória de resgate dos moradores de rua, dos favelados, dos trabalhadores rurais desvalidos?
DdAB
P.S. No outro dia, vi uma comovente postagem de Anaximandro (aqui). Não pretendo respondê-la aqui no rodapé, é claro. Pretendo ressaltar apenas uma intuição que difere da/s dele. Eu acho que a renda básica universal é fundamental. E que estes dejetos humanos que fotografei e que talvez habitem a ilha da fantasia de Jacarecanga (ou a ilha das Flores do Rio Guaíba) devem ser resgatados quando menos recebendo empregos decentes para lidar com o lixo (terceirização do DMLU decente) e em outras tarefas:
.a. três horas de ginástica
.b. três horas de aula
.c. três horas de trabalho comunitário.
P.S.S.: já sugeri a pessoas próximas a um governador (Olívio) e uma governadora (Yeda) que criasses um milhão de empregos na Brigada Militar. Ainda não criaram, ainda vemos os mendigos na rua. Ainda vemos o filme Ilha das Flores:
15 maio, 2013
Coronelões, Capangas e Caudilhos
Querido diário:
Seguindo-se à postagem de ontem, temos a de hoje, hehehe. Ok, o que quero dizer é que ontem referi entre as minhas 16 leituras ativas, o livro "Música ao Longe", de Érico Veríssimo. A verità é que estou lendo novamente suas obras/completas/selecionadas. Firmei um propósito férreo, há anos, que é o de sempre estar lendo um livro (entre os 40) de Érico, de Graciliano, de Machado ou de Borges. É muito autor para pouco tempo, pois seguem ativos todos os demais.
Seguindo-se a estas considerações, decidi trazer um trecho de "Música ao Longe", a fim de homenagear as recentes fraudes que assolam a vida social do Rio Grande do Sul: é muito coronelão, muito político, muito funcionário da Assembleia Legislativa, muita encrenca. Temos o dr. Seixas, um médico voltado aos pobres, mas bastante cético, amargo e... fumante pesado (aliás, parece que os "feitos a mão" eram escassos, pois entendo que a maioria daquela turma fumava cigarros de palha) e que é particularmente cáustico relativamente à velha geração, muito comovido com os sofrimentos da nova:
Tinha pena de toda aquela gente moça e tonta. Conhecia a vida de todos. Que seriam eles amanhã? Talvez velhos tristes e amargurados como os de hoje. Tinham culpa? Não tinham. Eram vítimas dos erros de todos os que haviam chegado ao mundo antes deles. Os culpados formavam uma cadeia sem fim [...]. Pobres crianças! Sabia que o pai de Clarissa tinha sido morto pelo capanga dum político. Estava agora a menina ali atirada naquela casa úmida e sem conforto, em companhia da mãe e daquele outro cabeça-de-vento [isto é, Vasco]. O pai de Fernanda também fora assassinado. Outro crime político. Era o Rio Grande dos coronelões, dos capangas, dos caudilhos, do contrabando, das revoluções e da coragem que envelhecia. [...]
Para mim, o grande trade-off para aqueles que acham que não há necessidade de planejamento coletivo (governamental) sempre vem o exemplo de escolhermos seguir nosso curso de vida normal e termos nosso/a bisneto/a assassinado por um menino de rua ou pagarmos mais imposto de renda e vermos os tetra ou penta-avós da infortunada criança serem socorridos, dada-lhes a renda básica universal e, ao contrário, o que seria o futuro assassino torna-se um encantador príncipe que casará com nosso/a pimpolho/a.
DdAB
Imagem: o Google deu-me estas coordenadas (para a imagem acima): "Rio Grande do Sul | Milton Ribeiromiltonribeiro.sul21.com.br - 567 × 377 - Mais tamanhos". Mas não carregou quando pedi. Serão os coronelões em ação?
P.S.: para mim são quatro os romances/novelas do ciclo Clarissa:
.a. Clarissa
.b. Música ao longe
.c. Caminhos cruzados
.d. Um lugar ao sol.
Parece que "Saga" tem a história de Vasco Bruno e seu voluntariado para lutar na Guerra Civil Espanhola. Mas também parece que Érico não gostava desta novela, o que me fez retirá-la das obras/completas/selecionadas, ou seja, não selecioná-la.
Seguindo-se à postagem de ontem, temos a de hoje, hehehe. Ok, o que quero dizer é que ontem referi entre as minhas 16 leituras ativas, o livro "Música ao Longe", de Érico Veríssimo. A verità é que estou lendo novamente suas obras/completas/selecionadas. Firmei um propósito férreo, há anos, que é o de sempre estar lendo um livro (entre os 40) de Érico, de Graciliano, de Machado ou de Borges. É muito autor para pouco tempo, pois seguem ativos todos os demais.
Seguindo-se a estas considerações, decidi trazer um trecho de "Música ao Longe", a fim de homenagear as recentes fraudes que assolam a vida social do Rio Grande do Sul: é muito coronelão, muito político, muito funcionário da Assembleia Legislativa, muita encrenca. Temos o dr. Seixas, um médico voltado aos pobres, mas bastante cético, amargo e... fumante pesado (aliás, parece que os "feitos a mão" eram escassos, pois entendo que a maioria daquela turma fumava cigarros de palha) e que é particularmente cáustico relativamente à velha geração, muito comovido com os sofrimentos da nova:
Tinha pena de toda aquela gente moça e tonta. Conhecia a vida de todos. Que seriam eles amanhã? Talvez velhos tristes e amargurados como os de hoje. Tinham culpa? Não tinham. Eram vítimas dos erros de todos os que haviam chegado ao mundo antes deles. Os culpados formavam uma cadeia sem fim [...]. Pobres crianças! Sabia que o pai de Clarissa tinha sido morto pelo capanga dum político. Estava agora a menina ali atirada naquela casa úmida e sem conforto, em companhia da mãe e daquele outro cabeça-de-vento [isto é, Vasco]. O pai de Fernanda também fora assassinado. Outro crime político. Era o Rio Grande dos coronelões, dos capangas, dos caudilhos, do contrabando, das revoluções e da coragem que envelhecia. [...]
Para mim, o grande trade-off para aqueles que acham que não há necessidade de planejamento coletivo (governamental) sempre vem o exemplo de escolhermos seguir nosso curso de vida normal e termos nosso/a bisneto/a assassinado por um menino de rua ou pagarmos mais imposto de renda e vermos os tetra ou penta-avós da infortunada criança serem socorridos, dada-lhes a renda básica universal e, ao contrário, o que seria o futuro assassino torna-se um encantador príncipe que casará com nosso/a pimpolho/a.
DdAB
Imagem: o Google deu-me estas coordenadas (para a imagem acima): "Rio Grande do Sul | Milton Ribeiromiltonribeiro.sul21.com.br - 567 × 377 - Mais tamanhos". Mas não carregou quando pedi. Serão os coronelões em ação?
P.S.: para mim são quatro os romances/novelas do ciclo Clarissa:
.a. Clarissa
.b. Música ao longe
.c. Caminhos cruzados
.d. Um lugar ao sol.
Parece que "Saga" tem a história de Vasco Bruno e seu voluntariado para lutar na Guerra Civil Espanhola. Mas também parece que Érico não gostava desta novela, o que me fez retirá-la das obras/completas/selecionadas, ou seja, não selecioná-la.
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14 maio, 2013
Quantos Livros Estou Lendo
Querido diário:
No domingo, em pleno dia das mães, indagaram-me quantos livros estou lendo. Respondi que uns 40. Hoje decidi contar, apenas uma aproximação, pois não contarei os que se encontram em meu estúdio (nem os de economia e colaterais, pois sei que não despertam interesse, de qualquer jeito). Talvez o mais importante, mais divertido, seja a versão/adaptação/plágio/homenagem/criação de Flatland, a novela de A. Square (registrada em .a.).
Eu ouvira falar desta história, desenvolvida em duas dimensões, por seres bidimensionais, há milhares de anos, ainda quando estudante pré-universitário. Parece que a atribuíram a Menotti del Picchia (aqui), nunca cheguei a saber. E no verbete da Wikipedia do link ao lado, tampouco vejo indícios de obra bidimensional. Então:
.a. Para cima e não para o norte, Patrícia Portela. 2012. Rio de Janeiro: Leya.
.b. Música ao longe, Érico Verísismo. 2006. São Paulo: Companhia das Letras.
.c. Os ratos, Dyonélio Machado, 2012. 2ed. São Paulo: Planeta do Brasil.
.d. Caravaggio, Leonardo, uma pilha empilhada ao lado do balcão da TV com poucos textos e muitas reproduções de pinturas, pintores. Inclusive Francis Bacon. E, há mais tempo, Mark Rotko.
.e. Eça de Queirós e o Século XIX, Vianna Moog, 1966. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
.f. O homem que calculava, Malba Tahan, 2004. Rio de Janeiro: Record.
.g. Cycles of time; what came before the Big Bang?, Roger Penrose, 2010. London: Vintage.
.h. História de pobres amantes, Vasco Pratolini, 1963. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
.i. Obras em colaboração, Jorge Luis Borges, v.1, 2002. c.Lisboa: Teorema. (Este c.local fui eu que inventei agora, não será?).
.j. The rule of war, Aoife Feeney, 2011. Cork: Somerville.
.k. O livro do caminho perfeito (Tao Té Ching), Lao Tsé, 2006. São Paulo: Pensamento-Cultrix.
.l. Gardel es uruguayo, Carlos Arezo Posada (org.), 2012. Montevideo: De La Plaza.
.m. The book of imaginary beings, Jorge Luis Borges, 1974. London: England.
.n. A república, Platão, 2004. São Paulo: Martin Claret.
.o. O resto é silêncio, Érico Veríssimo, 1981. Porto Alegre: Globo.
.p. Olhai os lírios do campo, Érico Veríssimo, 2007. São Paulo: Companhia das Letras.
São, na verdade, apenas 16 livros. Lembrei-me de uma entrevista que há milhares de anos li, em que Geraldine Chaplin declarou ler dois livros por semana. Então calculei que, se, durante 2014, eu ler 104 ao mesmo tempo em um ano, terei lido os dois por semana, por esmero.
DdAB
Imagem: aqui.
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13 maio, 2013
Importante Inovação Institucional
Querido diário:
Em mais uma prova de adequação das instituições brasileiras à modernidade, a Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (aqui) mudou o nome para Sociedade Brasileira de Administração, Economia e Sociologia Rural. O nome original do associativismo durou, assim, menos de 50 anos. Mas nem sei se isto é pior do que uma placa que vimos na estrada: "Conheça Ibirubá: a cidade da fraude do leite". Só bebendo (aquilo)!
Em mais uma prova de adequação das instituições brasileiras à modernidade, a Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (aqui) mudou o nome para Sociedade Brasileira de Administração, Economia e Sociologia Rural. O nome original do associativismo durou, assim, menos de 50 anos. Mas nem sei se isto é pior do que uma placa que vimos na estrada: "Conheça Ibirubá: a cidade da fraude do leite". Só bebendo (aquilo)!
DdAB
Imagem aqui.
12 maio, 2013
A Voz do Narrador
Querido diário:
Ainda vou escrever mais sobre o assunto: quando é que o narrador fala em seu nome e quando é que ele apenas dá voz aos personagens. Meu exemplo de hoje é retirado de Um Lugar ao Sol, de Érico Veríssimo (São Paulo, Companhia das Letras, 2006, p.71). Cito dois parágrafos:
Fazia já mais de uma hora que ali estava. Doíam-lhe as costas. Em pensamento já agredira o prefeito de mil modos. E antevira de mil modos também as consequências da agressão.
A cena fora rápida. Investiu com raiva contra o major, desferiu-lhe um soco no queixo, derribando-o. A ordenança correu. Uma detonação. Ele sentiu uma dor aguda no peito, e caiu. Levaram-no para o hospital. Os melhores médicos o desenganaram. Mais um cadáver ficou estendido no dia seguinte na sala do casarão. Clarissa soluçava sem poder chorar.
Tudo era imaginação de Vasco Bruno, ainda que pudéssemos pensar na objetividade do narrador.
DdAB
Imagem daqui. É disto que os quatro livros de Érico falam: a decadência da família Albuquerque - agropecuaristas, transformados em trabalhadores assalariados urbanos em Porto Alegre!
Ainda vou escrever mais sobre o assunto: quando é que o narrador fala em seu nome e quando é que ele apenas dá voz aos personagens. Meu exemplo de hoje é retirado de Um Lugar ao Sol, de Érico Veríssimo (São Paulo, Companhia das Letras, 2006, p.71). Cito dois parágrafos:
Fazia já mais de uma hora que ali estava. Doíam-lhe as costas. Em pensamento já agredira o prefeito de mil modos. E antevira de mil modos também as consequências da agressão.
A cena fora rápida. Investiu com raiva contra o major, desferiu-lhe um soco no queixo, derribando-o. A ordenança correu. Uma detonação. Ele sentiu uma dor aguda no peito, e caiu. Levaram-no para o hospital. Os melhores médicos o desenganaram. Mais um cadáver ficou estendido no dia seguinte na sala do casarão. Clarissa soluçava sem poder chorar.
Tudo era imaginação de Vasco Bruno, ainda que pudéssemos pensar na objetividade do narrador.
DdAB
Imagem daqui. É disto que os quatro livros de Érico falam: a decadência da família Albuquerque - agropecuaristas, transformados em trabalhadores assalariados urbanos em Porto Alegre!
11 maio, 2013
Racionalidade: exemplos e contraexemplos
Querido diário:
Já está registrado para festejos elsewhere o que aqui (e indo além) lemos. Hoje quero fazer algumas considerações mais rasas, esperando a avaliação crítica do sábio Bípede Pensante. Como se sabe, às vezes, há convergências estruturais entre nós e, mais raramente, divergências "de lascar o cano". Bondosa, ela atribui a questões metodológicas, mas eu -mais macaco do que auditório- considero mesmo minhas opiniões um tanto micológicas.
.A. Quando dizemos que, agindo racionalmente (racionalidade instrumental), o indivíduo que tem pressa em chegar do trabalho a casa escolhe o caminho mais curto (C1.1) ou outro que lhe toma menos tempo (C1.2), o que estamos afirmando é que este comportamento o aproxima de seu objetivo mesmo que adotando o percurso mais longo.
.B. Este "ou" em negrito é significativo, pois permite-nos ligar a concepção instrumental (vista em .A.) com outra mais branda (racionalidade processual). O trajeto C1.2 poderia ser: mesmo que às vezes levemos mais tempo percorrendo este caminho, em média, ele nos leva a casa em menos tempo. Poderíamos ainda pensar: mesmo que mais longo, o caminho C1.2 pode nos deixar mais cedo em casa ou ingerirmos na sorveteria do Parcão um elixir adequado. Chego cedo, mas -se chegar tarde- tenho em compensação na barriga um saboroso sorvete.
.C. Existe ainda um outro caminho que posso seguir, em detrimento dos demais, que expressa minha adesão a outras considerações (racionalidade expressiva), como, por exemplo, quero chegar cedo, mas não vou me furtar de dar uma paradinha na sorveteria, pois lá me se encontra um amigo que precisa que eu lhe empreste D$ 1.000. A relativa urgência de cumprir o objetivo e a paralela escassez de tempo dão lugar a valores mais profundos que esposo: não gosto de ver amigos endividados com terceiros.
.D. Consideremos agora um contraexemplo: saí de casa e fui assaltado (parentes do prefeito, sem dúvida). Isto não significa que evadi-me do conceito de racionalidade instrumental, mas apenas que havia uma relação entre meios e fins (eu queria ir ao cinema e acabei na delegacia, denunciando os CCs que praticaram o crime) bem definida, mas que foi submetida a outras ações. Outro: fui cortar uma fatia de pão com uma faca normal e acabei cortando o dedo. Garanto que não queria nem ser assaltado nem cortar o dedo. O que houve é que minha ação racional atribuía probabilidades subjetivas ao assalto (em Porto Alegre, quase 100%) e cortar o dedo (nesta mesma cidade, 0,0001%, ou seja, a cada 10 mil vezes que corto o pão, tiro uma fatiazinha de dedo humano).
DdAB
Imagem daqui. Olhei atentamento o anúncio (chinês?) e vi que a compra mínima é de 2.500 unidades. Ou arranjo 2.499 sócios ou desisto, crendo estar agindo racionalmente.
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TER Equilíbrio
10 maio, 2013
Ser Preciso
Sou preciso aqui e impreciso pelo lado de lá, ou preciso lá e impreciso cá. Preciso ser criterioso. Serei preciso ao dizer que a motivação desta postagem reside no artigo de Abrão Slavutsky publicado na Zero Hora de 7/maio/2013 (aqui)? Ele falou de muitas coisas, cabendo-me precisar que citou os versos que sempre vi serem atribuídos por Caetano Velloso a Fernando Pessoa que os atribuiu aos velhos navegadores portugueses:
Navegar é preciso. Viver não é preciso.
Olha que lindo o que entendo como ele (Abrão Slavutsky) interpreta:
quem navega orientando-se pelas estrelas e bússolas
alcança mais precisão na chegada ao destino
do que quem vive apoiando-se apenas em seus cinco sentidos.
Aqui temos uma versão em que o assunto começa com Fernando Pessoa e recua a um general romano (não, não foi o general Duilio). Então era no sentido: mais importante do que viver é navegar, levar os cereais da Sicília a Roma. Aqui tem mais. E aqui diz (citação não 100% ABNT):
Navigare necesse; vivere non est necesse - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu.
E eu? Logo eu, que tinha este LP daqueles tempos, e que nunca chegara a saber tanto sobre o tema? E será que tudo sei hoje? Viver não é tão preciso assim que dê respostas factuais insofismáveis. Afinal, a canção de Caetano Velloso termina abruptamente dizendo: "é preciso viver". Não foi isto?
DdAB
P.S.: amanhã confiro se o que segue é mesmo verbatim um poema de Fernando Pessoa:
Navegar é Preciso
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
P.S.S.: a fim de dar uma resposta condizente com a bondade do comentário do Bípede Pensante, li (diagonalizando) toda a postagem original. Um ponto da diagonal que me feriu como uma flecha (Barthes, hehehe) é que falei em quatro sentidos e não nos convencionais cinco. Corrigi lá em cima, para não dar vexame ou ser chamado de Planeta Herra!
09 maio, 2013
Deflagrando uma Fraude: Marx envolvido!
Querido diário:
A capa de Zero Hora de hoje destaca o escandaloso "A FRAUDE DO LEITE" e vamos saber nas p.4-8 e em praticamente todas as seções de economia e politica do jornal detalhes: transportadores de leite in natura adicionavam água, ureia e formol ao produto recebido FOB. O primeiro impacto, cômico, é que o Rio Grande do Sul orgulhava-se de ser o segundo maior produtor do Brasil e com a produtividade por vaca quase duas vezes maior do que a média nacional. Com tanta água, para onde vai a vaca? E a criança? Melhor mamar sem intermediários...
Humor? Numa hora destas? Numa frase de 49 palavras, nomeadamente,
Em um galpão com madeira podre e utensílios jogados no chão de terra, nos fundos de uma propriedade rural em Ibirubá, no noroeste gaúcho, o Ministério Público Estadual (MP) deflagrou parte de uma fraude que levou temor aos consumidores gaúchos: a presença no leite de água, ureia e formol.
A capa de Zero Hora de hoje destaca o escandaloso "A FRAUDE DO LEITE" e vamos saber nas p.4-8 e em praticamente todas as seções de economia e politica do jornal detalhes: transportadores de leite in natura adicionavam água, ureia e formol ao produto recebido FOB. O primeiro impacto, cômico, é que o Rio Grande do Sul orgulhava-se de ser o segundo maior produtor do Brasil e com a produtividade por vaca quase duas vezes maior do que a média nacional. Com tanta água, para onde vai a vaca? E a criança? Melhor mamar sem intermediários...
Humor? Numa hora destas? Numa frase de 49 palavras, nomeadamente,
Em um galpão com madeira podre e utensílios jogados no chão de terra, nos fundos de uma propriedade rural em Ibirubá, no noroeste gaúcho, o Ministério Público Estadual (MP) deflagrou parte de uma fraude que levou temor aos consumidores gaúchos: a presença no leite de água, ureia e formol.
vemos este espanto redacional: o ministério público deflagrou uma fraude. (O negrito em "Ibirugá" está no original. Outra? E minha frase? Tecnicamente agora contamos com 69 palavras entre a maiúscula inicial, a citação e o ponto final (epa!).
Mais humor: quem não gosta da "presença do estado na economia" certamente estará falando de um assunto diverso do mal-estar provocado aos valores organolépticos da indústria compradora e do consumidor desta beberagem. O Planeta 23 quer porque quer substituir o governo dos homens pela administração das coisas. No caso, vê no governo ou seu substituto democrático as funções de provisão de informação e fiscalização para o restante da sociedadse. E um sistema judiciário judicioso, a fim de punir os réprobos.
DdAB
Imagem daqui.
P.S.: o dia é de celebridades no jornal: acusados de acolheramento na fraude, encontram-se os nomes de Angélica Caponi Marx, João Cristiano Pranke Marx e João Írio Marx. Não contentes com isto, os forjadores da cultura do século XX ainda mostram na p.10 o nome do toxicologista Lenine Alves de Carvalho (envolvido na notícia da exumação do corpo de João Goulart, mais um atentado ao bom senso praticado pelo clube da demagogia de salão brasileiro) e na p.16, vale a pena citar a manchete, "Freud depõe sobre acusação contra Lula". Freud, Sigmund? Não, não é espiritismo, pois Chico Xavier já está no além, mas Freud Godoy, que atuou como segurança do antecessor da presidenta Dilma. Pode?
Mais humor: quem não gosta da "presença do estado na economia" certamente estará falando de um assunto diverso do mal-estar provocado aos valores organolépticos da indústria compradora e do consumidor desta beberagem. O Planeta 23 quer porque quer substituir o governo dos homens pela administração das coisas. No caso, vê no governo ou seu substituto democrático as funções de provisão de informação e fiscalização para o restante da sociedadse. E um sistema judiciário judicioso, a fim de punir os réprobos.
DdAB
Imagem daqui.
P.S.: o dia é de celebridades no jornal: acusados de acolheramento na fraude, encontram-se os nomes de Angélica Caponi Marx, João Cristiano Pranke Marx e João Írio Marx. Não contentes com isto, os forjadores da cultura do século XX ainda mostram na p.10 o nome do toxicologista Lenine Alves de Carvalho (envolvido na notícia da exumação do corpo de João Goulart, mais um atentado ao bom senso praticado pelo clube da demagogia de salão brasileiro) e na p.16, vale a pena citar a manchete, "Freud depõe sobre acusação contra Lula". Freud, Sigmund? Não, não é espiritismo, pois Chico Xavier já está no além, mas Freud Godoy, que atuou como segurança do antecessor da presidenta Dilma. Pode?
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08 maio, 2013
O Ponto Final
Querido diário:
Pelo que pude calcular, neste blog, usei já oito vezes a expressão "ponto final", no sentido de que eu ou outros o andamos pingando. O que não conferi é se contei a história que minha memória fraca metida a forte achava que no final dos Subterrâneos da Liberdade, Jorge Amado acabava a história com um militar executando algum comunista, dando-lhe um tiro na cabeça, "como quem pinga um ponto final." Ao reler (talvez a quarta leitura) há pouco tempo O Senhor Embaixador, de Érico Veríssimo, constatei de onde viera este ponto final em seu curto e último ultimorum parágrafo:
O tenente tirou o revólver do coldre e, a cara tensa, aproximou-se do corpo ainda estrebuchante de Gabriel Heliodoro Alvarado e meteu-lhe uma bala no crânio, como quem pinga o ponto final numa história.
E agora há poucos dias, ao reler (pelo menos pela segunda vez) Caminhos Cruzados, achei dois pontos finais, além do ponto final propriamente dito. Não falarei deste, mas dos situados às p.232 e 300 (e não garanto que inexistam outros em outras páginas):
p. 232
Estão conversando ao telefone Teotônio Leitão Leiria e sua esposa, d. Dodó:
Dois beijos estralados que partem simultaneamente de cada extremidade do fio pingam o ponto final ao rápido diálogo telefônico.
p. 300
Antepenúltimo parágrafo-de-uma-única-linha, o prof. Clarimundo está encerrando a introdução imaginária a seu livro sobre o homem de Sírius, ele que acaba de comprar uma cafeteira. Olha por onde andamos:
Clarimundo pinga o ponto final com entusiasmo.
Seguem-se mais dois paragrafinhos:
Olha para a chaleira e tem um sobressalto. A água ferve, a tampa dá pulinhos, ameaçando saltar, enquanto pelo bico jorram pingos de água fervente. Clarimundo ergue-se num pincho e vai tirar a chaleira do fogo.
Quase me acontece um desastre! - pensa. E fica-se, muito alvoroçado a preparar o café.
E eu eximo-me de pingar um ponto final!
DdAB
Imagem daqui. Tem tanto restaurante "ponto final" que lembrei que no sudoeste da Inglaterra também tem seu "land's end" e dezenas de pubs dizendo-se a última chance de empinar uma cerveja antes de se cair no mar.
P.S. E, aos 29/mar/2017, 17h46min, achei na página 190 do volume 2 d'O Retrato, segunda parte d'O Tempo e o Vento, edição Companhia das Letras de 2005, mais ponto final:
Terminada a leitura, Rodrigo tornou a dobrar o papel, metendo-o no bolso com um gesto brusco que valeu como um ponto final.
abcz
Pelo que pude calcular, neste blog, usei já oito vezes a expressão "ponto final", no sentido de que eu ou outros o andamos pingando. O que não conferi é se contei a história que minha memória fraca metida a forte achava que no final dos Subterrâneos da Liberdade, Jorge Amado acabava a história com um militar executando algum comunista, dando-lhe um tiro na cabeça, "como quem pinga um ponto final." Ao reler (talvez a quarta leitura) há pouco tempo O Senhor Embaixador, de Érico Veríssimo, constatei de onde viera este ponto final em seu curto e último ultimorum parágrafo:
O tenente tirou o revólver do coldre e, a cara tensa, aproximou-se do corpo ainda estrebuchante de Gabriel Heliodoro Alvarado e meteu-lhe uma bala no crânio, como quem pinga o ponto final numa história.
E agora há poucos dias, ao reler (pelo menos pela segunda vez) Caminhos Cruzados, achei dois pontos finais, além do ponto final propriamente dito. Não falarei deste, mas dos situados às p.232 e 300 (e não garanto que inexistam outros em outras páginas):
p. 232
Estão conversando ao telefone Teotônio Leitão Leiria e sua esposa, d. Dodó:
Dois beijos estralados que partem simultaneamente de cada extremidade do fio pingam o ponto final ao rápido diálogo telefônico.
p. 300
Antepenúltimo parágrafo-de-uma-única-linha, o prof. Clarimundo está encerrando a introdução imaginária a seu livro sobre o homem de Sírius, ele que acaba de comprar uma cafeteira. Olha por onde andamos:
Clarimundo pinga o ponto final com entusiasmo.
Seguem-se mais dois paragrafinhos:
Olha para a chaleira e tem um sobressalto. A água ferve, a tampa dá pulinhos, ameaçando saltar, enquanto pelo bico jorram pingos de água fervente. Clarimundo ergue-se num pincho e vai tirar a chaleira do fogo.
Quase me acontece um desastre! - pensa. E fica-se, muito alvoroçado a preparar o café.
E eu eximo-me de pingar um ponto final!
DdAB
Imagem daqui. Tem tanto restaurante "ponto final" que lembrei que no sudoeste da Inglaterra também tem seu "land's end" e dezenas de pubs dizendo-se a última chance de empinar uma cerveja antes de se cair no mar.
P.S. E, aos 29/mar/2017, 17h46min, achei na página 190 do volume 2 d'O Retrato, segunda parte d'O Tempo e o Vento, edição Companhia das Letras de 2005, mais ponto final:
Terminada a leitura, Rodrigo tornou a dobrar o papel, metendo-o no bolso com um gesto brusco que valeu como um ponto final.
abcz
07 maio, 2013
Vida, Tamanho e Instituições
Querido diário:
Bem já conhecemos (citado aqui) minha predileção pelo livro
ASIMOV, Isaac (c.1978) O colapso do universo. São Paulo: Círculo do Livro.
Volta e meia dou uma olhada nele, pois tendo a classificá-lo entre meus livros amados: ciência para o layman e ficção para o também.
Hoje estive olhando a p.103 e vi uma anotação que eu mesmo fiz e esquecera. Diz ele:
No universo, como um todo, os objetos grandes são sempre excepcionais e menos comuns que os objetos pequenos da mesma categoria. Existem menos animais grandes que animais pequenos (compare-se o número de elefantes com o de moscas), menos rochas grandes que grãos de areia, menos planetas grandes que asteróides pequenos, etc.
E segue. Eu anotara: "a exceção humana tem a ver com as economias de escala e a concentração." Hoje fiquei pensando: concentração, concentração? que terei querido dizer com isto? Talvez uma velha interpretação que aprendi com Chris Freeman, velha, no sentido de 1977/8. Eu já escrevera minha dissertação de mestrado porto-alegrense em que estimava funções de custos de longo prazo, ou seja, investigava se havia ou não economias de escala em frigoríficos. E fiquei atiçado quando ele falou isto: a importância de sabermos se há ou não economias de escala é para entendermos se o sistema está ou não se concentrando. Economias de escala e concentração!
E que tem isto a ver com Azimov? Parece-me interessante percebermos que a vida, neste projeto que desafia a entropia, ao contrário, revertendo-a, organizando fragmentos expressivos de matéria, dando-lhes funcionalidade e complexidade, além de exibir esta concentração física (milhões de tipos diferentes de seres vivos) também permitiu a criação de outras formas de organização. Penso "nas organizações", nas instituições. Há instituições mesmo em outros animais não-humanos, mas certamente as criadas pelo homem são de pasmar. Começa pela linguagem, talvez a mais fenomenal de todas, mas não para. Falando na economia, os limites do tamanho da empresa e suas técnicas organizacionais estão longe de ver um final melancólico. Pelos indicadores convencionais, a concentração do capital segue atuante.
DdAB
Imagem aqui.
Bem já conhecemos (citado aqui) minha predileção pelo livro
ASIMOV, Isaac (c.1978) O colapso do universo. São Paulo: Círculo do Livro.
Volta e meia dou uma olhada nele, pois tendo a classificá-lo entre meus livros amados: ciência para o layman e ficção para o também.
Hoje estive olhando a p.103 e vi uma anotação que eu mesmo fiz e esquecera. Diz ele:
No universo, como um todo, os objetos grandes são sempre excepcionais e menos comuns que os objetos pequenos da mesma categoria. Existem menos animais grandes que animais pequenos (compare-se o número de elefantes com o de moscas), menos rochas grandes que grãos de areia, menos planetas grandes que asteróides pequenos, etc.
E segue. Eu anotara: "a exceção humana tem a ver com as economias de escala e a concentração." Hoje fiquei pensando: concentração, concentração? que terei querido dizer com isto? Talvez uma velha interpretação que aprendi com Chris Freeman, velha, no sentido de 1977/8. Eu já escrevera minha dissertação de mestrado porto-alegrense em que estimava funções de custos de longo prazo, ou seja, investigava se havia ou não economias de escala em frigoríficos. E fiquei atiçado quando ele falou isto: a importância de sabermos se há ou não economias de escala é para entendermos se o sistema está ou não se concentrando. Economias de escala e concentração!
E que tem isto a ver com Azimov? Parece-me interessante percebermos que a vida, neste projeto que desafia a entropia, ao contrário, revertendo-a, organizando fragmentos expressivos de matéria, dando-lhes funcionalidade e complexidade, além de exibir esta concentração física (milhões de tipos diferentes de seres vivos) também permitiu a criação de outras formas de organização. Penso "nas organizações", nas instituições. Há instituições mesmo em outros animais não-humanos, mas certamente as criadas pelo homem são de pasmar. Começa pela linguagem, talvez a mais fenomenal de todas, mas não para. Falando na economia, os limites do tamanho da empresa e suas técnicas organizacionais estão longe de ver um final melancólico. Pelos indicadores convencionais, a concentração do capital segue atuante.
DdAB
Imagem aqui.
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06 maio, 2013
Piando Fino: os juízes e as ilegalidades
Querido diário:
Hoje, lemos na p.3 de Zero Hora (Informe Especial/Tulio Milman):
DIREITO DE PERGUNTA
Enviado pelo leitor
Duilio de Avila Bêrni
Não seria mais sensato que os juízes, ao invés de descartar provas colhidas ilegalmente, punissem tanto o autor da ilegalidade original quanto o que infringiu a lei para colher a prova?
DdAB
Seguiu-se necessariamente que achei este video no YouTube que mostra perfeitamente o que acontece para quem é inocentado por presença de provas impugnadas pela justiça. É a Gal Costa naquele espantoso diálogo com uma guitarra!
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05 maio, 2013
Trabalhadores do Mundo, Uni-vos!
Querido diário:
É até engraçado que eu há muitos anos lembre da data de nascimento de Karl Henrich Marx: hoje (e há 195 anos)! Aqui temos uma prova bem velhinha. E, num senso de previsão invejável, imaginei, no dia primeiro de maio, que o dia cinco chegaria inevitavelmente (à la Humme...), escrevendo o "Workers of all countries: unite!". Por pura coincidência, que não é de meus hábitos mensais, estava lendo a revista Piauí de abril. Em sua página 10, Paula Scarpin tem artigo sobre belezas urbanas do Rio de Janeiro, fala em professores da UFRJ e estampa a frase "Trabalhadores do mundo, uni-vos!".
Fiquei pensando na tradução. Parece que aprendi sabe-se lá onde que a tradução da legenda esculpida na lápide de Marx em Highgate é mais sintética como cita Paula Scarpin. Mas não é bem português-brasileiro, que está derrubando a ênclise. E a revolução? Parece que as sucessivas assembleias do Planeta 23 têm exibido insofismável preferência pela inquietante pergunta: "Trabalhadores de todos os povos: que tal as reformas democráticas que conduzem ao socialismo?"
Happy birthday, dear Marx!
DdAB
É até engraçado que eu há muitos anos lembre da data de nascimento de Karl Henrich Marx: hoje (e há 195 anos)! Aqui temos uma prova bem velhinha. E, num senso de previsão invejável, imaginei, no dia primeiro de maio, que o dia cinco chegaria inevitavelmente (à la Humme...), escrevendo o "Workers of all countries: unite!". Por pura coincidência, que não é de meus hábitos mensais, estava lendo a revista Piauí de abril. Em sua página 10, Paula Scarpin tem artigo sobre belezas urbanas do Rio de Janeiro, fala em professores da UFRJ e estampa a frase "Trabalhadores do mundo, uni-vos!".
Fiquei pensando na tradução. Parece que aprendi sabe-se lá onde que a tradução da legenda esculpida na lápide de Marx em Highgate é mais sintética como cita Paula Scarpin. Mas não é bem português-brasileiro, que está derrubando a ênclise. E a revolução? Parece que as sucessivas assembleias do Planeta 23 têm exibido insofismável preferência pela inquietante pergunta: "Trabalhadores de todos os povos: que tal as reformas democráticas que conduzem ao socialismo?"
Happy birthday, dear Marx!
DdAB
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04 maio, 2013
A Pena de Morte não dá Boa Sorte
Pensando naquela questão da redução da maioridade penal, vim a defrontar-me com o fantasma da ameaça da adoção de pena de morte por quem quer que seja. Obviamente, não falo de indivíduos, mas de estados/governos e cidadãos. Que ganharia o Brasil reduzindo a maioridade penal para 16 anos? Por que não reduzir para 14, 12, 10, e um aninho de idade? Se o guri já nasce com instintos assassinos, por que retirá-lo da materniadade?
No outro dia, ouvi um menino de rua filosofar para um colega:
o assassino pode abdicar de todos os valores humanos, praticando os crimes mais hediondos, mas há uma coisa que ele não pode abdicar, que é sua condição humana e, como tal, não há juiz no mundo com suficiente decência para condenar outro ser humano à destruição.
Fiquei pensativo.Em seguida, tocou em meu rádio do carro a canção "Still crazy after all these years". Nâo podemos esquecer: "I wont be convicted by by a jury of my peers". Ademais, já falei em passado não muito recente que a lei dos grandes números, a distribuição normal dos "erros judiciários", levam a que, a cada um milhão de execuções, haverá uma razoável probabilidade de que um indivíduo inocente terá sido declarado culpado. O argumento estatístico torna-se particularmente importante se este individuozinho isolado for eu myself mesmo.
DdAB
P.S.: Still crazy after all these years
(letra do folder do CD "The concert in Central Park").
I met my old lover
On the street last night
She seemed so glad to see me
I just smiled
And we talked about some old times
And we drank ourselves some beers
Still crazy after all these years
Oh, still crazy after all these years
I'm not the kind of man
Who tends to socialize
I seem to lean on
Old familiar ways
And I ain't no fool for love songs
That whisper in my ears
Still crazy after all these years
Still crazy after all these years
Four in the morning
Tapped out
Yawning
Longing my life a--way
I'll never worry
Why should i?
It's all gonna fade
Now I sit by my window
And I watch the cars roll by
I fear I'll do some damage
One fine day
But I would not be convicted
By a jury of my peers
Still crazy after all these years
P.S.S.: marcador economia política significa: o preço baixo do crime é a impunidade.
P.S.S.S.: a mãe do menino de rua, que decidira levá-lo à Disneilândia (a fim de comemorar o nascimento de Karl Marx em 05.05.18_18) enviou nota ao Planeta 23:
Caros:
A frase é: "O pior assassino terá abdicado de todos os valores humanos que pôde. O que ele não pôde abdicar foi de sua condição humana." O estafeta apenas murmurou: "Homo sum. Humani nihil a me alienum puto." Sou humano, nada do que é humano me é estranho. Este era o motto de Karl Marx. (P.S.S.S. aditado às 9h47min de 05.05.2013).
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03 maio, 2013
O Pós-Infinito
Querido diário:
No outro dia, estava lendo o livro
AZIMOV, Isaac (c.1977) O colapso do universo. São Paulo: Círculo do Livro
que já citei aqui e dei-me conta de que o infinito é relativo e muitos poderiam usar sua negação para explorar os demais.
O que quero dizer é que acredito piamente que todos seremos reconstruídos. Aquele átomo original de que nos falou o filósofo Anaximandro (aqui) gerou um número facilmente calculável de outros. E todos poderemos ser reconstruídos em diferentes momentos de nossas existências. Se uma civilização antropomórfica deste próprio universo ou de algum Outro descobrir traços extintos de vida inteligente no Planeta 24 (terceiro planeta de Sol), é certo que eles farão todas as combinações possíveis de arranjos atômicos, de sorte que todos seremos reconstruídos (ressurreição?, muito mais complexo do que isto!) em todos os momentos de nossa existência. E o princípio da tunelagem fará com que uma delas cole e delas sigamos para o pós-infinito!
DdAB
P.S.: como chegar ao pós-infinito está explicadinho bem aqui.
P.S.S.: a imagem veio daqui. No outro dia, nem falei que essas naves serão todinhas feitas com Lego.
No outro dia, estava lendo o livro
AZIMOV, Isaac (c.1977) O colapso do universo. São Paulo: Círculo do Livro
que já citei aqui e dei-me conta de que o infinito é relativo e muitos poderiam usar sua negação para explorar os demais.
O que quero dizer é que acredito piamente que todos seremos reconstruídos. Aquele átomo original de que nos falou o filósofo Anaximandro (aqui) gerou um número facilmente calculável de outros. E todos poderemos ser reconstruídos em diferentes momentos de nossas existências. Se uma civilização antropomórfica deste próprio universo ou de algum Outro descobrir traços extintos de vida inteligente no Planeta 24 (terceiro planeta de Sol), é certo que eles farão todas as combinações possíveis de arranjos atômicos, de sorte que todos seremos reconstruídos (ressurreição?, muito mais complexo do que isto!) em todos os momentos de nossa existência. E o princípio da tunelagem fará com que uma delas cole e delas sigamos para o pós-infinito!
DdAB
P.S.: como chegar ao pós-infinito está explicadinho bem aqui.
P.S.S.: a imagem veio daqui. No outro dia, nem falei que essas naves serão todinhas feitas com Lego.
01 maio, 2013
Inflação e Desemprego
Querido diário:
Enquanto modesta homenagem à classe trabalhadora mundial, faço as reflexões que seguem. Daqui a quatro dias, celebrar-se-á a data de nascimento de Karl Marx (05/05/1818). Não custa evocar que foi ele mesmo que disse:
Com a ameaça de perder o controle da inflação, o Banco Central do Brasil, como sabemos, elevou a taxa de juros em seu programa de metas de inflação há alguns dias. Eu vira gente expressando a necessidade de reduzir o emprego, a fim de fazer a inflação cair. Na hora, achei que seria alguma piada de mau gosto, baseada no modelo conhecido como curva de Phillips: quanto maior o desemprego, menor será a inflação. Depois do artigo que observou esta regularidade, muita teoria surgiu a respeito. E uma coisa absolutamente não certa é afirmar que basta elevar o desemprego (como?, gastando menos?), o que fará os preços cair.
Eu bem disse pensar que este tipo de raciocínio é simplório. Sem falar que, se fosse verdadeiro, poderíamos pensar em reduzir o emprego (elevar o desemprego) elevando o salário mínimo. De quebra esta medida teria como consequência a indução da elevação da produtividade do trabalho. Como todos sabemos, quanto maior a produtividade do trabalho, menores serão os preços, o que significa, no caso, combate direto à inflação.
Às vezes, digo cada coisa que temo ser confundido com um neo-liberal, como já me acusaram o prof. Vanderlei Amboni (aqui e 'resposta' aqui) e milhares de outros. No presente caso, mesmo aquela esquerda que considero fora do baralho (ou melhor, que atrasa as reformas democráticas que poderiam conduzir ao socialismo) haveria de concordar com o que falo, apenas na parte de que é sempre desejável elevar o salário mínimo. O que eles não têm claro é que, com a maior das probabilidades, elevar o salário mínimo -quase sempre- implicará reduções do emprego: lei da oferta e procura.
Mas o que a esquerda igualitarista diz é que quanto menos trabalho, melhor: deixe os homens jogar cartas e as máquinas trabalhar. Ocorre que aí é necessária a transformação das instituições de sorte a permitir que os jogadores de cartas fiquem com parte do valor adicionado na sociedade que eles ajudam a moldar.
DdAB
P.S.: neste 1st de maio de 2013, deixo como desafio a atribuição da autoria do quadro que nos encima. Dou duas dicas: não é Cézanne nem Botero. Picasso, Rubens, Turner? Chi lo sa?
Enquanto modesta homenagem à classe trabalhadora mundial, faço as reflexões que seguem. Daqui a quatro dias, celebrar-se-á a data de nascimento de Karl Marx (05/05/1818). Não custa evocar que foi ele mesmo que disse:
Trabalhadores de todos os países, uni-vos.
Com a ameaça de perder o controle da inflação, o Banco Central do Brasil, como sabemos, elevou a taxa de juros em seu programa de metas de inflação há alguns dias. Eu vira gente expressando a necessidade de reduzir o emprego, a fim de fazer a inflação cair. Na hora, achei que seria alguma piada de mau gosto, baseada no modelo conhecido como curva de Phillips: quanto maior o desemprego, menor será a inflação. Depois do artigo que observou esta regularidade, muita teoria surgiu a respeito. E uma coisa absolutamente não certa é afirmar que basta elevar o desemprego (como?, gastando menos?), o que fará os preços cair.
Eu bem disse pensar que este tipo de raciocínio é simplório. Sem falar que, se fosse verdadeiro, poderíamos pensar em reduzir o emprego (elevar o desemprego) elevando o salário mínimo. De quebra esta medida teria como consequência a indução da elevação da produtividade do trabalho. Como todos sabemos, quanto maior a produtividade do trabalho, menores serão os preços, o que significa, no caso, combate direto à inflação.
Às vezes, digo cada coisa que temo ser confundido com um neo-liberal, como já me acusaram o prof. Vanderlei Amboni (aqui e 'resposta' aqui) e milhares de outros. No presente caso, mesmo aquela esquerda que considero fora do baralho (ou melhor, que atrasa as reformas democráticas que poderiam conduzir ao socialismo) haveria de concordar com o que falo, apenas na parte de que é sempre desejável elevar o salário mínimo. O que eles não têm claro é que, com a maior das probabilidades, elevar o salário mínimo -quase sempre- implicará reduções do emprego: lei da oferta e procura.
Mas o que a esquerda igualitarista diz é que quanto menos trabalho, melhor: deixe os homens jogar cartas e as máquinas trabalhar. Ocorre que aí é necessária a transformação das instituições de sorte a permitir que os jogadores de cartas fiquem com parte do valor adicionado na sociedade que eles ajudam a moldar.
DdAB
P.S.: neste 1st de maio de 2013, deixo como desafio a atribuição da autoria do quadro que nos encima. Dou duas dicas: não é Cézanne nem Botero. Picasso, Rubens, Turner? Chi lo sa?
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