21 junho, 2012

Maconha no Uruguay

Querido Blog:
Desde que a -por aqui- sociedade uruguaya pôde voltar a ser escrita com 'y' por causa das novas leis ortográficas brasileiras, é certo que houve muita evolução. Lá, por certo, eis que aqui tudo é duvidoso. Eles, uruguayos, seguiram grafando-se como sempre escreveram e viveram felizes, com drágeas de infelicidade.

Uma chamada de capa na Zero Hora de hoje

Polêmica
Governo do Uruguai [o jornal grafa com 'i' e não com 'y'] quer vender maconha
Na tentativa de reduzir a violência, projeto legaliza a compra de 40 cigarrros ao mês, por usuário cadastrado.

E segue-se-lhe uma reportagem ocupando toda a página 30. Ao lê-la, retem-se algum entusiasmo com a solução de problemas sociais com a ajuda do governo, mas há outros pontos para a desolação. No primeiro caso, se o cidadão (logo, não poderíamos falar em crianças, criminosos e loucos de cara) se cadastrar, ele terá direito a uma cesta de 40 baseados por mês. No segundo, parece que se coloca na moda a internação compulsória dos viciados em cocaína, crack e milhares de outras drogas, algumas de uso meramente recreativo e outras perniciosas.

O fim da ilegalidade é sinônimo de afastamento dos criminosos do tráfico, o fim das guerras de gangues e o fim da corrupção da juventude já viciada. Mas a regulamentação é fundamental e os controels são todos fundamentais.


Parece óbvio que haverá duas encrencas para o Brasil:
.a. a importação ilegal vai crescer
.b. o "efeito demonstração" fará com que os grupos sociais interessados na legalização das drogas recebam alentado ímpeto.

Em minha maneira de ver, não há problemas:
.a. o governo é tão corrupto que pode malversar completamente todos os contornos da legalização e, particularmente, da produção
.b. podemos contratar a empresa júnior de uma faculdade de agronomia suíça e, com ela, produzir a mardita, encaminhando os resultados (enrolados) à Anvisa, ou algo assim.

Em outras palavras, minha visão a respeito do assunto é que o primeiro corte é entre drogas recreativas e drogas perniciosas. As primeiras deveriam ter produção privada controlada pelo estado. As segundas também, com a diferença de que as primeiras podem ter a comercialização liberada às -digamos- farmácias. As drogas perniciosas devem ter oferta gratuita.

Forçar uma garota de 12 anos assassinar uma velhinha de 89 para roubar R$10 para comprara crack é mesmo querer jogar a sociedade nas mãos dos piores vilões (talvez apenas igualáveis aos políticos contemporâneos) que se pode imaginar. A velhinha teria vivido mais sem o assassinato. E a garota não precisaria sujar as mãos, já que poderia sujar os pulmões de outra maneira. Seria encaminhada a enfermeiros e não a traficantes/criminosos.

A grande tristeza do Brasil é não apenas a ladroagem na política, mas o falso moralismo que grassa entre milhares de políticos, assessores e outros indivíduos: recusar-se a aceitar o conceito de droga recreativa é abrir as comportas para o consumo clandestino, com ele, preços espetaculares e com eles a violência e a bandidagem. Tenho dito que a lei da oferta e procura é mais insinuante do que a lei da gravidade. Tentar revogá-la de modo idiota só poderia ter dado no que deu: a destruição da sociedade brasileira. Sobraram restolhos, que talvez agora possam ser recuperados pelos homens e mulheres de boa vontade.
DdAB
P.S.: respeitar a grafia do país alheio é interessante, como o fizeram os ingleses e americanos, chamando o Brazil de Brazil mesmo, pois assim estava na primeira constituição da república. E Brasília com 's' mesmo, eis que -para eles- amarra-se o burro à vontade do dono. E os donos foram os gramáticos da era getulista, que incineraram milhares de livros e dicionários. Mas não nos vimos livres dos gramáticos: em minha existênica já houve mais dois incêndios radicais. Tem gente que não sabe que Brasil é Brazil.
P.S.S.: parece que a imagem daqui é uma mistura do presidente uruguayo com Bob Marley.
P.S.S.S.: será coincidência que as cores que circundam a efígie são as da bandeira do Rio Grande do Sul?

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